Continuam surgindo problemas após as fortes chuvas em Feira de Santana nas últimas semanas. Desta vez, o impacto foi visto na Lagoa Grande, onde muitos peixes morreram por conta do volume de água nova trazida pelas chuvas. Em dois dias, foram aproximadamente mais de mil quilos de peixes retirados.
Segundo o ambientalista, João Dias, faltou muito pouco para a Lagoa transbordar, alcançando a área de ciclismo. Ele explicou ao Acorda Cidade como as chuvas influenciaram na morte dos peixes.
“Foi uma quantidade de água enorme e essa quantidade de água nova alterou bruscamente os parâmetros da água. O pH, que é potencial hidrogeniônico, o OD, que é o oxigênio dissolvido, a turbidez e a temperatura. Esses fatores somados provocaram a morte dos peixes”, explicou.
A densidade da água provocada pelo excesso de peixe, alinhada à quantidade de água que entrou na lagoa, deixou a água turva, o que dificultou a respiração de alguns peixes.
“Toda vez que a água fica turva, com a turbidez maior, o peixe tem dificuldade de filtrar essa água através das brânquias para respirar. Isso foi um dos fatores que matou o peixe. O outro foi que essas mudanças bruscas diminuem o oxigênio da água. Como o peixe precisa retirar o oxigênio da água, não tendo oxigênio suficiente, os peixes morrem”, pontuou.
A mudança de temperatura da água também foi um fator relevante para a morte dos animais. Como os peixes são pecilotérmicos, quando a temperatura do corpo acompanha os graus da água, do ambiente, traz uma alteração severa, o que comumente chamamos de choque térmico.
O ambientalista, que também preside a ONG Feira Viva, faz um alerta importante para que a população não recolha os peixes mortos para consumo e venda. Vale ressaltar que a pesca no local é ilegal por conta da contaminação da água proveniente dos esgotos, que ainda são despejados.
“Aos poucos está sendo retirada a poluição. Existem duas estações de bombeamento que todo o esgoto que vem para a lagoa está sendo bombeado para uma estação de tratamento em outro bairro, mas mesmo assim parte do esgoto do bairro, infelizmente, ainda cai na lagoa. Esse esgoto termina contaminando o lodo, o sedimento da lagoa e suas águas. Os peixes ou crustáceos, também em contato com esse lodo e com essa água poluída, ficam contaminados e podem transmitir doenças, que inclusive, podem até trazer o ser humano a óbito”, alertou João Dias em entrevista ao Acorda Cidade.
João ainda reforça que em caso de contaminação, as pessoas podem proliferar doenças virais, bacterianas ou fúngicas para a comunidade.
As espécies que já foram encontradas mortas são nativas, como o Mussum, o Cambotar, a Traíra e o Acari. Segundo João, algumas espécies introduzidas na lagoa, tipos exóticos de peixes, como Tilápia e Tucunaré, ainda não foram prejudicadas, mas podem vir a óbito devido às mudanças na água.
Além disso, João pontuou o quanto as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global estão atingindo os mananciais. Para reduzir as mortes dos peixes na lagoa, João explica que é necessário tratar a água, deixando em um estado aceitável para comportar os animais.
“Quando houver essas chuvas muito intensas, o que vai haver porque estamos com o planeta doente, vai morrer bem menos peixe. E também quando a lagoa estiver limpa, que for liberado para pescar, as pessoas irão retirar mais peixes e aí vai diminuir a densidade, que é muito peixe por metro quadrado, que é o que está acontecendo também na lagoa, favorecendo a morte dos peixes”, relatou.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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