Laiane Cruz
Moradores do Conjunto Feira X, que residem na localidade Vila Verde, próximo ao canal de escoamento das águas do riacho, estão temerosos com a ocorrência de novas chuvas fortes em Feira de Santana. De acordo com eles, todas as vezes que chove, as águas do canal transbordam a uma velocidade alta e invadem as casas, trazendo diversos transtornos para a população.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Em entrevista ao Acorda Cidade, o pedreiro Cosme Pereira dos Santos informou que o problema é antigo e todos correm risco de perder seus bens e até mesmo a vida, como já ocorreu.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Minha mãe já tem mais de 20 anos que mora aqui, e eu morava aqui com ela, fui para Salvador e depois retornei. Quando chove aqui, todo mundo corre risco, a gente não sai da localidade. Todo mundo fica com medo. Eu moro ao lado do riacho e fico com bastante medo, porque muitas pessoas já tiveram prejuízo aqui, como aqui na frente da minha casa morreu uma mulher e o filho, que a água levou os dois”, afirmou o morador.
Para ele, a prefeitura tem que construir um túnel no local. Além disso, a localidade carece de mais atenção do poder público. “Precisamos de mais atenção na Vila Verde, entra ano e sai ano e o prefeito não faz nada por nós. O certo é limpar o canal e olhar mais pela gente. Moro a cinco metros do canal. Fiz um batente de 50 a 60 centímetros para não entrar água e mesmo assim quando choveu ficou faltando 20 centímetros para não entrar água. Moro com minha esposa e uma filha, e já tem mais de 20 anos nessa guerra”, reclamou.
Também moradora da Vila Verde, na Rua 12 de Outubro, Marlene Caetano, informou ao Acorda Cidade, que além de vazar, as águas do riacho exalam um forte mau cheiro e ficam escuras. Ela destacou que quando está para chover, todos os moradores do entorno do córrego ficam em estado de alerta.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Os moradores ficam ilhados. Vaza lá em cima e passa a água aqui. Na minha casa já entrou água e a gente fica desesperado. Vou lá para cima, pois tenho uma menina de 5 anos, quando não vou para a casa dos meus parentes. Estou tentando construir e quando chove fico na laje. A gente já perdeu móveis e começamos a colocar os móveis lá no alto para não perder, porque a gente já não tem, e nem tem quem ajude. Autoridade nenhuma vem ajudar, o prefeito aqui esqueceu da gente. A escuridão é ‘braba’ e a gente mesmo é quem capina. O canal transborda e já morreu gente, mãe e filho”, disse a moradora.
Em contato com o Acorda Cidade, a coordenadora da Defesa Civil, Anna Karoline Rebouças, afirmou que não houve solicitações ao órgão por parte dos moradores da Vila Verde durante as últimas chuvas. No entanto, confirmou que, quando chove as águas do canal correm com muita força e em alta velocidade.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“O que a Defesa Civil está fazendo para prevenir: sabemos que a água dali vem de algumas ligações que acabam caindo todas naquele canal do Feira X. O plano de drenagem já inclui a questão do Feira X, então a prefeitura vai ter que realizar uma área de amortecimento para que a água não venha com muita velocidade para chegar até o canal. A questão das unidades, como não tivemos ocorrências, a gente acompanhou, estivemos no início do canal, na Vila Verde, e a gente solicitou à Secretaria de Serviços Públicos (Sesp) a limpeza do canal. Com os canais limpos, a gente diminui os alagamentos, não tira a possibilidade de haver transbordamento do canal, mas diminui muito”, explicou Rebouças.
Ela destacou ainda que, além de fazer o processo de monitorar, através das solicitações, a Defesa Civil solicitou alguns benefícios para aquela área do canal, como limpeza e maquinário para fazer uma intervenção na Vila Verde.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Infelizmente é um canal com muitas pedras, a gente não pode aprofundar o canal, então a gente pensa junto com a equipe de estrutura no amortecimento de água. O que assusta muito lá não é só o canal cheio, mas a velocidade. A gente compreende que a população fica receosa em relação às chuvas. Mas tivemos dois períodos de chuvas fortes, que não tiveram ocorrências no Feira X. Infelizmente existem casas muito próximas ao canal”, avaliou a coordenadora da Defesa Civil.
O diretor do departamento de limpeza pública de Feira de Santana, João Marcelo, informou ao Acorda Cidade que a limpeza do canal do Conjunto Feira X foi realizada nos meses de maio e novembro, antes da primeira chuva.
“Até o dia 31 de dezembro, foram atendidos 43 córregos na cidade. Esse tipo de ação é feita de acordo com o volume de água que é recebido com as chuvas. Nós estamos realizando ações, e os piores locais de Feira em termos de alagamento são os córregos do Feira X e por este motivo o problema não foi maior. Fizemos o córrego da Lagoa de Chico Maia, próximo à Mangabeira, fizemos o córrego do Feira V, próximo à Fraga Maia, e também atuamos no córrego que começa no Jardim Acácia. Além desses, chegamos a uma totalidade de 43 córregos, tentando reverter esses alagamentos”, informou o diretor.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.