O Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana (MAC) está sediando a exposição “Meu Quintal é Maior que o Mundo”, idealizada pelo pedagogo Gabriel Soares inspirado no livro de Manoel de Barros.
A mostra, que acontece durante o mês de outubro, traz uma proposta inovadora de transformar o museu em um espaço acessível para crianças, tanto para a produção artística quanto para brincadeiras e interações lúdicas.
📲 😎SEJA VIP: Siga o canal do Acorda Cidade no WhatsApp e receba as principais notícias do dia.
Ao Acorda Cidade, Gabriel, que vive imerso na cultura da infância desde o início de sua formação em Pedagogia, explicou a motivação por trás da exposição.
“Sempre vi a necessidade das crianças estarem em outros espaços da cidade, além da escola e da própria casa. Muitos pais têm uma rotina difícil, e os espaços acabam sendo limitados. Então, quis ressignificar o espaço do museu para as crianças. Percebi que muitas não sabiam que o museu existia ou que ele poderia ter exposições com temáticas que as interessariam. A ideia foi trazer as crianças para dentro do museu, tanto expondo suas obras quanto brincando, ouvindo histórias, fazendo oficinas Conseguimos transformar essa ideia em realidade durante o mês de outubro no MAC”.
O processo criativo da exposição contou com a participação de oito escolas, entre públicas e particulares, que já trabalhavam com projetos de arte em suas grades curriculares. As crianças, de 1 a 11 anos, produziram obras com base em conteúdos explorados em sala de aula, como o sistema solar, a casa do João de Barro e artistas renomados.
O pedagogo detalhou como as produções foram desenvolvidas e adaptadas para o espaço expositivo.
“As crianças trouxeram muitas coisas a partir do que aprenderam na escola. Trabalhamos com técnicas variadas, como pintura com tinta guache em tela, formas geométricas com papel e materiais reciclados. Tem crianças que produziram com argila e também com uma junção de pedaços de brinquedos com elementos da natureza”.
Inspiradas no “quintal de casa”, a exposição foi idealizada no mês de outubro, justamente por ser o mês da criançada. A ideia foi reafirmar espaços culturais como lugares seguros que os pequenos devem ocupar, inclusive, para aprimorar o seu desenvolvimento, afinal, brincar sempre será uma prática importante e fundamental para o bem estar e aprendizado das crianças.
“A ideia foi fazer no mês de outubro exatamente pela semana com brinquedos, brincadeiras diferentes, o museu foi meio que uma extensão dessa brincadeira, então a gente consegue brincar também em outro lugar. Em um lugar que muitas pessoas passam em frente, mas não percebem. Então as crianças muitas vezes passam aqui em frente ao museu e não sabem o que é, não sabem como ele funciona. É uma possibilidade de espaço pra brincar, pra visitar, pra conhecer exposições, tem espaço aqui ao ar livre também, se quiser vir pra passar um momento com a família, lanchar, fazer um piquenique, consegue também”, explicou.
Os pequenos expositores que aparecem para prestigiar as artes “já chegam procurando suas obras”. Quando encontram é uma extrema alegria de se reconhecer no espaço diferente e incomum.
“Quando ela vê o brinquedo que ela produziu lá na escola, chegou ao patamar de estar em um museu é totalmente significativo. Ouvimos o relato de muitas crianças que disseram que o espaço é diferente, legal e que não vai esquecer essa experiência de estar dentro desse espaço tanto enquanto participante de uma oficina ou de uma contação de história, mas também como expositor”, contou o pedagogo.
O curador da exposição, o arquiteto Marcelo Santos de Faria, também falou ao Acorda Cidade. Ele destacou o desafio de criar um ambiente que remetesse à infância e que fosse acolhedor para as crianças.
“Uma ambientação de casa histórica que poderia ser a casa da minha avó, da sua vó, de qualquer outra figura familiar onde a gente passou a infância e a gente tentou trazer isso aqui para o museu, fazendo um ambiente bem aconchegante, que se retrata o universo infantil que se criava. Então a exposição é concentrada nesse ambiente da cozinha e da casa antiga, passando para o quintal através desse portal que a gente tentou retratar aqui com bastante fita colorida, encantamento”.
Marcelo ressaltou a importância de criar um espaço democrático e acessível, onde as crianças pudessem ver suas produções em um ambiente cultural que normalmente é visto como exclusivo para adultos.
“Tentamos trazer principalmente nas obras o protagonismo infantil, o mundo lúdico através dos materiais naturais, as folhas secas, os galhos, muita pintura através dos desenhos infantis, e tentando pra esse layout,l as brincadeiras infantis e a gente traz um pouco aí também do universo, com um mini sistema solar aqui posto, também fazer essa brincadeira de orbitar esse imaginário infantil e enfim, é uma exposição que está muito bonita, a gente fez com muito carinho”.
Tudo foi pensado para atender as vivências das crianças. As obras foram colocadas em torno de 1,20m, no máximo, para comportar a visão dos pequenos.
“Recebemos muito carinho das famílias e das crianças. Elas ficam felizes em ver a arte que elas produzem sobretudo em um espaço que, muitas vezes, é visto como lugar de adulto. Aqui, o protagonismo é infantil. A gente tira a criança da frente da televisão, do celular e traz para ela expor o que elas produzem e brincar, porque é uma exposição aberta também, o que está aqui pode ser mexido, pode ser interagido. Vem para o museu”, frisou Marcelo.
A exposição “Meu Quintal é Maior que o Mundo” está aberta ao público até o dia 31 de outubro, no MAC de Feira de Santana de terça a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados de 9h às 14h.
Uma programação diversa com oficinas, contação de histórias e cirandas também está acontecendo nos dias 30 e 31.
Confira:
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram