Andrea Trindade
Suspensa por dois anos, por conta das restrições de combate a pandemia de covid-19, a Procissão do Fogaréu voltou a ser realizada em Feira de Santana na noite desta Quinta-feira Santa (14). O cortejo saiu da Capela Nossa Senhora da Piedade, localizada no estacionamento do Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA), e seguiu pelas ruas do centro da cidade em direção à catedral de Sant'Ana (Igreja Matriz). Durante o trajeto houve duas paradas tradicionais, uma em frente à igreja Senhor dos Passo, onde estava sendo realizada uma missa, e a outra em frente à Igreja Nossa Senhora dos Remédios.
A Procissão do Fogaréu relembra os últimos momentos de Jesus antes de ser perseguido pelos soldados romanos, preso e crucificado. Em entrevista ao Acorda Cidade, o arcebispo Metropolitano Dom Zanoni de Castro destaca que é também um momento de reflexão sobre a salvação e libertação dos cristãos.
“Começamos a Semana Santa com o Domingo de Ramos, quando a igreja faz a celebração da entrada de Jesus em Jerusalém. É um pedido de socorro também em um momento de sofrimento durante o domínio do Império Romano, ''Senhor Salvai-nos''. A Procissão do Fogaréu faz a memória da condenação de Jesus, do movimento de prendê-lo, na presença dos sacerdotes, dos soldados, do povo, é um momento intenso de condenação, de julgamento e de juízo de Jesus. Humanamente falando, o fim é a cruz, aquilo que era sinal de escândalo, malditos eram o que eram suspensos ali, mas tornou-se com Jesus, causa de salvação e libertação. A salvação cristã passa pela cruz, pela libertação”, explicou Dom Zanoni ao Acorda Cidade.
Antes da pandemia, a última vez que a procissão ocorreu em Feira de Santana foi em 2019, quando completava 159 anos de celebração no município. No passado, somente homens participavam. Posteriormente as mulheres passaram a acompanhar o cortejo.
A professora Fabiana Azada participou neste ano pela primeira vez. Ela estava acompanhada pelo esposo e filho.
“A Procissão do Fogaréu significa pra mim uma preparação para a Sexta-Feira da Paixão, que é o momento importante em que a gente relembra o sofrimento de Jesus morrendo pra nos salvar. Agora é momento de agradecer por estarmos retornando aos pouquinhos ao novo normal, após dois anos Agradecer a Deus por estarmos vivos e por poder celebrar. Muitas pessoas infelizmente se foram, não tiveram essa oportunidade, mas vamos orar também pelas pessoas que ficaram. É um momento de muita reflexão, há muitas coisas para agradecer, para pedir, pra relembrar, pra meditar", declarou a professora ao Acorda Cidade.
Diferente da professora Fabiana, o aposentado José Ferreira Lima é um veterano na procissão. Já participou várias vezes e disse que o evento o faz lembrar de seu pai, que o levava para acompanhar o cortejo em Serrinha, município onde a procissão atrai milhares de pessoas.
“Desde Serrinha, meu pai era uma das pessoas que frequentavam, e eu continuo aqui com a tradição dele de participar da Procissão do Fogaréu. É uma tradição que eu não abro mão, até meu filho me acompanha”, recordou.
O vigilante Aldinei Castro também foi pela primeira vez.
Celebração antes da procissão | Foto: Ney Silva Acorda / Cidade
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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