O 45º aniversário do Museu Casa do Sertão, entidade da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), recebeu honrarias na manhã da última quarta- feira (12) em sessão especial da Academia de Educação, no Casarão dos Olhos D’Água, sede da entidade.
O diretor do Museu, Cristiano Cardoso, expôs inovações e avanços aplicados tanto na estrutura física do prédio, quanto no acervo, citando, dentre outros, exposições virtuais e digitalização de jornais e documentos históricos para facilitar o acesso ao público, acompanhando as transformações tecnológicas. A proposta dos fundadores do Museu, de valorização da cultura do povo do semiárido baiano, é praticada a cada ano.
São realizadas atividades como a mostra ‘Barro, Encontros e Memórias na Arte de Crispina dos Santos’ que enfoca o fazer cultural e artístico da artesã feirense, com 67 peças restauradas em Salvador pelo Studio Argolo e que agora são apresentadas ao público.
Outra ação citada por Cristiano Cardoso diz respeito às etapas de implantação do Memorial Eurico Alves Boaventura, com objetivo de disponibilizar ao público um rico acervo doado pela família, composto por objetos pessoais, livros, documentos, fotografias e recortes de jornais.
O acervo incentiva a realização de estudos e olhares sobre a chamada ‘civilização do couro’, um contraponto ao mundo dos engenhos de cana-de-açúcar discutido por intelectuais como Gilberto Freyre. Eurico Alves Boaventura, por toda sua vida, promoveu a valorização da cultura sertaneja, sendo ele próprio pesquisador e incentivador de estudos que envolvessem o tema, conforme observa Cardoso. O diretor também fez referência ao empenho do servidor aposentado Franklin Maxado na formação do Museu Casa do Sertão. Maxado, cordelista, que também foi diretor do Museu, é responsável pelo rico acervo de exemplares da Literatura de Cordel.
Consta ainda, a criação do Centro de Memória dos Povos Indígenas do Nordeste – Anjunká, do Departamento de Ciências Humanas e Filosofia da Uefs e do grupo de estudantes indígenas. Outra parceria fundamental é com o Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca) para a realização das oficinas didáticas de Arte Infantil no Museu e Fotografia com Celular.
O professor aposentado Raimundo Gama, membro da Academia Feirense de Educação e um dos fundadores da Uefs e do Museu, proferiu palestra, na qual contextualizou a contribuição de pessoas e entidades responsáveis pela implantação do órgão. Ele destacou a participação plural na construção do Museu Casa do Sertão através de entidades da comunidade externa à Uefs, como o Lions Club, além da colaboração intelectual de nomes reconhecidos nacionalmente, como o sociólogo Gilberto Freyre.
Raimundo Gama também citou o incentivo dado pelo primeiro reitor da Uefs, o professor Geraldo Leite, e o sucessor, José Maria Nunes Marques, além da colaboração de outros municípios que doaram, por ocasião da inauguração, em 1978, de equipamentos símbolos do homem sertanejo, dentre eles teares, carros de boi e prensas.
Consolidação
Josué Mello, ex-reitor da Uefs e presidente da Academia de Educação de Feira de Santana, ressaltou este esforço e colaboração de pessoas e entidades que entenderam o Museu Casa do Sertão como espaço público capaz de resgatar e manter, para as gerações futuras, os símbolos do homem sertanejo. Mello, que, enquanto reitor, nos anos 1990, foi o responsável pela reforma do prédio de outra instituição da Uefs voltada à cultura da região, o Cuca, avaliou que o Museu Casa do Sertão teve contribuição decisiva para a consolidação da Universidade no papel de desenvolvimento do semiárido baiano.
A autoria da estrutura física do prédio do Museu Casa do Sertão também foi lembrada pelos presentes, que fizeram alusão ao arquiteto e artista plástico Juraci Dórea e ao engenheiro civil Everaldo Cerqueira.
A solenidade contou, ainda, com a declamação de poema intitulado ‘Alevanta-te, Brasil!’, pela própria autora, Suely Torres, membro da Academia Feirense de Educação.
Também estiveram presentes, dentre outros, o ex-prefeito de Feira de Santana, José Raimundo Pereira de Azevêdo, as ex-professoras e gestoras da Uefs Ana Rita Neves, Maria Zélia Martins, Ana Angélica Gonçalves, Marinísia Gama e Maria José Pacheco, de Eduardo Kruchewsky, que representou a Academia Feirense de Letras, Marilene Barreto, servidora aposentada da Uefs e atual secretária da Academia Feirense de Educação, além de Everaldo Goes e Danilo Weber, que servem, respectivamente, ao Museu Casa do Sertão e à Assessoria de Comunicação Social da Uefs.
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