O maior distrito por número de habitantes de Feira de Santana é Humildes. A cidade maior que oito capitais brasileiras em população, conhecida como a Princesa do Sertão, tem 619.609 habitantes, 12.190 quilombolas e mais de 2,2 milhões de animais. Esses e outros dados sobre Feira de Santana e demais cidades brasileiras só existem por conta do trabalho realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para marcar o data de criação do órgão, comemorada neste sábado, dia 6 de julho, o portal Acorda Cidade conversou com o chefe da agência do IBGE-Feira, Tiago Pimentel. O ibgeano (nome dado aos funcionários e servidores do IBGE) falou sobre a história do instituto e revelou detalhes sobre dados da população de Feira de Santana.
Criado em 1900, o IBGE só foi implementado através da lei nº 24.609, de 1934, com o nome de Instituto Nacional de Estatística, mas segundo Tiago, apenas dois anos depois que começou de fato a sair do papel a iniciativa. O atual formato do IBGE só se configurou a partir do Decreto Lei n 218, de 26 de janeiro de 1938, com a integração do INE ao Conselho Brasileiro de Geografia (CBG).
Segundo Tiago, o IBGE é o coordenador das estatísticas nacionais, uma grande base de pesquisa e de dados. São pesquisas relevantes e necessárias para o governo que acabam gerando políticas públicas. Por exemplo, se no seu bairro há muitos buracos e o IBGE realiza esse balanço, os números servem de base para argumentar a necessidade de investir em infraestrutura naquela região.
“Assim, tem muita gente que acha que o IBGE pesquisa de tudo, a gente pesquisa muita coisa, mas não é de tudo, a gente não conseguiu lhe dizer quantos cachorros tem na rua de Feira de Santana, mas existem demandas que vão surgindo, principalmente do governo,, que a gente vai cumprindo”, explicou.
Além de identificar os aspectos da população brasileira, em cor, raça, renda per capita, onde moram, faixa etária, entre tantas especificidades, o instituto é responsável por dados importantes da economia como Produto Interno Bruto (PIB), que são as riquezas produzidas ao longo de um ano pelo país.
“O IBGE que também calcula os índices que atualizam, por exemplo, alguns contratos de banco, alguns contratos de aluguéis são vinculados a índices calculados pelo IBGE. Fazemos pesquisas da mais alta amplitude na área de saúde, educação, demografia, população por sexo, por idade, calcula a população por bairro e faz pesquisa em órgãos públicos, nas prefeituras, nos fóruns”, disse.
Na perspectiva da economia produzida, seja a nível local ou nacional, Tiago traz uma explicação bem didática citando a inflação, o aumento dos preços de bens e serviços no país.
“Vamos falar de inflação que é um negócio que influencia muito no dia a dia das pessoas. A inflação não é boa para mim nem para você. O que você compra, você gasta com diamante e eu gasto com feijão. Se o diamante aumentar de preço, para mim não vai fazer diferença. Mas para você que compra feijão o aumento vai fazer a diferença. Então o IBGE tem que ir nas casas realizar a pesquisa chamada de POF, Pesquisa de Orçamentos Familiares, e descobrir o que o povo mais consome, o que mais pesa na economia brasileira”, explicou Thiago em entrevista ao Acorda Cidade.
A exemplo, ele citou o combustível que, em caso de aumento no seu preço, vai pesar tanto para o transporte, quanto para a empresa, a produção e escoamento de alimentos, os preços dos produtos no mercado, tudo que tem o produto como base em sua cadeia produtiva.
“O combustível de carro é um negócio que pesa muito na inflação. Já o combustível de helicóptero não pesa tanto, porque os produtos não são transportados de helicóptero. Então alguém tem que fazer essa conta para descobrir o que está pesando mais no orçamento, depois que você determina o que pesa no orçamento, você vai lá catar os preços para você ver se aumentou, se diminuiu, se manteve. Então essa questão da inflação é um dos pilares das pesquisas que o IBGE faz cotidianamente e divulga todo mês”, explicou.
Feira de Santana
Ao longo dos anos de Feira de Santana, o IBGE contribuiu significativamente para o desenvolvimento da cidade, mas também para o entendimento da identidade cultural da região.
“Feira de Santana é uma cidade que a gente tem uma população com uma característica que vem mudando. É uma cidade que as pessoas vinham aqui e não vinham com o intuito de fixar residência. Era uma cidade que as pessoas vinham mais por questão de trabalho e às vezes trabalhava aqui e morava fora e vem mudando essa característica ao longo anos. Feira tem virado referência onde as pessoas querem viver”, disse Tiago ao Acorda Cidade.
Segundo Tiago, não há um crescimento muito forte de novos residentes na cidade, entretanto, as pessoas que moram em Feira, estão cada vez mais criando seus projetos de moradia na região.
“Isso acaba tornando uma cidade com mais equipamentos urbanos como as estruturas. Por exemplo, agora mesmo já está indo para o terceiro McDonald’s. Isso é uma decisão que, por exemplo, um McDonald’s da vida toma, ele não toma do nada. Ele pesquisa, ele vai, olha algumas pesquisas inclusive do IBGE e vai percebendo que cabe, dá para botar mais um. Tem cidade que não tem nenhum”, disse.
População flutuante
Uma população difícil de calcular, são os viajantes, que visitam à cidade, também chamada de população flutuante.
“A gente estima que se a gente tem 620 mil habitantes mais ou menos, Feira de Santana em uma segunda-feira de manhã tem um milhão e duzentos, um milhão e quinhentos”, explicou.
Um assunto que sempre gera muita polêmica são a identificação de quais bairros e localidades são os maiores e os mais populosos de Feira de Santana. Tiago trouxe uma lista relacionada a Zona Rural, revelando quais os maiores distritos por número de habitantes.
Humildes é o campeão, com 18.785 habitantes. Confira
- Humildes – 18.785
- Maria Quitéria – 15.957
- Matinha – 10.575
- Jaíba – 4.758.
- Tiquaruçu – 4.348
- Jaguara – 3.977
- Governador João Durval – 3.692
- Bomfim de Feira – 2.895.
“Quem delimita onde que começa e onde que termina o distrito é a prefeitura. A gente só vai lá, pega aquela linha e faz a conta das pessoas que moram dentro daquela linha que a prefeitura determinou como limite do distrito”, disse.
Um dado interessante apontado por Tiago foi que o distrito de Jaguara vem diminuindo o número de seus habitantes. Em 2000 tinham 6.700 pessoas. Agora são 3.977.
“A gente não sabe explicar, às vezes até essa mudança das linhas, às vezes a prefeitura mudou, diminuiu o distrito de Jaguara, às vezes agora Jaguara está ali no limite com Anguera, às vezes perdeu território para Anguera ao longo dos anos. Ou às vezes é porque realmente o pessoal não sentiu que tivesse estrutura para morar e começou a se mudar. Vai para Anguera que é perto, vem aqui para a região da Pedra do Descanso, que já é saindo de Feira. Existem diversas razões para essas mudanças”, explicou.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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