Atualizada em: 18h
Laiane Cruz
Moradores da Rua Professor Fernando São Paulo, no bairro São João, estão insatisfeitos com a forma como fiscais da Operação Feira Quer Silêncio apreenderam no último domingo (6) os equipamentos de som que eram utilizados na 6ª Lavagem do Abacateiro. O evento, segundo os organizadores, é realizado todos os anos, e conta com o apoio da comunidade, onde pessoas de todas as idades participam.
Em entrevista ao Acorda Cidade, a fundadora da lavagem, Maria Helena, 63 anos, afirmou que desde os 12 anos mora no bairro São João e teve a ideia de criar a festa.
“O bairro todo gosta, tanto que me pedem para fazer duas vezes no ano. Nunca tivemos isso, é a alegria do bairro. Nunca teve nada, foi a primeira vez que eles chegaram, nem pediram licença, foi uma invasão. Não tinha som ligado, eles não mediram nada. E minha festa estava no ofício que era até às 21h. Entregamos o ofício na Companhia da Polícia Militar. É uma festa que acontece todos os anos e só não realizei em 2020 e 2021, por causa da pandemia”, informou a moradora.
Ela destacou que festa é para as famílias do bairro, pessoas de todas as idades, e que o evento nunca teve vandalismo. “É a charanga andando o bairro todo, se divertindo de novos a velhos, e é maravilhoso. E se Deus quiser ano que vem eu vou fazer de novo.”
Segundo Flávio Santos Nogueira, morador da Rua Professor Fernando São Paulo, os fiscais da Secretaria chegaram ao local e levaram a aparelhagem de som alegando que o tinham medido os decibéis e o som estava fora do permitido, incomodando as pessoas.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Eles alegam que encerraram a festa porque o som estava incomodando, e falaram que fizeram a aferição dos decibéis. Mas no momento que eles chegaram aqui o som estava desligado. Isso foi no domingo, por volta das 18h20. Estava tudo tranquilo, e o som não estava incomodando ninguém. Nós tínhamos comunicado à Secretaria que a festa iria acontecer. Foi tudo feito legalmente, dentro da ordem. A gente ia fazer esse evento antes do decreto que diminuiu o número de pessoas, mas esperou poder aumentar. É uma festa que é para a comunidade, todo mundo, pais e mães de família participam. É uma lavagem, a gente sai com a charanga, e todo mundo dá uma volta no quarteirão”, explicou o participante.
Foto: Arquivo Pessoal
Ele acrescentou que os fiscais chegaram no momento em que o cantor convidado começou a se apresentar.
“Em nenhum momento houve pessoas de má índole e mau caráter. A festa iria acabar às 19h, e depois a gente iria ficar aqui resenhando até às 21h. A festa saiu com a charanga, e na hora que o cantor começou a se apresentar, a Polícia Militar chegou, junto com a Secretaria de Meio Ambiente e a Guarda Municipal, e já chegaram para levar o som, pois eles alegam que o som estava alto e incomodando as pessoas. O som estava desligado quando eles chegaram.”
Também participante da festa, o morador Márcio da Saúde confirmou a situação e disse que tudo foi comunicado à 64ª CIPM, até para dar o apoio.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Todo ano a gente faz essa brincadeira aqui e em momento algum teve vandalismo ou agressão dos moradores, diante da situação que foi colocada. Liguei para a Secretaria e o chefe de fiscalização, Camilo Cerqueira, passou que realmente houve uma denúncia de que o som estaria incomodando. Ele pediu ao pessoal para vir ao local e fazer a apreensão do material, e a gente não teve nem direito de se expressar com os ofícios que tínhamos em mãos”, disse.
Em contato com o Acorda Cidade, o chefe de fiscalização da Operação Feira Quer Silêncio, Camilo Cerqueira, informou que os participantes não tinham autorização dos órgãos municipais para realizarem o evento de rua e foram denunciados por moradores do local que estavam se sentindo incomodados com a altura do som.
"As pessoas colocam sempre a conduta irregular e fora da legalidade, responsabilizando a Secretaria de Meio Ambiente. A operação busca aferir o volume do som através do decibelímetro, conduzir esse som e salvaguardar esse equipamento até o alvará de soltura. Esse evento foi denunciado através do 190 por pessoas que moram na redondeza e estavam se sentindo incomodadas com a banda que estava tocando no evento. Neste mesmo evento, fomos recebidos com garrafas de bebida alcoólica e latas cheias de bebida. Os papéis que estavam em mãos da organização não eram autorização. Estamos em um momento pandêmico, e a Secretaria de Meio Ambiente e os órgãos que participam da Operação Feira Silêncio não autorizam nenhum evento, mesmo o decreto deixando a disponibilidade de um determinado número de pessoas. Ali era um ciente e não dava a eles o direito de ultrapassar uma lei municipal."
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia