Liberdade é a palavra-chave na vida de Valentina Gui, que é cantora, compositora, professora de inglês e nômade. Ela é natural da cidade de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, e mora em um motorhome.
Atualmente, ela está em Feira de Santana, onde pretende gravar músicas. E quando falamos em liberdade, não se trata apenas do estilo de vida escolhido pela artista de morar em um ônibus e viajar por várias partes do país, mas também das escolhas que ela tem feito e da forma de encarar a vida.
“Hoje vivo totalmente fora dos padrões do mundo. Esse mundo capitalista, materialista, egoísta, orgulhoso. Eu tento andar na contramão disso tudo, esvaziando a mochila de sentimentos ruins, de pensamentos ruins e não acumulando muita coisa. Então hoje, se o Papai do Céu viesse me buscar, eu estaria nua, porque eu me despi de tudo. Da vaidade, da matéria e das coisas que não somam. É isso que eu tenho tentado viver. Hoje, para mim, sucesso é fazer o que se ama, independentemente de um ou um milhão estarem assistindo, porque viver em paz é muito difícil, então a gente tem que ter essa aceitação de ser o que é”, afirmou.
Diante dessa escolha, Valentina tem optado por fazer o que gosta sem se importar com a opinião dos outros. A música tem sido seu guia e foi através dela que a artista veio parar em Feira de Santana.
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“Eu conheci um cara daqui de Feira, lá no Rio de Janeiro, que tinha um motorhome também. Eu falei que tinha vontade de conhecer a Bahia e aí ele me convidou para ficar uns dias aqui em Feira de Santana, eu acabei vindo. Eu queria gravar o meu trabalho autoral das músicas novas em Salvador, mas meu ônibus não tem como ficar lá e eu acabei parando aqui na casa dele para ter um apoio, para conhecer a cidade. E aí conheci um produtor e tudo foi acontecendo. É como se tivesse sido preparado pelo poder superior de Deus”, afirmou.
A experiência na cidade princesa tem sido muito proveitosa, segundo contou ao Acorda Cidade. Ela disse que pretende ficar bastante tempo por aqui. “Tenho conhecido bastante coisa, mas o plus da cidade é o povo, que acolhe de uma maneira incrível. Eu quero ficar na Bahia e Feira parece ser o centro da Bahia, é bem comercial, com boa energia, movimentação de pessoas querendo fazer as coisas acontecerem. Eu acho que aqui as coisas vão acontecer para mim. Depois pretendo ir para Salvador.”
Valentina é cantora e compositora há 15 anos, ela canta o estilo folk e define sua melodia como música para alimentar a alma. Em 2024, ela lançou três canções e, no mês de dezembro, gravou em Feira de Santana, o clipe da música ‘Preciso Ir’, que pode ser ouvida através do Spotify.
“Essa música também foi uma inspiração. Todas essas músicas que têm vindo agora têm vindo das vivências que têm ocorrido comigo aqui dentro do motorhome. Essas três músicas que lancei ano são músicas autorais maravilhosas, são músicas para a alma. A minha música é pra você entrar no carro, pegar a estrada, viajar, sentar na beira da praia, apreciar. É uma música da alma, é uma música que faz você refletir, que traz uma energia diferenciada.”
Dia a dia no motorhome
Valentina Gui ainda compartilhou com o Acorda Cidade como é a vida morando em um motorhome, um ônibus do ano de 1973, todo equipado com tudo que ela precisa no dia a dia.
“A casa tem tudo que um apartamento confortável teria. Ele é meu há quatro anos, eu moro definitivamente nele há um ano. Dirijo esse ônibus sozinha, viajo sozinha. Aqui tem tudo que eu preciso, tudo simples, porque sou uma pessoa simples. Quando eu escolhi essa vida nômade, eu esvaziei o meu armário, a minha vida. Tudo que eu tenho hoje cabe dentro da minha mochila”, afirmou.
Com essa mudança de vida para morar em um motorhome há um ano, a artista conta que viveu uma transformação interna e diz que atualmente vive o momento mais importante da sua vida.
“Este ano eu posso dizer que estou num lugar, vivendo o momento mais importante da minha vida, estando num lugar totalmente satisfeita com a vida que eu tenho, grata, porque às vezes a gente chega no final do ano cheio de ideias, de dúvidas. Mas olha, eu posso falar pra você que estou grata por estar aqui, vivendo exatamente esse momento da minha carreira, esse momento da minha vida, de estar em paz, de ter conseguido chegar numa maturidade de entender que não preciso de muita coisa pra viver, só da minha música, do meu violão e do meu busão.”
Dentro da sua rotina de nômade, Valentina também dedica alguma parte do seu dia às aulas de inglês. Ela é professora de idiomas e as aulas online ajudam nas despesas da viajante.
“Sendo uma artista independente, hoje eu ainda não consigo ganhar dinheiro com a música, é só investir. Mas eu já tenho uma boa caminhada, eu dou aula de inglês online, por ter essa vida nômade, eu trabalho em casa, vivo em casa. Minha rotina é acordar, arrumar minha casa, tomar meu café, fazer a minha oração, tocar um pouco de violão, depois vou para a academia, fico duas horas todo dia na academia, depois volto, preparo meu almoço, faço minhas coisas, aí eu dou minhas aulas. Tenho um dia sempre tranquilo”, contou.
Mas a vida de um nômade não é só tranquilidade; as dificuldades, especialmente para ela que é uma mulher e viaja sozinha, também estão presentes.
“É um desafio. Você nasce mulher, você já está na dificuldade. Então imagina você ser uma nômade e viver num ônibus onde você tem que viajar sozinha, dirigir sozinha, trocar pneu sozinha. Ver se tem água, porque quando a gente mora em motorhome você tem que se preocupar com água, com esgoto, com tudo. E aqui não é igual a uma casa, de 15 em 15 dias, tem toda uma movimentação para fazer do esgoto, da água, para poder ficar bem aqui. Além disso, você não tem respeito dos homens em todas as partes que você vai, ainda mais sendo uma mulher bonita. Mas acho que a gente atrai sempre aquilo que a gente vibra. Nesse um ano que estou morando no motorhome não tive problema nenhum ainda”, afirmou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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