Prefeitura manda demolir construções irregulares em Feira

Quatro residências foram destruídas, na madrugada desta quarta-feira (2), no Loteamento Joselito de Sá, no Conjunto Feira IX, em Feira de Santana.

Quatro residências foram destruídas, na madrugada desta quarta-feira, 2, no Loteamento Joselito de Sá, no Conjunto Feira IX, em Feira de Santana (distante 108 quilômetros de Salvador). Moradores afirmam que foram surpreendidos por tratores acompanhados de guardas municipais, que começaram a derrubar as construções. “Por pouco, eu e minha família não estamos mortos”, desabafou o autônomo Alexsandro Nascimento dos Santos, que teve a casa que estava construindo derrubada por funcionários da prefeitura.O loteamento existe há 12 anos, mas as casas que foram demolidas estavam em uma parte desocupada do local que pertence à prefeitura. Segundo moradores, há cerca de um mês algumas famílias, por não terem onde morar, resolveram construir no local e nunca foram procuradas pela prefeitura para que interrompessem as obras.
 
“Quando ouvi o barulho, saí para verificar o que era, foi quando vi o trator subindo aqui e só deu tempo de retirar minha esposa e meu filho de 3 anos. Se não tivesse acordado, estaríamos mortos neste momento”, disse Alexsandro Nascimento. 
 
Ele contou ainda que, ao tentar falar com os funcionários, foi abordado por guardas municipais que, com armas em punho, o teriam ameaçado. “Não ia morrer, então me juntei aos outros moradores, que tomaram a frente do trator e impediram que mais casas fossem destruídas. Agora, não tenho onde morar, já que o imóvel que havia alugado foi entregue”, desabafou. 
 
A dona-de-casa Isabel Cristina Melo informou que os moradores do loteamento teriam realizado um abaixo-assinado para ser entregue a prefeitura, prevendo a autorização para as famílias construírem no local, mas o documento teria sido ignorado pelo município. Ela contou, ainda, que na última sexta-feira, o grupo esteve com o secretario de Habitação, Magno Felzemburg e foi informado que não havia nenhuma ordem de desocupação. 
 
“Nunca fomos notificados de nada e o secretário confirmou isto, inclusive ele ligou para o prefeito que ficou de marcar uma audiência com a gente. Hoje, nos surpreendemos com toda esta selvageria”, disse.
 
Ninguém saiu ferido na ação e não há registro de perda de móveis ou eletrodomésticos. Nesta manhã, o que se via no local eram famílias munidas de pá e enxada tentando juntar o entulho que havia ficado no local. “Somos seres humanos e não animais. Minha casa não tem nada a ver com o loteamento e eles destruíram. Durmo aí quase toda noite para dar segurança à obra e, por sorte, não estava no local quando eles derrubaram tudo”, afirmou Almir Gomes Júnior. 
 
Os moradores garantiram que, caso não ocorra uma audiência com o prefeito Tarcízio Pimenta o mais rápido possível, eles farão um protesto contra a ação do município. 


Notificados – O secretário de Habitação, Magno Felzemburg, confirmou que houve o encontro com um grupo de moradores na última sexta-feira, mas negou ter garantido que a desocupação não aconteceria, uma vez que a Secretaria de Desenvolvimento Urbano já havia notificado as famílias. “O prefeito acenou com a possibilidade de uma audiência, mas não garanti que a desocupação não iria ocorrer, até porque eles haviam sido notificados e tinham ciência de que a qualquer momento isto ocorreria”, destacou.
 
O secretario de Desenvolvimento Urbano, José Pinheiro, informou que o terreno pertence à prefeitura e é uma área destinada a uso comum, onde podem ser construídos parques, praças, quadras poliesportivas e que, após a notificação das famílias, o município determinou a desocupação imediata do local, uma vez que estavam sendo construídas casas de forma irregular. O secretário disse não ter sido informado sobre audiência entre moradores e o prefeito.
 
“Tenho que cumprir o que manda a lei e fiz cumprir enquanto as construções estavam no início”, revelou, acrescentando que a informação de que havia famílias residindo nas construções era uma novidade para ele, “já que pelo que apuramos a obra ainda estava no início”, afirmou.
 
Mizael Freitas, secretario de Prevenção à Violência, afirmou que a guarda municipal foi solicitada pelo secretário de Desenvolvimento Urbano para dar suporte ao trabalho, mas negou que os guardas tenham ameaçado as famílias, uma vez que os mesmos não utilizam armas de fogo. 
 
“O que a guarda fez foi dar apoio ao trabalho. Infelizmente, as pessoas que estão tentando agir de forma irregular, como neste caso, precisam de argumentos para tentar justificar suas ações, mas garanto que em nenhum momento houve ameaça por parte dos guardas, uma vez que nem armas eles utilizam ainda”, garantiu. 
 
A Tarde
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