Desde o dia 1º de agosto, teve início o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em todo o Brasil. Em Feira de Santana, mais de 500 recenseadores estão atuando na coleta dos dados, que busca traçar um perfil da população e identificar problemas de ordem econômica e social.
O último censo demográfico foi realizado em 2010. A pesquisa deveria ter sido feita em 2020, mas por conta da pandemia precisou ser adiada. Apesar da grande importância que tem o fornecimento dessas informações para o governo e para a sociedade, é grande o desconhecimento por parte de algumas pessoas e a dificuldade de coletar os dados também.
A cabeleireira e estudante de Serviço Social Rosa Maria dos Santos, moradora do Conjunto Feira IX, foi uma das selecionadas pelo instituto para atuar em Feira como recenseadora. Ela visita os domicílios da Expansão do Feira IX e lamenta o fato de ser mal recebida por algumas pessoas.
Em entrevista ao Acorda Cidade, Ana Maria destacou que a falta de informação sobre o censo dificulta a coleta dos dados e faz um apelo à população para que receba os recenseadores em suas residências e respondam às perguntas contidas nos questionários.
“Essa coleta é feita de forma individual, e em cada domicílio que a gente visita vamos contar a todos os moradores. Às vezes, a gente é recebido de uma forma um pouco indelicada, porque tem pessoas que não conhecem qual é a finalidade do censo demográfico e por falta de informação acabam não aceitando responder ao censo”, informou em entrevista ao Acorda Cidade.
Além disso, segundo a recenseadora, responder as perguntas do censo é obrigatório e está previsto na lei 5.534 de 14 de novembro de 1968. Entretanto, o IBGE não busca punir aqueles que se negam a responder, mas sim conscientizar.
“Algumas pessoas não sabem que isso é obrigatório, e existe uma lei que firma essa obrigatoriedade, porém o intuito do IBGE não é obrigar pelo uso da lei, mas sim conscientizar as pessoas a passarem as informações, porque são necessárias. Quando a gente não encontra alguém no domicílio, a gente coloca a ausência e temos que retornar quatro vezes ao local. Se mesmo assim não conseguirmos, a gente informa ao supervisor e ele irá tomar as providências”, explicou.
Apesar dos desafios que tem encontrado pela frente, a recenseadora garante que está gostando da experiência.
“Eu fiz a minha inscrição no início do ano e no mês de abril fiz a prova objetiva. Obtive uma classificação dentro do quadro de vagas, e aqui estou. Fui aprovada também no treinamento, que é eliminatório. Essa é uma experiência nova e eu estou gostando. Já tive que convencer pessoas resistentes. Eu estava finalizando uma entrevista, e a moradora de outra casa disse que não queria a presença do IBGE. Graças a Deus consegui fazer”, relatou.
A expectativa é que os recenseadores concluam o trabalho até o final de outubro deste ano. Cada trabalhador visita às famílias devidamente uniformizado, com boné, colete do IBGE, além de um crachá onde através de um QR Code, o morador pode verificar o cadastro do recenseador que o está visitando.
“O censo pergunta, por exemplo, quantas pessoas moram no domicílio até 31 de julho. Temos dois modelos de questionários, que são um básico, com questões bem resumidas, e outro de amostra, que é feito somente em algumas casas escolhidas pelo IBGE, que espera saber sobre mortalidade, fertilidade, até que ano estudou, se fez doutorado, mestrado, e é bem mais extenso. A falta de informação ainda é o que mais nos chama a atenção”, completou Rosa Maria dos Santos.
Na Bahia, serão visitadas cerca de 5 milhões de residências, nos 417 municípios.
Veja a seguir 10 informações essenciais sobre o Censo 2022
- O Censo Demográfico ocorre normalmente a cada dez anos, deveria ter sido realizado em 2020, mas acabou adiado por dois anos, por conta da pandemia e falta de recursos;
- O Censo 2022, será o 13º do Brasil. O primeiro foi realizado em 1872, no Império, e o IBGE fez o seu primeiro Censo em 1940;
- A pesquisa começa nesta no dia 1º de agosto e deve durar três meses, indo até
o fim de outubro. A previsão é divulgar os primeiros resultados em dezembro deste ano; - O Censo Demográfico é a única pesquisa estatística que visita todos os domicílios em todos os municípios brasileiros. Em cada domicílio, pelo menos uma pessoa é entrevistada e ela pode responder por todos os
moradores da residência; - O Censo tem dois questionários: um mais curto, com 26 perguntas, que todos os domicílios respondem, e um maior, com 77, que só uma parte dos domicílios respondem (cerca de 10% dos domicílios do país). O tempo de resposta para o questionário curto é de entre 5 e 10 minutos; para responder o questionário mais longo, são necessários entre 15 e 20 minutos em média (depende de alguns fatores, como o tamanho da
família); - O Censo é a única pesquisa estatística oficial que traz informações sobre os seguintes temas: religião, indígenas, deficiência, fecundidade, nupcialidade, migração/ deslocamento para trabalho ou estudo, aglomerados subnormais (favelas e assemelhados) e as características do
entorno dos domicílios em áreas urbanas; - Nesta edição de 2022, o Censo terá, pela primeira vez, informações sobre pessoas com diagnóstico de autismo, quilombolas e dados por bairros de Salvador. Também pela primeira vez, o IBGE vai georreferenciar todos os domicílios visitados, ou seja, determinar suas coordenadas geográficas (latitude e longitude);
- A população poderá responder o questionário do Censo presencialmente, durante a visita do/a recenseador/a, ou, nesse momento, escolher responder pela internet ou por telefone. No primeiro caso (internet), o/a morador/a será cadastrado e receberá, por e-mail, um link com senha. Terá um prazo de 7 dias para responder. No segundo caso, será agendada uma ligação telefônica a ser feita pela equipe do IBGE, para coletar as informações; Supervisão de Disseminação de Informações (SDI). Unidade Estadual do IBGE na Bahia / censo2022.ibge.gov.br – Tel: (71) 2105-8664/8653 / E-mail: [email protected]
- Todas as informações fornecidas ao IBGE são sigilosas por lei e não podem ser identificadas nem para a Justiça, nem para polícia. Essa
legislação é de 1968 e mais restrita inclusive do que a Lei Geral de Proteção de Dados; - Durante o Censo, todos os recenseadores estarão identificados pelo uniforme, colete e boné do IBGE, além de levarem o dispositivo móvel de coleta (DMC). Eles usam um crachá com foto, onde existe um QR Code que aponta para um site no qual é possível confirmar a identidade dessas pessoas. Além disso, é possível também ter essa confirmação de identidade pelo
0800 721 8181 ou pelo site respondendo.ibge.gov.br – Todos os recenseadores também estão orientados a usar máscara e buscar manter o máximo de distanciamento possível no momento da coleta, seguindo rigorosamente os protocolos sanitários vigentes nos diversos municípios, durante o período da coleta.
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