Laiane Cruz
Apesar do amor que sente pelos animais, a moradora do Conjunto Feira X, Sandra da Silva Santos, de 51 anos, tem enfrentado dificuldades para encontrar um novo abrigo para os 21 cães que habitam em sua residência. Ela necessita realizar uma cirurgia e não tem mais condições de cuidar de tantos cachorros.
Em entrevista ao Acorda Cidade, Sandra revelou que começou a cuidar dos cães junto com a mãe, e após o falecimento dela, resolveu continuar com eles. De lá para cá, foram várias dificuldades e a maior parte do que ela recebe com o trabalho de faxineira e com lavagem de roupas é para custear a alimentação dos cachorros.
Foto: Arquivo Pessoal
“Eu comecei a criar esses cachorros em 1996, quando minha mãe ainda estava viva. Depois que minha mãe faleceu, continuei com eles até hoje, e faço o possível para mantê-los. Tem dias que eu tenho condições e tem dias que eu não tenho, e as pessoas me ajudam. Às vezes, eles ficam sem comer, e o que ganho é pra comprar comida pra eles, porque eu não gosto de vê-los com fome. Alguns adoecem e morrem. E eu estou gastando muito gás, sendo que um botijão está de 105 reais”, afirmou.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
Ainda segundo a moradora, a casa que ela mora não tem quintal e os animais ficam amontoados no rol. Ela já recorreu a várias entidades e ao Centro de Zoonoses do município para que viesse recolher os cachorros, mas até o momento não recebeu ajuda de ninguém.
“Não tenho quintal, só tenha a frente e quando brigam é aquela confusão. Quando é para parir é aquele sofrimento. Preciso que venham recolher eles. Porque vou fazer uma cirurgia, e o Hospital Dom Pedro já me ligou três vezes pra eu ir, mas eu disse a eles que só posso fazer depois que eu tirar os cachorros de dentro de casa. Vou fazer uma cirurgia de mioma e retirar o útero. Ninguém entra em casa com esses cachorros aqui dentro. Queria que alguém viesse pegar. Eu conversei com a APA e eles disseram que lá estava cheio e não tinham como vir pegar. Eu falei que dava um jeito e ajudava até com a ração. Falei tanto com a APA quanto com o Patinhas de Rua. Fui ao Centro de Zoonoses e eles disseram que só pegam cachorro morto”, lamentou.
Foto: Arquivo Pessoal
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A criadora de cães acrescentou que tem dias que chora por não conseguir resolver o problema, mas também não deseja que os animais vão parar nas ruas.
“Eu vou fazer essa cirurgia e não posso ficar. Tem dias que eu choro. Ainda não consegui marcar minha cirurgia por causa desses cachorros. Eu lavo roupas e faço faxina, e o que ganho é pra comprar comida e dar pra eles. Não recebo nenhum tipo de benefício. Eu moro sozinha e todo dia eu limpo e lavo aqui, não deixo eles na rua. O negócio é o barulho, e teve até um morador que deu um chute no meu portão. Não consigo dormir. A única ajuda que eu queria era essa, de alguém vir recolher eles, porque eu também já cansei. Soltar na rua eu não quero. Quero que eles vão pra algum lugar, porque aí eu sei que vou dormir despreocupada, com alguém cuidando. Tenho prazer, mas não tenho mais como ficar”, disse.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
A vizinha Vivian Ribeiro declarou que Sandra é uma pessoa muito humana, mas está vivendo uma dura. “As pessoas de fora ajudam. Ela está precisando fazer uma cirurgia, mas não tem como a gente cuidar dela com tanto cachorro dentro de casa. Essa cirurgia está embargada por causa disso. Eu faço um apelo pra que alguém tire esses cachorros da casa dela e levem pra algum lugar. Ela não quer maltratar, deixar na rua, porque esse não é o certo. O pouco que ela ganha gasta todo com os cachorros.”
O fotógrafo Silvio Tito disse que todos ajudam a criadora como podem, mas que dá pra sentir a angústia que ela vive.
“Às vezes, a gente encaminha um filhote que nasce pra quem se interessa aqui no bairro ou de fora, mas é muito difícil. Tem diversos animais, e a dificuldade dela principalmente é com os maiores.”
Quem puder ajudar Sandra da Silva Santos a encontrar um local seguro para os animais pode entrar em contato com ela através do (75) 9 8266-6161. O endereço da casa fica na Rua O, caminho B 22, número 27 (próximo ao Colégio Telma Carneiro), no conjunto Feira X.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
