Neste domingo (19) é celebrado o Dia de São José. O santo foi esposo da Virgem Maria, um homem justo que assumiu a missão de pai do Filho de Deus, Jesus, o Cristo. A Igreja Católica venera São José com muitas honras, já que ele é considerado padroeiro dos trabalhadores, da família, protetor da viúvas, das vocações e também é considerado por muitos fiéis agricultores como ‘o santo da chuva’.
A agricultora Bernadete Bispo de Almeida, 60 anos, natural do distrito de Tiquaruçu, zona rural de Feira de Santana, compartilhou ao Acorda Cidade que foi criada no campo, mas veio para Feira de Santana a fim de trabalhar. Hoje, após 10 anos de aposentada, Bernadete não abandonou as suas raízes e descreveu o seu amor pela agricultura.
“Depois de adulta fui para a cidade, trabalhei, me aposentei e tem uns dez anos que voltei para a roça de novo e tem sido uma benção. Eu trabalho, planto e venho quinta-feira à feira de Agricultura familiar”, abordou.
Na zona rural de Tiquaruçu Bernadete produz aipim, mamão, acerola, pinha, ovos de quintal e também faz artesanato para vender em Feira de Santana.
“Nem todo mundo aqui tem a oportunidade de comer bons produtos. É gratificante saber que estamos passando uma alimentação boa e que as pessoas estão sendo bem alimentadas através da gente”, pontuou.
Devota de São José, dona Bernadete contou como conheceu o santo. “Eu conheci o santo através do Dia de São José. As pessoas falavam que era para gente pedir a São José que ele mandava a chuva para a gente plantar o milho para o São João e todo ano a gente planta o milho, vê a chuva, ficamos felizes e fazemos a plantação. Saber que o pai de Jesus é o nosso intermediário das chuvas e das bençãos de Deus que manda para todo mundo é maravilhoso”.
Milagres da terra
Bernadete disse que ao pedir a São José pela chuva, a chuva veio. Com isso, a agricultora conseguiu preparar a terra para o plantio com a chegada da chuva abençoada.
“O milho é o principal produto que plantamos nessa época para o São João. E pedimos que São José mande chuva para plantarmos, porque a terra já está preparada”.
Outra devota do santo, a agricultora Jaciara Boaventura, 37 anos, relatou ao Acorda Cidade uma história vivenciada por ela e por outros agricultores após um clamor feito a São José em Bonfim de Feira, distrito em que mora.
“Durante uma seca em Bonfim de Feira, a gente foi cavar um riacho… Quando esse riacho secou e ficamos sem água, nós fomos cavar para ver se minava água para darmos aos animais. Ainda não tínhamos plantado, estávamos pedindo pela água para começarmos o plantio. E quando a gente chegou à nossa casa, começou uma trovoada e até hoje a gente não sabe aonde os baldes foram parar. Eu acredito que foi São José que atendeu esse milagre”, relembrou com alegria.
Adriana Lima, agricultora, de 43 anos, também compartilhou os milagres, que segundo ela foram concedidos por São José.
“Na comunidade de Capim Grosso, no ano de 2008, vivemos momentos muitos difíceis com uma grande seca no município. E o Sindicato reivindicava políticas públicas relacionadas com a questão da sobrevivência no meio rural, mas sempre nós, enquanto agricultores, sempre mantivemos a fé e a esperança viva dentro de nossos corações buscando cada vez mais reforçar. E nós temos São José como uma referência, porque ele é o nosso intercessor junto a Jesus no céu, e é ele que solicita para Deus a chuva para que ela venha ao nosso meio. E foi colocado São José em algumas comunidades vizinhas, como a gente sempre utiliza, de cabeça para baixo, solicitando a misericórdia de Deus que chegasse ao nosso meio. E fomos fazer a plantação no Dia de São José na comunidade de Capim Grosso, no distrito de Tiquaruçu e quando chegamos lá fizemos a plantação do milho com a fé acesa de que ele intercederia junto a Jesus. Nos juntamos a diversos distritos, diversas pessoas, para fazer essa plantação e aí quando a gente fez a plantação não tínhamos expectativa nenhuma, nem a previsão do tempo de que a chuva acontecesse, mas pela nossa fé a chuva veio, molhou essa terra e o milho nasceu. E a partir daí o inverno já deu um sinal de vida no nosso meio”, expôs.
Essa história fortaleceu mais ainda a fé dos outros agricultores.
“Era algo que víamos como impossível de acontecer, mas a graça aconteceu. E graças a nossa fé e a intercessão de São José junto a Deus que teve misericórdia de cada um de nós”, frisou.
Preparação para o plantio
O Dia de São José é compreendido por muitos fiéis como uma data limite e significativa para a chegada de boas chuvas para as plantações, como destacou a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Conceição Borges.
“A gente tem vários casos da zona rural de que no dia 19 de março não choveu, mas as pessoas estão alí plantando, porque sabem que antes do final do mês a chuva chega. Este ano estamos com esta disposição”, esclareceu.
A festa de São José está prevista para acontecer na Comunidade de Ladeira, no distrito de Tiquaruçu.
“Lá o padoreiro é São José. A gente já começou a fazer o preparo do solo, já começamos a plantar, e no domingo, no dia do padroeiro, vamos estar em caminhada clamando e cantando, pedindo a São José que interceda junto ao filho dele Jesus Cristo e junto ao Deus todo poderoso que a chuva venha e que venha em abundância. Aqui a gente diz muito que o plantio do Dia de São José atende a demanda junina, mas a gente clama a São José para que tenhamos um inverno com muita chuva para que garanta fartura o ano todo para botar comida na mesa do povo, tanto na zona rural quanto na cidade”, destacou.
Até hoje a tradição cultural é mantida e festejada com clamor.
“A chuva em algumas comunidade já chegou, inclusive na comunidade onde vai acontecer a festa na região de Ladeira, Capim Grosso, e a gente espera que continue. Do ponto de vista da fé a gente clama ao nosso Deus com a intercessão de São José para que tenhamos muitas chuvas e para isso agradecemos festejando, celebrando o Dia de São José”, abordou.
Investimentos esperados para zona rural
Além disso, Conceição Borges ressaltou que São José não pode operar sozinho por meio das chuvas, segundo ela a zona rural precisa de investimentos e insumos que ainda não foram apresentados aos trabalhadores.
“Precisamos saber quais serão os investimentos, os insumos, os subsídios que serão colocados para a zona rural. Não adianta apenas a chuva, temos que ter a condição de plantar para termos uma colheita bonita. Pedimos a intercessão do glorioso São José para que venha chuva, mas também chamar a responsabilidade da Secretaria de Agricultura. Estamos pedindo a reunião do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural para saber os investimentos, porque até o momento a prefeitura não falou quais serão os investimentos para a zona rural neste ano”, concluiu.
Com informações da jornalista e produtora do Acorda Cidade Maylla Nunes.
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