Gabriel Gonçalves
No último domingo (28), a Arquidiocese de Feira de Santana criou mais uma paróquia para a população feirense, desta vez na Comunidade Quilombola Matinha dos Pretos, distrito da Matinha.
Ao total, toda a Arquidiocese dispõe de 46 paróquias distribuídas, tanto em Feira de Santana, quanto nas cidades circunvizinhas.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o Arcebispo Metropolitano Dom Zanoni Demettino Castro destacou que a missão da igreja é evangelizar e anunciar a palavra e o nome de Jesus. Desta forma, foi decidido a criação de mais uma paróquia no distrito da Marinha, podendo atender até 13 comunidades.
"A igreja particular de Feira de Santana, que não é apenas aqui, mas incluindo toda uma região, a exemplo de Antônio Cardoso, São Gonçalo dos Campos, Coração de Maria, Santa Bárbara, abrange o total de 46 paróquias. A missão da igreja é poder evangelizar, cuidar, anunciar a palavra, o nome, a pessoa de Jesus, ter presente a realidade concreta da vida das pessoas. A maioria absoluta no nosso povo de Feira é de afrodescendentes, e nós temos comunidades reconhecidas como remanescentes de quilombos, uma região bastante povoada que é a região da Matinha, chamada de Matinha dos Pretos, que foi organizada, articulada para ser a sede da nova paróquia, a Paróquia de São Roque, reunindo 13 comunidades", disse.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Para o Arcebispo, a comunidade da Matinha representa uma característica com resistência às lutas, sobrevivência e empenho da construção de uma comunidade fraterna.
"Cada lugar possui uma consciência, uma realidade, quem é, qual a origem, e lá aquelas comunidades, possuem um perfil bastante característico, uma comunidade de resistência, de luta, da sobrevivência, do emprenho da construção de uma sociedade fraterna e justa, mas uma comunidade tradicional católica que tem a sua caminhada, as suas pastorais, a sua devoção. Por isso que São Roque marca profundamente este momento, essa região que foi povoada de pessoas que fugiram naquele tempo da escravidão, das fazendas em que os homens e mulheres negros eram escravos", afirmou.
De acordo com o Arcebispo Dom Zanoni, a igreja precisa estar onde o povo está, e citou a construção de novas paróquias em Feira de Santana.
"É importante que a igreja possa estar onde o povo está, e o povo negro afrodescendente não é apenas um objeto da ação evangelizadora, mas são protagonistas, não só na evangelização, mas na construção de um mundo de paz. A criação de novas paróquias neste ano não está sendo feita apenas na Matinha, mas temos uma paróquia no SIM, na Gabriela, criamos a paróquia do Retiro, em Coração de Maria, criamos há dois anos a paróquia Tiquaruçu, estamos dando o protagonismo também aos diáconos permanentes que estão à frente de muitas comunidades, pois estamos completando 60 anos da igreja e com ele precisamos de respostas novas, são situações que nos desafiam", destacou.
Sobre a sede da nova paróquia, o Arcebispo explicou que seria necessário a construção de um espaço que fosse três vezes maior que o atual espaço, até mesmo, maior do que a Catedral, para que possa atender a todos os fieis.
"A igreja não é um prédio, é um templo, um espaço que vai atender até 13 comunidades, inclusive a comunidade São Roque. No último domingo não deu para todos estarem presentes na área interna, seria preciso construir uma igreja três vezes maior do que a Catedral, mas que o Senhor nos conceda a graça de acreditar, nós que somos católicos, não sozinhos, mas em diálogos, parcerias com outras igrejas, regiões, movimentos sociais, plasmar uma nova realidade que vem de Deus, mas exige de nós a participação, por isso que nós cantamos, vem Senhor, vem salvar o teu povo", concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade