Feira de Santana

Programa Arte de Viver oferece balé para meninas com transtorno do espectro autista

Inicialmente, o núcleo experimental terá dez alunas.

Acorda Cidade

Meninas, de três a 15 anos, com transtorno do espectro autista matriculadas no Programa Arte de Viver formarão uma das primeiras turmas de estudantes de balé que se tem notícia em toda Bahia. O projeto será oficialmente apresentado à comunidade nesta quarta-feira (27) no Centro de Cultura Maestro Miro.

A decisão da Fundação Cultural Egberto Costa, que oferece as oficinas realizadas no CCMM, tem como meta, entre outros fins, a socialização destas crianças, bem como viabilizar os seus desenvolvimentos e que elas busquem um percurso de vida considerado normal pela ciência.

Inicialmente, o núcleo experimental terá dez alunas. Mas os planos são de expansão da quantidade, à medida em que os resultados das novas metodologias focadas nos autistas forem analisados. “Será uma colorida colcha de retalhos que será costurada aos poucos”, diz o experiente professor de balé, Adauto Silva.

Ele analisa que o projeto será desafiante, mesmo já trabalhado com crianças portadoras de síndrome de Down. “E o primeiro deles será a construção do vínculo com elas”. Ele destaca que não será uma turma inclusivista, visto que é uma turma exclusiva para este público. A superação vai estar presente no tablado em todas as aulas.

“E com suas metodologias específicas para estas crianças”, diz o professor. E complementa que uma equipe multissetorial vai atuar conjuntamente – nutricionista, terapeuta ocupacional, fonoaudióloga, assistente social, psicopedagoga e educador físico, mais musicoterapeuta, que vai elaborar músicas para mantê-las calmas.

Adauto Silva disse que há algum tempo vem trabalhando no material pedagógico que será aplicado nas oficinas, com aulas temas. A primeira vai acontecer depois do carnaval, revelou, será “Pombinha branca”. “Estamos estudando muito para saber como manter as crianças focadas nas aulas”.

A presidente do Instituto Família Azul, Cíntia de Souza, outro desafio para o professor é que em meninas, o transtorno de espectro autista é mais severo do que em meninos, daí elas involuntariamente se movimentam se comparada a meninos. “Mas esta é uma iniciativa das mais elogiáveis. O professor e a Fundação Cultural estão de parabéns, porque esta pode ser uma janela para a independência delas e para melhorar a qualidade de vidas”.

Para a fonoaudióloga Daniela Pinheiro, dança e música farão diferenças nas vidas das crianças que participarão das oficinas. “A dança vai socializa-las e contribuir positivamente para seus desenvolvimentos”.

Um grupo de 30 mães de autistas também se inscreveu em oficinas de dança. Para a professora Maristela Lima Matos, além de estarem trabalhando a autoestima. “Aqui estamos realizando alguns sonhos de infância e adolescência”.

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