Rachel Pinto
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a profissão de motorista de ônibus urbano está entre as atividades com maior índice de estresse no Brasil. Um levantamento feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Sindicato dos Motoristas e Transporte Urbano em São Paulo, apontou que uma média de 35% de motoristas da região de Belo Horizonte precisou se licenciar nos últimos 18 meses por problemas de saúde relacionados à atividade profissional. Essa realidade é característica das grandes cidade, metropóles e regiões onde o transporte público é o principal meio de deslocamento da população.
Em Feira de Santana, há inúmeros trabalhadores que atuam nesse setor e movimentam a economia e o dia a dia da cidade. A profissão além das exigências técnicas e práticas com a direção do veículo e a responsabilidade com trânsito, exige paciência, relacionamento interpessoal e também o autocuidado e a necessidade de promover o bem estar para si e para o passageiro.
O motorista da empresa de ônibus São João, Adailton de Jesus, conhecido como Dai Baiano e a cobradora Ana Lúcia Souza, da linha Sim/Dhama- FTC, são exemplos de uma das lições do livro o Pequeno Príncipe, um clássico da literatura que ao longo de 75 anos de sua publicação é atual em tudo aquilo que demonstra o verdadeiro sentido de uma amizade, do cuidado e em relação a esperança, ao amor e a possibilidade de enxergar além das aparências. A frase “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, não está escrita no pára-choque do ônibus, mas é, um dos preceitos que os rodoviários carregam tanto para a vida pessoal como o exercício da profissão.
A reportagem do Acorda Cidade já teve a oportunidade de flagrar vários momentos cativantes da dupla Dai Baiano e Ana Lúcia e a sintonia, bom humor e alto astral que fazem o longo percurso de um ônibus lotado e no meio do calor, se tornar agradável e até aconchegante. O ano de 2019 já chegou no ônibus com direito aos cumprimentos de Feliz Ano Novo e abraços aos passageiros.
Foto: Maylla Nunes/Acorda Cidade
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Adailton conta que tem essa postura como uma maneira de não se estressar com os problemas cotidianos, viver a vida de uma forma mais leve, extrovertida e espontânea.
Tanta espontaneidade não falta uma musiquinha para deixar o trajeto do ônibus ainda mais animado. A Play List do motorista têm desde clássicos da Música Popular Brasileira (MPB), música gospel e ainda muito rock dos anos 80 como as músicas de Legião Urbana. Entre uma paradinha do ônibus e outra rola inclusive uma coreografia com os braços e a cada ponto de ônibus quem entra no veículo, se estiver preocupado, nervoso, ou apressado é cativado pela energia positiva dos rodoviários.
Um dos melhores momentos da viagem é sem dúvida quando o ônibus passa no viaduto da Avenida Getúlio Vargas/Noide Cerqueira. A emoção de estar passando em um ponto mais alto da cidade e descer a ladeira é ovacionada com uns gritinhos de: “Uhullll!”.
Foto: Maylla Nunes/Acorda Cidade
No movimento do trânsito, de uma cidade grande, do vai e vem de muitas pessoas, eles fazem a diferença e são responsáveis por cativar bons sentimentos e os melhores sorrisos de outros tantos trabalhadores.
*Colaborou a estagiária Maylla Nunes
