Diante das queixas e solicitações feitas na Câmara Municipal nesta semana de que taxistas de Feira de Santana estariam enfrentando dificuldades para realizar vistorias em seus veículos, além da dificuldade para se conseguir novos carros, o Acorda Cidade ouviu o presidente do Sindicato que representa a categoria, o Sincaver, Liomar Ferreira, para esclarecer sobre as informações proferidas na Casa da Cidadania, mediante os desafios de taxistas no município.
À princípio, Liomar falou sobre a realização de vistorias para os taxistas. Segundo o presidente, a inspeção de veículos para a categoria sempre foi realizada de forma igualitária todos os anos.
Além de enfatizar que a documentação da vistoria atualmente pode ser feita online, facilitando a logística para a categoria, Liomar explicou que a associação mencionada na Câmara não faz parte do seu conhecimento.
“O que me impressiona é alguém ir na tribuna que é um instrumento importante para servir a população e vai e faz uma fala que parece que esse camarada está em um outro planeta. Primeiro ele fala da existência de uma vistoria que tem muitos itens e ninguém deixou de cumprir a vistoria em razão das exigências. Mas a exigência dessa vistoria é a mesma de 30 anos atrás, não mudou nada, mas eu até poderia dizer que mudou, antes a documentação exigida era feita de forma física e agora na última vistoria o documento foi online. E o camarada aparece dizendo que é presidente de uma associação, eu fiquei até surpreso porque eu desconhecia essa associação e ele faz uma fala se referindo a crise, como se só ele soubesse da existência da crise”, disse.
Ainda conforme Liomar Ferreira, as vistorias tem o objetivo de garantir conforto e segurança ao taxista, como também ao passageiro. Sobre a criação de uma nova associação que representa a categoria no município, Liomar pontuou que a divisão de associações pode trazer prejuízos aos associados.
“Eu imagino que esse cidadão, que eu não o conheço, ele deve estar a serviço de alguém que não é taxista, porque taxista, pelo o que me prova, nem gosta da ideia de ter representação. Sei que tem uma parcela de pessoas que acha que não precisa ser associado, então se surgiu mais uma entidade, vai sofrer muito para continuar, se é que ela existe de forma oficial, mas me impressionou muito onde ele coloca essa fala de preocupação não só com a crise, como com a questão de vistoria que é realizada no Brasil todo. A vistoria é uma garantia para o cliente de que o veículo oferece condições de conforto, qualidade, limpeza e segurança em relação a mecânica de cada um dos veículos”, relatou.
Ao ser questionado se a profissão de taxista tende a ser extinta diante da implantação dos aplicativos de transporte, o presidente do Sincaver ainda comentou que é notória a crise em táxis em todo o Brasil, mas que muitos taxistas não enfrentam tantas dificuldades no faturamento porque possuem outras fontes de renda.
“Em verdade, os taxistas não só de Feira de Santana mas no Brasil como um todo, desde a chegada dos aplicativos vivem uma crise na demanda, no uso do táxi como meio de transporte individual. Evidentemente que não há uma questão que venha a atingir a todos, mas uma parcela daqueles estão sentido. As pessoas de fora não compreendem, mas a categoria não é composta de quem tem só como única fonte de renda o táxi. Temos taxistas que são militares, servidores aposentados, enfim, pessoas que em parte não dependem da receita do táxi para sobreviver. Então, ele poderia ter um veículo particular e ele escolheu ter um táxi, que serve às duas condições, aos afazeres na vida particular e quando ele dispõe de um tempo ele vai fazer o transporte como taxista, a mesma coisa que acontece com aqueles que fazem transporte por aplicativo”.
Liomar Ferreira concluiu ainda dizendo que em Feira de Santana cerca de 1.350 taxistas atuam exclusivamente na profissão. Ele também reforçou que diante do aumento dos transportes por aplicativo, a categoria já tem sentido um impacto na redução de clientela.
“Uma parcela grandiosa faz isso nas horas vagas, mas todos têm um veículo que utilizam na vida pessoal e vai fazer um bico, isso não é um processo localizado, é um processo nacional. A maioria dos que estão ainda dependem da praça, temos uma frota em Feira composta por 1.350 táxis, Salvador que tem 7.300, o que existe também é que nesse momento você deve ter um veículo para cada usuário que depende do transporte individual, porque se você somar a quantidade de táxis com a quantidade de transporte por aplicativo, é muita gente fazendo a mesma coisa, então vai chegar um dia que vai ficar pior porque não há limites de cadastros por aplicativos”, finalizou.
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Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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