Rachel Pinto
A empresária Lilian de Paula, proprietária da academia Cia da Malhação, que funcionava há 20 anos no Feira Tênis Clube (FTC) em Feira de Santana, relatou que a prefeitura está demolindo a estrutura do local sem ter feito nenhum tipo de comunicação com antecedência. Ela procurou a reportagem do Acorda Cidade e reiterou que em virtude da desapropriação do FTC, aguarda o acordo indenizatório com a prefeitura, mas nada foi feito. Com o decreto de fechamento de academias para prevenir a proliferação do coronavírus, no dia 16 de março, o estabelecimento ficou fechado e a proprietária ao visitar o local para verificação dos equipamentos, foi surpreendida com a obra.
“Nós funcionávamos no FTC há mais de 20 anos. Lá desenvolvíamos serviços de natação, hidroginástica, musculação, funcional, reabilitação e tínhamos também um serviço social com tratamento gratuito para pessoas com deficiência física ou mental que não tinham condições de pagar a mensalidade. Arrendamos o espaço em meados de 2000 e esse espaço era o parque aquático, salão de jogos, recepção e que pagávamos um aluguel mensal. Primeiramente começamos a pagar à presidência do clube, depois ao interventor do clube e depois passamos a pagar a União Federal. Com o leilão de 2010, em 2013, começamos a pagar aos arrematantes, em 2019, houve um decreto municipal que desapropriava o Feira Tênis Clube. Apesar do prefeito ter conhecimento da existência de uma empresa em pleno funcionamento, há 20 anos no local, nenhum contato foi feito conosco, nós aguardamos e como não houve contato, no início de outubro de 2019 nós procuramos o prefeito, conversamos com o ele sobre a existência da academia, sobre o fato da academia está funcionando há 20 anos. Ele reconheceu a existência da academia e pediu que enviássemos a procuradoria do município um documento para que houvesse um entendimento e um acordo indenizatório pelos 20 anos de funcionamento. Para que a academia pudesse se restabelecer em outro local e pudesse dar continuidade a suas atividades. Isso foi feito. Mas, após o decreto de fechamento ocasionado pela pandemia, houve a surpresa de uma empresa de demolição que estava isolando a área”, afirmou.
Academia estava em pleno funcionamento e suspendeu o atendimento por conta da pandemia de covid-19
Lilian declarou que não esperava essa atitude por parte da prefeitura e considerou a ação como arbitrária. Ela disse que não questiona o projeto, mas quer que a justiça seja feita e que seja repassado para a sua empresa o fundo de comércio.
“Não temos nada contra o projeto e o que nós estamos questionando são os meios que estão sendo utilizados para fazer esse projeto. A gente e só que se cumpra a justiça. A justiça prevê o fundo de comércio para a empresa que está o local durante tanto tempo e que tem um serviço social, de prestação ao público e que é desapropriado. Então a justiça prevê que esse locatário seja indenizado pela desapropriação do imóvel pelo poder público. Queremos justiça, e que isso seja feito, é o mínimo que nós esperamos da prefeitura de Feira de Santana”, frisou.
O secretário municipal de Planejamento, Carlos Brito, informou que a foi dada pela justiça à prefeitura, uma emissão de posse que permitiu que a academia continuasse lá por mais alguns meses e disse que avisou à proprietária da academia sobre o início das obras.
“Eu me comprometi a, quando faltassem 30 dias para início da obra, informá-la e assim fiz. Estive pessoalmente com o marido dela e informei. Ela sabia que ia ser desapropriado e não tomou nenhuma providência. Se ela se sente prejudicada, cabe acionar os meios legais para requerer o que ela acredita ter direito.
No local está sendo construído um complexo educacional, onde também funcionará a sede da Secretaria de Educação. Carlos Brito disse uma lanchonete e um bar foram demolidos e que parte da estrutura arquitetônica original será restaurada.
“Uma lanchonete e um bar e que efetivamente foram demolidos. Descaracterizavam totalmente o imóvel da maneira que ele foi pensado e construído. Hoje nós estamos com esse projeto mantendo a originalidade do clube, a sede. Nós estamos transformando o ginásio de esportes no mais acessível do interior do estado. Vamos fazer uma transformação para que as pessoas com deficiência, da rede municipal de ensino, possam desenvolver uma atividade esportiva. Estamos resgatando a história para Feira de Santana. Vamos tirar aquele muro da frente, vamos colocar um muro na sua originalidade, meia parede com a grade para que a beleza do clube se ressaia. Vamos dar um tratamento de restauração , não é reforma, vamos preservar a história de Feira de Santana devolvendo ao seu povo esse bem tão querido”, explicou.