Covid-19

Presidente da Associação Comercial de Feira estima que número de demissões já chega a 10 mil

Esse número, segundo ele, integra os setores de serviços e comércio.

Daniela Cardoso

Atualizada às 16h

Após um mês de reabertura do comércio de Feira de Santana, as lojas voltaram a ser fechadas a partir desta quinta-feira (21) por força de um decreto municipal assinado pelo prefeito Colbert Martins da Silva Filho na última segunda-feira (18) para desacelerar o aumento de casos de covid-19 na cidade. O presidente da Associação Comercial de Feira de Santana, Marcelo Alexandrino, em entrevista ao Acorda Cidade na manhã de hoje, comentou sobre a decisão que, segundo ele, foi inesperada.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Nos pegou de surpresa, pois víamos de uma resposta do prefeito, que ao nosso entender foi extremamente elaborada, à crítica feita pelo secretário de saúde do estado, Fábio Vilas Boas, em relação a reabertura do comércio. Ele achou que foi prematura e que os números de Feira tinham crescido em função disso. O prefeito defendeu de forma correta, dizendo que o comércio não tinha sido o principal fator desse crescimento e sim as aglomerações na Caixa e lotéricas por causa do auxílio emergencial. Dois dias depois dessa resposta, ele decidiu fechar o comércio novamente, então não entendemos isso”, afirmou.

Alexandrino disse ainda que representantes estavam tendo uma discussão com o prefeito, sobre a possibilidade da reabertura de bares, restaurantes e shoppings. Mas, ele considera que a decisão de fechar o comércio novamente foi um retrocesso dessas negociações.

“Nós não concordamos. Tivemos uma reunião com ele para expor nosso ponto de vista, entendemos que o comércio não tem gerado aglomerações, tem seguido as regras impostas. O comércio é realmente ciente do seu papel e tem cumprindo com ele, precisamos preservar os empregos”, defendeu.

O presidente da Associação Comercial falou ainda sobre o movimento durante os últimos dias de abertura do comércio. Segundo ele, deu pra recuperar um pouco do fôlego e deu esperança a população, ao pequeno comerciante e aos funcionários, dando possibilidade do pagamento de contas e ajudando a economia a girar.

“O movimento não é o normal que temos. Os comerciantes falam que chegava a no máximo 50% do normal. Mas a gente entende que o comércio pode continuar aberto, precisamos da atividade econômica na cidade. A paralisação por um período muito longo já gerou muito desemprego e isso pode agravar ainda mais a grande crise que mergulhamos e infelizmente essas crises tem permanecido entre nós desde 2014. Quando a gente vislumbrava começar a recuperação, agora em 2020, veio essa pandemia”.

Mais uma vez defendendo que o aumento no número de casos confirmados do coronavírus em Feira não tem a ver com a reabertura do comércio, Marcelo Alexandrino disse que como se trata de uma pandemia, os números de infectados vão realmente crescer.

“Quando confirmou 25 casos aqui na cidade foi fruto também do acúmulo de resultados que saiu, tanto é que na Bahia deu um pulo de 2 mil casos em um dia só. Os números estão altos para o padrão de Feira de Santana, que é um dos melhores do Brasil, mas o mais importante é que temos poucos pacientes internados na cidade e também temos poucas mortes”, comentou.

Lojas fechadas e desemprego

Marcelo Alexandrino informou que existe uma estimativa que já tem em Feira de Santana, do setor de serviço e comércio, aproximadamente 10 mil pessoas que perderam seus empregos. Ele afirma que essa é uma situação muito preocupante, especialmente para os pequenos e médios empresários, que conforme afirmou, chega a cerca de 95% dos empresários feirenses e são os mais penalizados.

Além disso, Alexandrino falou sobre o grande número de lojas que estão encerrando as atividades e não vão reabrir. Ele diz que somente no Boulevard Shopping existem comentários que em média 50 lojas não vão retomar as atividades.

“Precisamos ter o equilíbrio. O problema do coronavírus é grave e temos que ter cuidado, temos que combater. Mas só vamos ficar tranquilos quando chegar a vacina e isso pode durar um ano, mas não podemos ficar um ano com o comércio fechado. Temos que enfrentar o vírus, tomando todos os cuidados e aprendendo a conviver com essa grave ameaça”, declarou.

Pontos debatidos na reunião com o prefeito

Entre os pontos debatidos na reunião com Colbert Martins, além da defesa de que o comércio deve se manter aberto, os representantes pediram que os anúncios de decreto sem feitos com antecipação para que os comerciantes e funcionários tenham tempo de se preparar.

Além disso, foi colocada a questão do planejamento dos recursos humanos, que de acordo com Alexandrino, está complicado. Ele detalhou que muitas empresas colocaram os empregados em suspensão de contrato, de acordo com a medida provisória 936, quando o comércio reabriu trouxeram os funcionários de volta e agora não sabem como resolver a questão dos dias trabalhados.

“Estamos numa previsão de 10 dias pra ficar com o comércio fechado. Vamos ter que pagar o salário do funcionário sem nenhum tipo de receita? essa é nossa preocupação”, afirmou, acrescentando que o prefeito ouviu todos os posicionamentos e que a reunião foi positiva.

“Ele nos recebeu bem e ficou de fazer algumas análises. O prefeito é um democrata, ele está sempre aberto para nos ouvir, ouvir todos os lados, proteger a saúde da população, que é o principal objetivo, mas a saúde também significa a saúde da economia da cidade, então acredito que o prefeito pode fazer reconsiderações, pois precisamos estar abertos”, afirmou.

O presidente da Associação Comercial ainda fez um apelo à população. Ele pediu que as pessoas reflitam sobre o atual momento que estamos vivendo e que só saiam pra rua para resolver questões importantes, evitando saídas desnecessárias e aglomerações.

“Tem muitas pessoas nas ruas, nos bairros e as pessoas precisam tomar consciência. Quem puder, fica em casa, e quando precisar sair, ir com o objetivo do que precisa fazer e retornar, não vamos nos expor, não vamos para aglomerações, pois esse não é momento. Temos que viver uma vida normal, mas com restrições. O comércio deve continuar aberto, pois mesmo com o movimento aquém do que seria o normal, precisamos desse oxigênio para tentar equilibrar. O comerciante não está querendo lucro, o pequeno comerciante precisa sobreviver, manter os empregos. A gente já fala em respirar até o final deste ano para falar em recuperação a partir de 2021, torcendo para que a vacina seja logo descoberta e disseminada mundo a fora”, finalizou.

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