Andrea Trindade
 
A jornada de trabalho dos motoristas rodoviários é longa e estressante e a grande maioria dos profissionais não se dedica aos cuidados com a saúde. Além da má alimentação nas estradas, das poucas horas de sono e pausa, os motoristas sofrem com o stress durante o percurso, convivendo com os riscos de acidente, más condições das rodovias, assaltos, congestionamentos e a obrigação de cumprir as metas e prazos de carga da empresa.
 
Diante desta realidade, o Cereste (Centro Regional de Atenção à Saúde do Trabalhador) em parceria com a PRF (Polícia Rodoviária Federal) realiza até a próxima quinta-feira (25) o projeto Check-up na Estrada.  Os motoristas que trafegarem pela BR 116/Sul receberão alguns serviços de saúde, como aferição de pressão, teste de glicemia, vacinas, orientações e distribuição de preservativos.

 
De acordo com a coordenadora do Cerest, Verena Leal, os acidentes de trânsito envolvendo os motoristas profissionais são configurados como acidentes de trabalho. Além dos fatores causadores do stress, o fato de passar muito tempo sentado causa dados a saúde, assim como a alimentação inadequada e falta de exercício físico – principais causas de problemas cardiovasculares e com circulação sanguínea entre os caminhoneiros.  
 
“Pesquisas mostram os elevados índices de acidentes e estamos pensamos em trabalhar na prevenção. Enquanto não melhoramos o trânsito, melhoramos o psicológico deles. Temos que levar as noções de como eles podem se prevenir em relação às pausas, alimentação e atividade física para que possam melhorar os retornos venoso e circulatório e a pressão arterial”, disse a coordenadora. 
 
Segundo ela, os motoristas alegam faltam de tempo para procurar um médico e este projeto busca abranger o maior número possível destes profissionais e encaminhá-los a um serviço de saúde específico, se necessário.
 
 
O motorista Manoel Mercês, 70 anos, aprovou o projeto e teve bom resultado ao passar pelo Check-up. Ele trabalha nas estradas há 52 anos e disse que faz exames periódico todos os anos. 
 
“Cuidar da saúde vai da consciência de cada um e até inibiria o uso de drogas ao volante. Hoje não tem mais arrebite. Há colegas que usam droga pesada. Vira um ciclo vicioso e além da necessidade, alguns usam porque ficaram viciados”, disse Mercês que estava com pressão arterial e nível de açúcar normais.
 
O caminhoneiro Miguel Santana, 60 anos, disse que há cerca de 20 anos não vai ao médico e há seis meses não afere a pressão. Nas estradas há 40 anos, ele descobriu ao passar pelo Check que estava hipertenso. “Eu nunca senti nada, mas vou ter que mudar a dieta para ver se normaliza. Eu como de tudo: mocofato, sarapatel, churrasco, feijoada e agora vou ter que diminuir o sal e comer alimentos mais saudáveis”, prometeu.
 
O projeto começou nesta segunda-feira (22) às 8h, no posto da PRF onde uma equipe da Secretaria de Saúde realiza o serviço.
 
Fotos e informações do repórter Ed Santos do programa Acorda Cidade