Dia do Agricultor

No Dia do Agricultor, profissionais cobram mais investimentos por parte do poder público

De acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, cerca de 25 mil famílias de agricultores atuam em todo o município de Feira de Santana.

Gabriel Gonçalves

No último domingo (25), foi celebrado o Dia Internacional da Agricultura Familiar e nesta quarta-feira (28), é comemorado o Dia do Agricultor.

Trabalhando há mais de 35 anos no campo, Marineide das Virgens faz parte do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana (SRT) e atua na Comunidade Nossa Senhora das Candeias no distrito de Jaíba.

Em entrevista ao Acorda Cidade, ela afirmou que atualmente existe uma grande diversidade de plantação no campo, mas destacou que a produção é bastante intensificada com os produtos do milho, feijão e aipim.
 

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

"Hoje a nossa cultura é mais a questão do milho, feijão, aipim, batata, abóbora, mas já estamos desde o ano passado produzindo outras culturas. Existe uma grande diversidade, porque isso é muito importante para o sustento e o fortalecimento da agricultura familiar. Nós procuramos sempre produzir com qualidades, buscando adubos do próprio criatório que temos no campo ao exemplo da galinha e da ovelha e sempre buscando outras alternativas de produção também. Nosso objetivo é produzir para o sustento do município de Feira de Santana", disse.

Atualmente como presidente do STR de Feira de Santana, a agricultora Conceição Borges, informou ao Acorda Cidade que nasceu e cresceu no meio da produção de alimentos. Segundo ela, oportunidades até surgiram para seguir com outras atividades, mas preferiu seguir na agricultura.

"Eu nasci e me criei do distrito de Tiquaruçu na Comunidade Vila Santa Inês, continuo morando lá até hoje, e sempre foi assim, produzindo alimentos, nunca deixei essa atividade, inclusive tive até a oportunidade de sair e ser outra coisa na vida, mas eu continuo sendo da agricultura, pois eu acredito na produção do alimento, eu acredito como é importante e prazeroso produzir os alimentos. Chegar na roça, plantar e com três dias ver nascer, crescer, então continuo nesta área, nunca mudei de profissão, fiz até um concurso para ser agente comunitária de saúde, atuei por um tempo, mas desisti", disse.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Para Conceição Borges, o atual momento não incentiva mais a participação dos jovens na produção rural, de acordo com ela, os profissionais que seguem nesta atividade do campo, hoje possuem mais de 40 anos de idade.

"Na minha geração, isso não era tão fácil, não tínhamos outras oportunidades, apenas estudar o básico ali mesmo na própria comunidade e não tinha opções de poder sair e estudar fora. Eu optei por continuar no campo produzindo os alimentos com qualidade. Hoje o modelo que está sendo implantado não incentiva e nem garante que nenhum jovem permaneça no campo produzindo. Atualmente quem está na produção de alimentos além de ser por uma grande paixão, mas principalmente por não ter para onde ir, são as pessoas com mais de 40 anos de idade. A juventude de hoje, não tem sentido trabalhar nesta área, porque não há investimentos, não há planejamentos, então é necessário que haja esse pensamento porque no próximo período, teremos que importar o alimento de outros estados ou até mesmo, para fora do país, tudo isso porque a agricultura familiar não tem nenhuma prioridade para os poderes públicos", afirmou.

De acordo com Conceição Borges, os poderes públicos devem compreender que a agricultura necessita ter um olhar mais atento, ainda mais com tanta tecnologia que facilita o processo das atividades.

"O poder público precisa compreender que a agricultura familiar precisa ser priorizada. Hoje vivemos em um mundo totalmente tecnológico, então é necessário que a gente use todas essas ferramentas na produção. Beneficiar também o aumento para garantir a dignidade e agregação dos valores dos nossos produtos. Há um distanciamento muito grande do poder público com a agricultura familiar porque a gente até ver algumas iniciativas muito bem-sucedidas, mas isso não é um programa de fortalecimento e sustentabilidade do campo", destacou.

Para Conceição Borges que está a frente do Sindicato, hoje é um dia para festejar e celebrar. Segundo ela, cerca de 25 mil famílias de agricultores atuam em todo o município de Feira de Santana.

"Eu me sinto muito honrada e privilegiada, sou grata ao meu Deus pelo povo continuar confiando no meu trabalho e estar a frente do sindicato representando esta categoria. Apesar de todo sofrimento, nós temos muitas alegrias, muitas esperanças e muita solidariedade com o povo. Atualmente na produção de alimentos, temos em torno de 20 a 25 mil famílias de agricultores e digo que hoje é um dia de festejar, é um dia de celebrar, mas é um dia também de fazer uma autorreflexão, porque eu digo que tenho uma paixão pela produção de alimentos, mas ela precisa acima de tudo ser a preocupação de muitos gestores aqui do município. Então neste dia, sempre convidamos os agricultores a refletir o significado de ter o alimento saudável na mesa", concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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