Feira de Santana

Motoristas de aplicativo realizam nova manifestação na Avenida Nóide Cerqueira em busca de segurança

O grande motivo da manifestação foi cobrar à justiça pela morte de Rafael, além das investigações, e solicitar mais segurança para a categoria de motoristas por aplicativo.

Gabriel Gonçalves

Na tarde desta terça-feira (13), um grupo de motoristas de aplicativo, com o apoio do Sindicato dos Condutores de Aplicativos da Bahia, se reuniu para manifestar em busca de mais segurança pública para a categoria.

Um dos propósitos mencionados durante o encontro é ter a conclusão das investigações que cheguem a autoria do assassinato de  Rafael dos Santos Nascimento, encontrado morto no dia 3 de abril, no bairro Areal, município de Santa Bárbara, e que estaria completando 24 anos de idade no dia de hoje.

Em entrevista ao Acorda Cidade, a presidente interina do Sindicato dos Condutores Autônomos Cadastrados em Aplicativos de Carona (Sincaap), Viviã da Rocha, explicou que o grande motivo da manifestação é cobrar à justiça pela morte de Rafael, além das investigações, e solicitar mais segurança para a categoria de motoristas por aplicativo.

Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade

"Estamos nessa carreata para homenagear o Rafael, que hoje estaria completando 24 anos de idade e tinha uma vida inteira pela frente. Ele deixou a família, deixou filhos e estamos aqui para cobrar á justiça pelo que aconteceu com Rafael e cobrar das investigações para que isso não fique dessa forma. Queremos chamar a atenção da mídia, porque sabemos que ela sim tem repercussão e tem a sensibilidade. Queremos o retorno dos órgãos públicos de segurança para a nossa categoria que hoje move a cidade", destacou.

Viviã informou que a profissão de motorista tem sido um grande risco devido à marginalidade. Sabem a hora de sair, mas não sabem se retornam com vida para casa.

"Nós saímos de nossas casas chamando por Deus e pedindo para retornar. Muitos estão sendo vitimados pelo crime. Quando o motorista não é morto, ele perde algum bem, passa por situações que geram traumas e diversas situações que vem afetando a vida psicológica desses motoristas de aplicativo. Estamos aqui em busca de quem fez isso com Rafael, inclusive verificar as ferramentas que já estão prontas para serem implementadas, só basta a aceitação dos poderes públicos", explicou.

Amigo próximo de Rafael, o motorista de aplicativo Thiago dos Santos Pereira informou que manteve contato com a vítima até a sexta-feira, quando Rafael trocou de celular com a esposa.

Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade

"Nós éramos muito apegados. Ele era meu companheiro de rodagem, assim como outros motoristas, mas eu sempre fui muito próximo a ele. Eu estava tendo contato com ele até sexta pela manhã, quando ele trocou de celular com a esposa. Depois disso não tivemos mais informações. Nós reconhecemos o corpo dele através de fotos enviadas nesses grupos de WhatsApp, assim como a foto do carro que foi encontrado aqui em Feira", disse ao Acorda Cidade.

Para Thiago, sair para trabalhar é contar com a segurança que pouco se tem na cidade, saber que está saindo, mas não sabe se retorna.

"A gente sai para trabalhar, mas não sabe se volta. É uma total falta de segurança, corridas com valores baixos, passageiros que fraudam o próprio aplicativo já com o intuito de fazer alguma coisa errada. Diariamente é dessa forma. Se fosse apenas um assalto, mas agora eles matam para roubar", declarou.

Trabalhando há cerca de três anos como motorista de aplicativo, Rodrigo Assunção explicou ao Acorda Cidade que nunca foi assaltado, mas já foi ameaçado ao deixar passageiros em um bairro daqui de Feira de Santana.

"Eu nunca fui assaltado, mas uma certa vez fui ameaçado quando fui deixar uma família em um bairro daqui de Feira. Inicialmente eu busquei eles na rodoviária e quando eles desceram do carro que fui abrir o porta-malas, veio um meliante com um revólver 38 na mão dizendo que não era para eu estar ali naquele momento que era horário de movimentação de tráfico e me disse que da próxima vez, se eu entrasse na rua naquele horário, iria encher o meu carro de tiro. Depois disso, foi uma sensação terrível, várias crises de ansiedade e isso não acontece só comigo, diversos colegas são vítimas desta forma", afirmou.

Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade

Segundo Rodrigo, trabalhar como motorista de aplicativo é como brincar de 'roleta russa' com um revólver apontado para a cabeça.

"Eu sempre digo que trabalhar como motorista de aplicativo em Feira de Santana é brincar de roleta russa com um revólver calibre 38 na sua cabeça. A cada coisa que faz, é um Tac Tac Tac, como que a qualquer momento, aquela munição fosse explodir na sua cabeça, então é esta a sensação de trabalhar aqui na cidade", concluiu.

Fotos: Aldo Matos/Acorda Cidade

Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade

Leia também: Motoristas de aplicativo homenageiam colega assassinado e pedem mais atenção da segurança pública

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