Direitos Humanos

MP e defensorias recomendam plano de ação em prol de migrantes e indígenas em situação vulnerável em Feira de Santana

A recomendação, endereçada ao prefeito Colbert Martins, é uma tentativa extrajudicial de solução problemas.

Órgãos recomendam plano de ação em prol de indígenas Warao em Feira de Santana
Foto: Ascom / DPE-BA

A Defensoria Pública da União (DPU), a Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA) e o Ministério Público Federal (MPF) enviaram, nesta segunda-feira (26), recomendação à Prefeitura de Feira de Santana (BA) para que o município implemente medidas de acolhimento e de combate à discriminação, além de políticas públicas em favor de migrantes e refugiados, em especial indígenas Warao.

Em virtude da crise humanitária ocorrida na Venezuela, os fluxos migratórios dos Warao podem hoje ser notados em vários estados brasileiros. Entre os principais problemas que atingem essa população estão as questões de saúde, abrigamento, regularização migratória e alimentação adequada.

No documento, as instituições solicitam que a prefeitura regularize o fornecimento de cestas básicas e efetive a inserção dos migrantes na rede socioassistencial, garantindo o acesso aos serviços e benefícios previstos no Sistema Único de Assistência Social (Suas).

O município deve fazer a regularização vacinal, assegurar o atendimento pela atenção básica de saúde e pela rede de urgência e emergência, com atenção especial para crianças, gestantes e idosos, e fornecer medicamentos e referências para atendimentos especializados de média e de alta complexidade, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), entre outros serviços.

venezuelanos indígenas e defensoria pública
Foto: Ascom / DPE-BA

DPU, DPE-BA e MPF também recomendam que o poder municipal determine que nenhum órgão, agente público ou ente contratado, conveniado ou vinculado à administração emita declarações, em quaisquer meios de comunicação, que impliquem xenofobia, racismo ou outras formas de discriminação. Pelo documento, a prefeitura deve disponibilizar ainda capacitação aos migrantes para o trabalho.

O defensor regional de Direitos Humanos na Bahia, Gabriel César, explica que a recomendação, endereçada ao prefeito Colbert Martins, é uma tentativa extrajudicial de solução para o problema e foi pensada após a constatação de violações aos direitos dos migrantes. Além disso, declarações de gestores municipais, em entrevistas à TV, sobre pedidos de providências à Polícia Federal e Embaixada para que os indígenas retornem ao país de origem chamaram a atenção das instituições.

“Existem várias crianças e idosos de etnia Warao com problemas de saúde como tuberculose, doença diarreica grave, pneumonia e desnutrição. O Estado Brasileiro se comprometeu a acolher os imigrantes em diversos tratados internacionais. Além disso, com a Operação Acolhida, o Estado brasileiro reafirma o seu compromisso em cuidar dessas pessoas, reconhecendo a condição de vulnerabilidade delas. O município, nesse contexto, deve superar as dificuldades e prestar uma assistência mais ampla para essas pessoas”, afirmou o defensor.

Os órgãos defendem ainda que todas as abordagens e políticas públicas sejam implementadas respeitando o modo de vida e às singularidades do Povo Warao.

Além do defensor, assinaram o documento o defensor público estadual Maurício Martins Moitinho e o procurador da República Ramiro Rockenbach. A Prefeitura de Feira de Santana tem 15 dias para informar se acolherá ou não a recomendação e quais providências serão adotadas.

A Prefeitura de Feira de Santana encaminhou a seguinte nota:

A Prefeitura de Feira de Santana vem a público esclarecer que não existe qualquer prática ou ato que se qualifique como racismo institucional e xenofobia contra venezuelanos assistidos pelo Município. As matérias veiculadas em site oficial da Prefeitura apontaram situações em que equipes de assistência social orientavam pessoas da etnia warao quanto a exposição de crianças e adolescentes sob efeitos climáticos agressivos (calor e chuvas excessivas) nos semáforos e outros locais na cidade.

Os migrantes venezuelanos têm recebido total assistência da Prefeitura de Feira de Santana e são contemplados com benefícios eventuais, como cestas básicas, frango, peixe, fraldas e itens de limpeza, além de kits de higiene pessoal e utensílios pessoais, como cobertores, toalhas de banho, jogos de cama e colchões. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social também está garantindo o aluguel social.

No último ano, a equipe de Estratégia da Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde realizou mais de 20 visitas, oferecendo atendimentos como avaliação clínica, testagem para covid-19, atualização de caderneta de vacina, testagem para diagnóstico de infecções sexualmente transmissíveis, aferição de glicemia e orientação em saúde.

A Prefeitura de Feira de Santana reafirma seu compromisso em garantir acolhimento e assistência a todas as pessoas residentes no município.

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Jorge Santos

A prefeitura tem que alugar uma casa em condomínio para cafa família, dar um carro zero, cobrir de jóias e mais 5 salários todo mês, quem sabe assim os órgãos de defesa dos migrantes se dão por satisfeitos! Se nem o munícipe tem assistência básica, mesmo pagando impostos, imagine os de fora!

Jhonny Ewerton

Por que o MP e a Defensoria Pública também não ajuda os nossos nativos, várias famílias de Brasileiros nativos vivendo em situação de vulnerabilidade e o MP e a Defensoria Pública se preocupando com povos que vinheram pra o Brasil.
Como é que um país não ajuda os seus nativos e acolher com todos os deveres e diretos os estrangeiros.
Hoje eu vejo esses estrangeiros tem mais direito que os nossos nativos.
O MP e a Defensoria Pública só se preocupa com os estrangeiros e os nossos nada.
Muita hipocrisia cobrando direito pra os estrangeiros e os seus nada.
Primeiro os nossos que também estão precisando pra depois pensar no outros.

Fotógrafo do Lambe-Lambe

Sou contra esse povo aqui. Sejamos sinceros, a cidade não está dando conta nem de oferecer o mínimo de dignidade a nós nativos e pagadores de impostos. Aí vem esses forasteiros e prefeitura pega nosso dinheiro pra dar casa, comida e roupa lavada. Esses não contribuiem com nada. Só vão aumentar a violência na cidade.

Denim

Isso só se resolverá qdo for expedito um mandato de prisão contra os responsáveis pelo descaso e omissão humanitária.

CERTINHO

A PREFEITURA SÓ CUIDA DOS QUE ´*** DA VIÚVA. NÃO CUIDA DA POPULAÇÃO LOCAL, VAI CONSEGUIR CUIDAR DE IMIGRANTES? ALÉM DE INVIÁVEL, DO PONTO DE VISTA DA COMPETÊNCIA DA PREFEITURA, OS DEFENSORES TEM QUE APLICAR O MESMO EMPENHO EM RESOLVER OS PROBLEMAS DOS SEM LAR LOCAIS.