Minha Casa, Minha Vida

Moradores de conjunto habitacional de baixa renda recebem contas absurdas

O condomínio é um símbolo do programa habitacional do governo federal, pois foi inaugurado por Lula e mostrado várias vezes na propaganda da então candidata Dilma Roussef.

Acorda Cidade

“Não é mais Minha Casa Minha Vida. É Minha Casa Minha Dívida”. É assim que Marcia Gleide Brás resume a revolta com os valores cobrados nas contas de luz e água com vencimento em dezembro, que chegaram no condomínio Conceição Ville, em Feira de Santana, habitado por famílias com renda entre 0 e 3 salários mínimos e onde moradores pagam prestação mensal de R$ 50,00 para serem donos dos imóveis. Houve casos até de contas de água de R$ 823,75 e R$ 767,45.

O condomínio é um símbolo do programa habitacional do governo federal, pois foi inaugurado por Lula e mostrado várias vezes na propaganda da então candidata Dilma Roussef. Muitos moradores vivem do Bolsa Família e recebem menos que R$ 200 por mês. “Aqui tem gente que não tem nem o que comer, muito menos como pagar esses valores”, garante Adriana Menezes, cuja conta de água saltou de R$ 24,75 para R$ 88,75 em um mês.

Blocos inteiros vieram com valores idênticos na conta de água. 20 apartamentos com R$ 88,75. Outros 20 com R$ 96,12. “Como é que eu moro sozinho, nem cozinho aqui, passo o dia fora e vou pagar um valor deste?”, reclama Altino Pereira. Susto pior passou a dona de casa Yone Miranda de Santana, que recebeu conta de R$ 539,03. “Eu viajo com meu marido, que é caminhoneiro e só passo dois dias por semana em casa”, protesta.

“Eu não pago. Eu não sou ladrona, onde vou arranjar dinheiro?”, indaga Maria da Conceição Oliveira. Outra dona de casa afirmou que vai “filmar tudo e colocar na internet, pra Lula ver”.

EMBASA ADMITE ERRO

O gerente comercial da Embasa em Feira de Santana, Antonio Carlos Moura, admitiu que houve erro e prometeu recolher tudo, para emitir ainda esta semana novas contas. "R$ 800 de água só se fosse uma piscina olímpica", calcula.

Entretanto, o problema pode não ser totalmente equacionado. “Por experiência sabemos que em média um apartamento gasta 20 metros cúbicos de água”, relata. Este consumo é exatamente o que consta nas contas de R$ 96 e que os moradores dizem não ter condições de pagar.

Na conta de luz, embora não tenham surgido valores exorbitantes, houve residências que passaram de R$ 3,68 para R$ 43,91. A Coelba mandou uma equipe de atendimento para o condomínio. Os funcionários da empresa explicaram que o problema foi a mudança na legislação federal, que incluía na tarifa social qualquer cliente com consumo até 80 kilowatts. Agora só ganha a tarifa social quem está inscrito em programas sociais do governo e possui NIS (Número de Inscrição Social). A equipe da Coelba fez no próprio local o cadastramento das pessoas nesta situação. Com isso as contas devem voltar a valores mais baixos.

(As informações são do repórter Glauco Wanderley do A tarde )

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