Saúde

Prefeito critica funcionamento da regulação na Bahia e diz que em Feira 262 pessoas já morreram na fila este ano

Hoje em Feira, 54 pessoas aguardam regulação nas UPAs e policlínicas, segundo informou o prefeito Colbert Martins.

prefeito colbert Martins
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

A regulação se tornou um problema na vida de pacientes e familiares que necessitam do serviço. Nesta segunda-feira (14), mais de 50 pessoas estão internadas em policlínicas e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Feira de Santana, necessitando de transferência hospitalar. Um desses pacientes é Antônio Crispim Gomes, que tem diabetes e deu entrada na Policlínica do bairro Rua Nova na última terça-feira (8), com um ferimento no dedo do pé.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o prefeito Colbert Martins da Silva Filho, criticou a forma como o serviço funciona no estado.

“Em vários estados do Brasil tem regulação, mas funciona com velocidade e rapidez. Hoje em Feira temos 54 pessoas aguardando regulação nas UPAs e policlínicas do município. Tem pessoas que estão lá há sete dias, tem pessoas que estão há 48, 24 horas”, informou.

O paciente com maior tempo na fila de regulação em Feira de Santana, está há 17 dias esperando para ser transferido. Ele tem o diagnóstico de tumor de cabeça e pescoço, tem 69 anos, e é do sexo masculino.

De acordo com o prefeito, 262 pessoas já morreram até hoje na fila de regulação em Feira de Santana, somente neste ano de 2024. Ele afirmou que a prefeitura tem feito a parte que lhe cabe, que é o primeiro atendimento nas unidades de saúde do município.

“Temos a capacidade de fazer o atendimento de emergência, mas os procedimentos na sequência, só podem ser feitos em hospitais públicos tipo o estadual Clériston Andrade. Todas as regulações são colocadas em uma tela de computador e são informadas diretamente a Central de Regulação do Governo do Estado, em Salvador. Cabe ao Governo do Estado chamar a pessoa e essa pessoa ser transferida para o local indicado”, explicou.

O prefeito Colbert Martins disse ao Acorda Cidade que a demora na transferência do paciente para uma unidade de saúde capacitada para o atendimento, prejudica a situação de saúde do paciente.

“Se uma pessoa precisa ser transferida com 24 horas e demora seis dias, o quadro dela vai piorando. Nas UPAs e policíclicas temos salas vermelhas, que é mais ou menos como uma UTI. Quando é necessário entubar, nós conseguimos fazer, mas por um tempo limitado, porque ali não é hospital. Quando você tem um paciente entubado, é necessário determinado nível de exames para fazer os equilíbrios necessários para manejar um paciente nessa complexidade e esses exames são feitos em hospitais com capacidade para isso”, disse.

O que diz a Sesab

É inaceitável que o atual prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins, tente atribuir somente ao Governo do Estado responsabilidades que cabem também à Prefeitura de Feira de Santana. A atual gestão do município tem negligenciado suas responsabilidades, sobrecarregando o Governo do Estado, que tem assumido o atendimento da maior parte dos pacientes da cidade.

Feira de Santana recebe mais de R$ 115 milhões por ano do Ministério da Saúde para ações de média e alta complexidade, mas o município não tem sequer um hospital municipal. A única estrutura disponível, uma maternidade construída há mais de 30 anos, é incapaz de atender à crescente demanda. Quando os casos são graves, eles são direcionados para unidades estaduais, como o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) ou a UPA estadual.

Se destaca também a dependência excessiva do município em relação aos serviços estaduais: 100% dos pacientes que necessitam de internação hospitalar de alta complexidade são atendidos pelo Governo do Estado, sendo mais de 73% dos pacientes de Feira de Santana acolhidos em unidades estaduais ou hospitais contratados pelo Estado no próprio município.

Outro ponto preocupante é o número elevado de pacientes regulados pelo Governo do Estado provenientes de unidades municipais, sendo que a maioria apresenta problemas simples que poderiam ser resolvidos na atenção básica, mas acabam se agravando.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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