O Esquadrão de Polícia Montada de Feira de Santana realizou, nesta quarta-feira (9), o 1º Workshop de Equoterapia da Polícia Militar da Bahia, reunindo professores, estudantes, policiais, gestores públicos e representantes da sociedade civil em torno de uma prática que vem transformando vidas: a equoterapia.

A técnica terapêutica, que utiliza o cavalo como agente promotor de saúde e educação, foi apresentada sob uma perspectiva interdisciplinar, destacando seus impactos na reabilitação física, emocional e social de crianças, jovens e adultos. O evento trouxe reflexões importantes sobre políticas públicas, inclusão e cuidado, especialmente com grupos mais vulneráveis. A programação do workshop incluiu palestras, oficinas e rodas de conversa ao longo do dia.

Entre os participantes, esteve presente o secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Felipe Freitas, que ressaltou o papel da equoterapia como uma política de cuidado e destacou o impacto direto nas vidas de mulheres, sobretudo as negras, que representam 70% das pessoas que atuam em trabalhos domésticos e de cuidado remunerado no Brasil. Esses dados foram confirmados pelo Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – e o Ministério da Igualdade Racial, apresentados em março deste ano.

“É uma ação de política de cuidado. Esse ano o governo presidente Lula sancionou a lei que cria a Política Nacional de Cuidado, e essa é a materialização do que é essa política. Mas é também uma ação muito para as mulheres. A gente sabe que, infelizmente, são só as mulheres que acabam assumindo muito dessa responsabilidade com o cuidado de pessoas com deficiência, com neurodivergências. Então, aqui, além de um serviço de saúde, é também um serviço de política para as mulheres”, afirmou.

Segundo o secretário, mais 17 Centros de Reabilitação serão implementados em todo o estado, se beneficiando de ações como essas da Polícia Militar.
“A gente refazer esse sentido da relação do homem com o animal em favor da saúde é uma coisa muito bonita e é um serviço também de valorização da cultura, da cultura sertaneja, da relação com os animais, da proteção aos animais, de educação para as crianças também, de como cuidar dos animais e de cuidar com a natureza”, completou.

A Equoterapia
O Major Altamiro, responsável por um dos núcleos da equoterapia da PM, também participou do evento e destacou a importância do encontro para o fortalecimento da ação na região. Pai de uma criança autista, o major também compartilhou a própria experiência com a terapia, ressaltando os benefícios do método.

“O cavalo, entre outras coisas, tem um movimento tridimensional que traz estímulos para o cérebro, ajudando em vários ganhos como mobilidade, equilíbrio, tônus muscular. Na parte emocional também, a transmissão do calor do animal ajuda a acalmar, a diminuir a ansiedade. Enfim, são inúmeros benefícios que a gente pode testemunhar a respeito do cavalo na vida das pessoas.”
Atualmente, o Esquadrão de Polícia Montada de Feira conta com sete núcleos de equoterapia espalhados por diferentes regiões da Bahia. Somente em uma das unidades, comandada pelo Major Altamiro, cerca de 20 famílias são diretamente assistidas. São duas vertentes: uma voltada especificamente para a reabilitação de vidas na questão da saúde e outra pelo lado social.

Ele ainda reforçou a importância do engajamento da sociedade na manutenção e expansão do projeto.
“O primeiro ponto é reconhecer o valor, apoiar e incentivar o profissional que já trabalha com isso. O poder público, quer seja municipal, federal, existem possibilidades de celebração de convênios, de termos de cooperação técnica. Então, essa rede tem que ser fortalecida. É uma articulação de vontade conjunta, de discussão do tema, de criação de estratégias para atingir objetivos, por exemplo, regionais, aqui como Feira de Santana”, destacou.
Maria Cristina Guimarães Brito, da Associação Baiana de Ecoterapia, é mãe de dois meninos. Um deles nasceu com paralisia cerebral moderada severa.
“Ele passou por um processo de diversas terapias convencionais e, quando nós descobrimos a Equoterapia da Bahia, nós buscamos o apoio. Hoje nós já estamos em 17 municípios. A gente busca, com a nossa parceira, que é aquela que tem unidade de cavalaria, os parques de exposições, os centros híbridos, que vêm justamente abrir portas para contribuir nesse programa de pessoas com deficiência.”

A coordenadora geral da Associação de Pais e Amigos Excepcionais (Apae) também participou do workshop. A instituição é uma das entidades parceiras da equoterapia da PM desde 2000.
“A equoterapia é uma atividade excelente para a recuperação física e intelectual dos praticantes. Nós temos exemplos lá na Apae de evoluções enormes de crianças que nós nunca esperávamos. Qualquer pessoa gosta do animal. E sim, falando das pessoas autistas, dos neurodivergentes, não só os que têm complicações, os paralisados cerebrais, têm uma resposta também muito boa, muito eficaz”, destacou a coordenadora.

Com informações do repórter Paulo José Acorda Cidade
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