Distrito de Maria Quitéria

Moradores da Comunidade Lagoa Grande no distrito de Maria Quitéria realizam segundo mutirão de limpeza

A ação tem como objetivo revitalizar a Lagoa Grande do distrito.

Gabriel Gonçalves

Diante das insatisfações e incômodos por conta da grande quantidade de lixos e entulhos jogados próximo à Lagoa Grande no distrito de Maria Quitéria em Feira de Santana, os moradores decidiram realizar mais um mutirão de limpeza na manhã deste sábado (19).

A ação que teve cerca de 25 voluntários, contou com a participação de técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam).

Em entrevista ao Acorda Cidade, a presidente da Associação Quilombola Comunitária de Maria Quitéria, Renilda Cruz dos Santos, explicou que a ideia do mutirão, partiu dos próprios moradores da comunidade. Segundo ela, pequenas ações, geram grandes resultados.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

"Esse mutirão surgiu do incômodo da gente enquanto moradores da comunidade, ver um recurso natural que é um espaço de cultura, de lazer, de diversão, de pesca para comunidade, e ver esse recurso ambiental sendo destruído. Então estamos incomodados com esta situação, partiu de nós como moradores fazer a ação porque a gente acredita que pequenas ações geram grandes resultados. A gente está fazendo a nossa parte e também sensibilizando os moradores para que eles não continuem jogando lixo porque a gente não pode apenas culpar o poder público, porque nós como moradores, também temos a nossa parcela de culpa e estamos na ação de estarmos limpando esses entulhos que estão sendo jogados. A gente tem buscado parcerias com entidades e também com o poder público. Enviamos ofícios para a prefeitura solicitando que eles mandassem as caçambas e no primeiro mutirão, eles mandaram uma caçamba e todo entulho que a gente recolheu, vieram buscar e nesse segundo mutirão, a gente fez outra solicitação de duas caçambas e uma retroescavadeira, porque tem materiais pesados que não conseguimos recolher, então a gente pediu essa retroescavadeira para auxiliar", explicou.

Após o mutirão, Renilda informou à reportagem do Acorda Cidade, que placas de sinalização serão espalhadas pelo local, com o aviso que é proibido fazer o descarte de lixo e entulhos.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

"Nós pretendemos espalhar mais placas por que temos até o momento uma placa que é proibido jogar o lixo, onde tem um artigo que lá está explicando que é crime jogar lixo aqui na lagoa e outros espaços também. Esperamos que as pessoas que fazem essa ação de jogar o lixo, tomem consciência de que é um erro, é um crime que eles estão cometendo contra o meio ambiente. Hoje a gente deve ter aqui da comunidade cerca de 20 até 25 pessoas sendo que tem também outras entidades, como o pessoal da Secretaria Municipal de Meio Ambiente como parceiros e que estão nos ajudando colocando a mão na massa", citou.

Ainda de acordo com Renilda, o grande objetivo da comunidade, é que seja feita uma revitalização no local.

"O que a gente pretende, é que seja feita a revitalização da nossa lagoa. A gente faz esse pedido aos órgãos públicos municipal, estadual e até mesmo federal, para que eles possam ouvir o nosso clamor e nos ajude a revitalizar esta lagoa. João Dias disse para a gente, que o orçamento para poder revitalizar essa lagoa seria em torno de 40 milhões, então se esses 40 milhões não forem de uma vez, então vamos fazer aos poucos", disse.

Para Isabel de Jesus Santos dos Santos que também é moradora da comunidade, a avaliação feita por ela do mutirão na Lagoa Grande, é positiva, pois é uma ação realizada pelos próprios moradores no sentido de preservar o meio ambiente.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

"Essa é uma grande importância da própria comunidade em se movimentar em defesa da lagoa, em defesa do território quilombola, então isso já é uma avaliação positiva. A gente não ficou só esperando pelo poder público, a gente foi lá, meteu a mão na massa e fez. Nós estamos ensinando as outras gerações, eu sou da terceira geração e a minha quarta geração está ali também envolvida na ação. Isso dar uma ideia de educação, porque as gerações estão conscientes, e a população que joga os resíduos, começam a absorver diferente", afirmou.

Segundo Isabel, os mutirões serão realizados pelo menos uma vez ao mês.

Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade

"A gente colocou nesse planejamento da Associação, pelo menos uma vez ao mês em continuar com este mutirão. A próxima ação, a gente vai começar a ralear a área de vegetação e introduzir outras espécies, porque a lagoa sofreu muito impacto ambiental e vem sofrendo. A gente também vai cobrar do poder público, que cerque para diminuir a incidência de depósito de resíduos sólidos aqui na lagoa", concluiu.

Acompanhando de perto a ação, o chefe de Educação Ambiental da Semmam, João Dias, destacou que a ação com iniciativa da própria comunidade é de suma importância, e informou que o poder público estará presente no que for preciso.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

"A comunidade está desenvolvendo algumas ações aqui em prol da lagoa e convidou a Secretaria de Meio ambiente e nós nos propusemos a acompanhar a comunidade e a contribuir na medida do possível durante o ano inteiro haja vista, que a comunidade já programou atividades para o ano todo. Essa é uma iniciativa maravilhosa, agora tem as ações que a comunidade cobram do poder público e que o poder público vai com certeza tomar providências para ajudar a comunidade. Nesse sentido a Lagoa Grande de São José, como o próprio nome diz, já é uma lagoa grande, mas ela tem área de domínio público que segundo a comunidade está ocorrendo esses descartes de resíduos, e tem pessoas invadindo aqui. Hoje já existe um curral, existe também uma residência que se tornou uma fábrica, outras pessoas alegam que são invasões e essas questões, a Secretaria de Meio Ambiente e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, tem que tomar providências. Além disso, a Secretaria de Meio ambiente já elaborou quais são as intervenções que precisam ser desenvolvidas na Lagoa Grande e no Rio São José que alimenta a lagoa", explicou.

Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade

Ainda de acordo com João Dias, uma das primeiras intervenções que serão feitas no local, é o cercamento da lagoa, para evitar que novos descartes de entulhos sejam jogados.

"Uma das intervenções é cercar a Lagoa Grande de São José, o município precisa cercar a lagoa porque segundo os moradores, caçambas clandestinas infelizmente, caçambas que segundo eles, prestam serviço ao município estão vindo descartar resíduos aqui. São essas as orientações e a Secretaria de Meio ambiente acompanha junto com a comunidade e também vai encaminhar para o poder executivo esta situação. O que hoje eles estão fazendo, mostra o pertencimento que a comunidade de Lagoa Grande tem com a própria lagoa, visto que segundo eles, muitos desses resíduos são jogados pelas próprias pessoas aqui da comunidade e isso agora vai inibir estas ações, evitando que novos lixos sejam descartados", concluiu.

Foto:Ed Santos/Acorda Cidade

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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