Gabriel Gonçalves
Motoristas e cobradores do transporte alternativo que circula para o distrito de Humildes em Feira de Santana, paralisaram as atividades na manhã desta quarta-feira (24), reivindicando da Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT), a intensificação das fiscalizações contra o transporte clandestino.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o motorista João Adriano de Carvalho, explicou que o município está com muitos carros clandestinos circulando para o distrito, e isso está dificultando o trabalho dos profissionais que possuem a autorização da SMTT.
"Nós paramos hoje para reivindicar da Secretaria que tome uma posição, para que tenha mais fiscalizações, porque o clandestino está tomando conta da linha de Humildes. Estamos vendo aí cerca de 8 a 10 carros que rodam para lá, e a gente que leva até 10 minutos aqui no ponto parado para pegar passageiro, durante o percurso, não encontra mais nenhum. Estamos com essa dificuldade, não estamos conseguindo pagar nossas contas por conta desses problemas", disse.
Atualmente, a frota do transporte alternativo para o distrito de Humildes conta com 20 veículos, mas por conta da baixa procura de passageiros, apenas 15 está circulando, de acordo com o motorista João Adriano.
"Temos 20 veículos, mas estamos fazendo uma espécie de escalonamento. Estamos rodando com 15 e 5 ficam parados porque é muito carro para pouco passageiro, então além dos clandestinos, estamos com esse problema da pandemia e por isso fazemos esse rodízio todos os dias. Infelizmente não estamos nem tendo lugar para parar no centro da cidade, porque os outros carros que estão no ponto, demoram para sair. Queremos uma posição da secretaria, uma fiscalização intensificada, e que ela possam ajudar nossa categoria, proibindo a circulação desses clandestinos, pois não temos condições de rodar desta forma", concluiu.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
De acordo com o secretário municipal de transportes e trânsito, Saulo Figueiredo, o município hoje possui algumas limitações no enfrentamento contra o transporte clandestino.
"Nós estamos passando por um momento mais grave da história do transporte público em nosso país e isso tem afetado aos operadores e as pessoas que dependem desse tipo de transporte. No dia de ontem, um representante da cooperativa esteve conosco e discutimos uma série de dificuldades que a classe tem enfrentado e colocamos aqui, algumas limitações que o poder público municipal também tem enfrentado nesse combate. Na nota do poder público, só é permitido fazer o que está na lei e hoje temos dois instrumentos que nos permitem proibir o transporte clandestino, que são duas leis, uma municipal que inclusive foi alvo de uma determinação judicial com relação ao grupo Cotafalg e o desembargador proibiu o município que aplicasse lei municipal, então por isso temos essa limitação e temos também o Código Brasileiro para também fazer aplicação, coibindo o transporte clandestino", explicou.
Ainda segundo o secretário, através do Ministério Público, a secretaria pode encontrar algumas alternativas para a proibição do transporte irregular.
"No ano passado recebemos uma recomendação do Ministério Público para que atendessemos a um dispositivo do Denatran, um documento protocolado também por essa cooperativa que faz transporte clandestino em nossa cidade e ontem em conversa com a Dr. Márcia do Ministério Público, ela orientou que a cooperativa legal fizesse uma representação ao Ministério para que o MP possa se comprometer e assim, achar uma alternativa para que o município possa efetivamente proibir o transporte clandestino e possibilitar que as pessoas busquem o caminho da formalidade e que possam ter o seu ganha-pão. Lamentamos essa situação, mas estamos aqui de portas abertas para o diálogo e o representante da cooperativa já está aqui, através do nosso serviço jurídico colhendo algumas orientações para que possa encaminhar essa representação ao Ministério Público. Orientamos que essa classe não prejudique as pessoas, os clientes, principalmente nesse momento, esse é um alerta que nós fazemos e que essas pessoas possam se comprometer a continuar prestando o serviço para a nossa população, lembrando que nesse momento de dificuldade, precisamos preservar o direito de ir e vir das pessoas e todas as providências estão sendo adotadas com as autoridades", concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade