Gabriel Gonçalves
O que deveria ser um momento de lazer, pode se tornar uma tragédia e marcar a memória de muitas pessoas, por um longo tempo. De acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa), cerca de 15 brasileiros morrem afogados por dia.
Foi pensando nisso, que a Organização das Nações Unidas (ONU), declarou o dia 25 de julho como 'Dia Mundial de Prevenção do Afogamento', como forma de ressaltar a conscientização sobre a importância da prevenção contra o afogamento.
A data foi aprovada na 75° sessão da assembleia geral da ONU no último dia 28 de abril deste ano, e, portanto, é a primeira vez que a data é celebrada.
A enfermeira Vanessa Araújo, seria uma das vítimas que hoje estaria fazendo parte desses dados. Em entrevista ao Acorda Cidade. Ela contou que durante um passeio na praia de Madre de Deus, com 15 anos de idade, caiu em um buraco e na tentativa de se salvar, o inimigo maior, o desespero, tomou conta.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
"Eu tinha por volta de 15 anos de idade, estava junto com minha família na praia de Madre de Deus e quando estávamos no mar, junto com meu irmão, eu caí em um buraco, até hoje, não sei como aquilo aconteceu, mas foi um momento de desespero. Nosso pai que sabe nadar retornou para tirar meu irmão dando um pulso para a beira da praia, mas eu ainda continuava neste buraco. Sei que do nada, uma outra criança também apareceu, aparentemente também se afogando porque ele segurava nas minhas pernas com uma força, que meu pai não conseguia me puxar. Até que meu pai conseguiu pegar esse menino que era mais novo, tinha seus 10 anos e depois conseguiu me tirar dali", relembrou.
Mesmo que tenha acontecido na juventude, Vanessa informou a reportagem do Acorda Cidade que as lembranças ainda permanecem na mente. Atualmente, até para ir ao mar, a sensação de desespero retorna.
"Eu fiquei por mais de 10 anos sem pisar os meus pés na água, o trauma foi muito grande. Hoje, junto com Rodrigo que é meu esposo, ele me ensinou a nadar, mas ainda assim, eu não entro no mar porque realmente as lembranças voltam. Eu fui trabalhando minha mente para superar esta situação, mas se me convidarem para ir no mar, eu evito. No rio, eu entro um pouco, mas não demoro muito tempo, é muito complicado porque eu lembro logo da situação", comentou.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Para o profissional de educação física e professor de natação, Rodrigo Araújo, uma das maiores causas de afogamentos com crianças, é a falta de supervisão dos pais ou responsáveis.
"Essa falta de supervisão dos adultos pode acontecer em qualquer lugar, até mesmo dentro de casa. Pois é em casa que temos muitos recipientes que podem ser um risco para esta criança ao exemplo de baldes, bacias, próprio vaso sanitário, ainda mais com crianças de 1 a 4 anos, que ainda estão conhecendo os ambientes. Então isso pode ocasionar o fechamento das vias respiratórias. No caso de piscinas, o mais recomendado é que tenha cercados para evitar o acesso dessas crianças", explicou.
Segundo o professor Rodrigo, assim como não combina o álcool com direção, também não combina álcool com o mar. De acordo com ele, inúmeros casos de afogamentos com pessoas adultas, há registros do consumo de álcool antes de ter acesso ao mar.
"Não somente as crianças são acometidas pelo afogamento como mencionei, mas como os adultos também, ainda mais pelo uso da bebida alcoólica, o que diminui os reflexos nesse momento. Por não conhecer o ambiente, isso também influencia, como as correntes de retorno que são conhecidas, que puxam as pessoas e acabam sendo levadas por estas correntes. Nos rios, por exemplo, a terra é mais fofa, então é mais fácil prender o pé, mas é necessário que toda atenção seja redobrada para evitar esses afogamentos", afirmou.
O uso do celular pode ser um fator predominante em momentos como estes. De acordo com o professor de natação, Rodrigo Araújo, a atenção que é dada para o aparelho nesse momento, subtrai a atenção com a criança que está brincando dentro de uma piscina.
"Existem algumas razões de afogamentos de crianças, quando algumas delas possuem algum tipo de problema de saúde como é o caso da epilepsia. São crianças que passam mal, podem sofrer algum tipo de crise dentro da piscina e ter uma convulsão. Isso pode ser somado com a falta de atenção dos pais que nesse momento podem estar usando o aparelho celular e não estão vendo o que está acontecendo. Além disso, é muito importante que as piscinas mantenham os cercados, além das brincadeiras como fingir que está se afogando, subir no ombro do colega, então todo cuidado é pouco com as crianças. É necessário que haja essa auto defesa no meio líquido para que as pessoas não venham a morrer nas praias e piscinas", concluiu.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade