Daniela Cardoso e Ney Silva
A auxiliar de cozinha Noélia Carlos Assis de Jesus, 43 anos, está vivendo um drama. Desesperada, com suspeita da Covid-19, ela teve contato com um homem que testou positivo para o coronavírus e esteve hospedado em um hotel onde ela trabalha. No último dia 3, este hóspede também relatou ao Acorda Cidade as dificuldades que enfrentou quando procurou uma unidade de saúde em Feira de Santana.
Noélia relatou ao Acorda Cidade que está trancada em um quarto da residência onde mora, desde quando começou a sentir os primeiros sintomas. Ela reclama da falta de atenção das autoridades para realizar o exame e confirmar se ela está ou não com a doença.
“Sexta-feira a tarde comecei a sentir alguns sintomas como dor de cabeça, febre, dores no corpo. No sábado os sintomas pioraram, eu liguei várias vezes para o número da Vigilância Epidemiológica e não consegui falar, teve um 0800 que mandavam eu aguardar para falar com alguém, depois a ligação caía. Liguei pro Samu, pois estava com medo de sair de casa, e o médico disse pra eu ficar em isolamento e entrar em contato com a Vigilância para comunicar o que eu estava sentindo. Fiquei fazendo isso durante o fim de semana, mas ninguém atendeu. No domingo os sintomas pioraram e chegou a falta de ar, passei mal, sem poder pedir socorro, pois ninguém queria me ajudar”, relatou.
Noélia conta que tem um irmão deficiente em casa, além dos filhos que ficaram desesperados, pois ela estava passando mal dentro do quarto e não abria a porta para que eles não entrassem em contato com ela. Ela conta que mais uma vez ligou pro Samu, mas foi informada que eles não poderiam atendê-la e que era pra ela se encaminhar para o atendimento mais próximo de casa. Ela afirma que tentou ficar mais calma, pegou a moto e fui sozinha para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Queimadinha.
“Lá me colocaram em uma sala, uma enfermeira perguntou se tive contato com alguém infectado, eu falei que sim, o médico veio, passou dipirona e mandou que eu procurasse um posto de saúde do bairro. Mas o posto de saúde do bairro não é para atender uma pessoa que está com suspeita de coronavírus. voltei pra casa, tomei o remédio e continuei tentando ligar, mas não conseguia. Quando foi na segunda, senti de novo falta de ar, ligamos pro Samu e disseram mais uma vez que não poderiam ir. Fiquei em casa passando mal. Ainda na segunda, consegui ligar pra Vigilância, eles atenderam, falaram que iam entrar em contato comigo, mas até terça eles não entraram, então procurei a imprensa e então eles ligaram dizendo que vinham colher meu sangue”, informou.
Apesar disso, até a tarde de quarta (8), quando falou à reportagem do Acorda Cidade, a auxiliar de cozinha estava sem receber uma nova informação de quando seria atendida. Ela criticou a saúde pública de Feira de Santana.
“É uma vergonha. Eles falam na imprensa que estão fazendo, mas não estão fazendo nada. Estou dentro de casa, trancada, com medo de sair e até agora ninguém da secretaria de saúde fez nada por mim. Quero saber o que tenho que fazer, se vou ficar aqui até ficar boa, ou morrer e esperar o DPT chegar pra retirar o corpo”, afirmou com revolta.
Vigilância Sanitária vai recolher material para exame
Após a reportagem, Noélia Carlos Assis de Jesus disse ao Acorda Cidade que uma equipe da Vigilância Epidemiológica informou que até o próximo sábado (11) será colhido o material para ser entregue ao Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen) para confirmar ou não se ela está infectada com a covid-19.
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