Amanda Pinheiro e Brenda Filho
A Copa do Mundo de 2022, iniciada no último dia 20, além de movimentar torcidas e comemorações em diversos países, tem uma considerável influência na economia mundial. No Brasil, de acordo com a Confederação Nacional de Comércio (CNC), estima-se que, no setor de serviços e varejo, artigos temáticos ou relacionados com o evento movimentem R$ 1,4 bilhão.
Diante disto, considerando a ligação histórica entre o país e o evento, é comum notar que as cores da bandeira brasileira se fazem mais presentes neste período. Tanto na pele e unhas, quanto em cabelos ou roupas, a combinação tradicional das cores verde e amarela, sobretudo na tendência BrazilCore, se destaca nas ruas.
Fazendo a cabeça
Do mesmo modo, elementos que reforçam a identidade e raízes do nosso país se unem, inclusive nos penteados. É o que explica Lucas de Jesus, o trancista de 28 anos que começou na profissão de forma despretensiosa, trançando seus próprios cabelos. Hoje ele embeleza os fios também com os tons da canarinho, principalmente no modelo box braid – e essa ideia veio da clientela.
“Usar as cores da Copa partiu dos clientes, porque eu gosto de deixar o cliente à vontade, sou só um instrumento. As ideias, em sua maioria, partem da cabeça deles. Isso que é muito legal, porque a pessoa encontra uma forma de colocar a sua vontade no cabelo. Partiu deles trazer as cores da Copa em forma de trança e eu só adaptei o modelo para ficar bonito, e ficou muito bom. Inclusive a gente vai fazer outros desse mesmo modelo e nessas mesmas cores”, explicou o jovem em entrevista ao Acorda Cidade.
O processo
Para finalizar um trançado é preciso dedicação e tempo, confirma Lucas, já que são necessárias cerca de seis horas para concluir cada “cabeça”. Por isso, ele precisou abdicar da graduação de Física na universidade e, assim, se descobriu artista. O profissional também reforça que essas horas são responsáveis por criar um laço entre o trancista e cliente, ‘é uma sessão de terapia’, que ele anima ao som de Beyoncé, figura de inspiração e representatividade.
Ele também avalia que o período de final de ano já traz o aumento da procura pelo serviço, mas, neste ano, o diferencial é a coloração. Porém, para chegar nesse resultado, a trajetória de Lucas com as tranças teve início há alguns anos. A ideia de se tornar trancista veio em 2014, segundo ele, na época, a quantidade de profissionais em Feira era pequena e ele não teria o valor para desembolsar o trabalho. Por isso, decidiu fazer em si mesmo o novo cabelo e assim percebeu que tinha habilidade com a arte.
Lucas de Jesus contou ao Acorda Cidade, que tem orgulho da profissão que reforça a identidade dos povos negros brasileiros, além de permitir autonomia e boa autoestima sobretudo às mulheres.
Na camisa e na pele
Ainda com relação à autoestima, a esteticista Elany Porterhi uniu o visual colorido ao dourado dos corpos em seu estúdio de bronzeamento natural, também conhecido como ‘biquíni de fita’. Ela conheceu a técnica de bronzeamento natural em uma viagem para Fortaleza e, em meio a pandemia, estabeleceu um espaço para realizar a técnica.
“Ver aquela laje cheia de pessoas se descontraindo e bronzeando ao mesmo tempo, me deixou frenética”, conclui.
“Hoje a gente sabe que a Copa veio para ser uma Copa para unir pessoas, e o setor não poderia ficar fora dessa. Trazer esses temas foi de grande valia, grande proveito.“
A profissional de estética explica que o processo é simples, contendo a preparação de pele e esfoliação. Elany eforça ainda a importância da autoimagem positiva. Além disso, revela que os biquínis temáticos são os mais procurados.
“Ele é confeccionado na pele, personalizado de acordo com cada corpo. Esse processo de customização faz com que a gente use cores diferentes e foi quando surgiu a ideia dos biquínis temáticos. Eu produzo temas divertidos ou para trazer atenção a determinados assuntos que estão sendo abordados, como a consciência negra, a gente fez sobre. E agora, estamos na era da Copa e estamos trazendo esses biquínis temáticos. Começou como uma brincadeira e hoje ele é um dos mais procurados. A gente sabe que as meninas gostam de bater foto, de elevar a autoestima e cada vez que elas vêm e você oferece um tema engraçado e um tema sério levado de uma forma diferente, elas se divertem”.
Até a ponta dos dedos
Thalila Lobo, conhecida como Thaly Unhas, é designer de unhas há cerca de 3 anos, e ela traz para o seu estúdio de unhas as tendência para os jogos do Brasil. A nails designer explica como funciona a extensão de unha, um processo simples e duradouro.
“A gente coloca uma base, geralmente um plástico apropriado, como se fosse uma unha postiça. Depois colocamos um gel, que fica como se fosse uma unha natural mesmo. É uma unha moderna, não descasca e o esmalte tem uma durabilidade significativa”, descreve.
Thalila acrescentou que o ramo da estética está atualizado e chegando à época da Copa, tem que acompanhar esse ritmo. Para dar um pontapé nas produções das decorações para os jogos do Brasil, o estabelecimento começou a fazer postagens de unhas decoradas nas redes sociais. Por isso, acabou interessando diversos clientes.
“Os modelos mais pedidos pelas clientes são a bandeira, bolinha azul com as estrelinhas ou uma única unha com as três cores”, diz a designer.
A equipe de Thalila é composta por mais três mulheres, Mara Santana, recepcionista e responsável pelos agendamentos das clientes, Larissa da Conceição, manicure, pedicure e Nails arte, responsável pelas artes feita à mão com as tintas e Wanessa Rios, que é manicure e pedicure.
“Eu me lembro como se fosse hoje, eu falei Deus eu quero ser reconhecida na minha cidade. É através desse trabalho que eu estou conseguindo conquistar os meus objetivo”, comemora.
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