Gabriel Gonçalves
Murilo Gabriel Almeida de Lima, de 11 anos, tem paralisia cerebral e há 3 anos luta contra uma doença que atingiu os pés. De acordo com a mãe, Marliane Almeida de Jesus, a cirurgia para correção dos pés, não é realizada em Feira de Santana. O único local até o momento que foi indicado, é no Hospital Martagão Gesteira em Salvador.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"A paralisia cerebral dele foi identificada no momento do parto, ele nasceu com falta de oxigênio, precisou passar 16 dias na CTI e depois disso, todo o tratamento foi feito em casa. Hoje ele tem 11 anos, mas foi com 8 que nasceu um carocinho do lado do pé dele e logo, encaminhamos para um ortopedista lá no Conjunto Feira X, me deram uma guia, indicando para ir em busca de um especialista em Salvador. Foi uma verdadeira luta, até que consegui a primeira consulta, mas infelizmente nada foi resolvido. Já são dois anos que Murilo faz o tratamento e continua da mesma forma. Esse primeiro médico que já estava nos atendendo, nos encaminhou para outro médico lá mesmo do próprio Martagão Gesteira, mas ainda não conseguimos fazer uma consulta com este médico, eu ligo, vou pessoalmente, mas infelizmente não temos retorno. Como ele está crescendo, cada vez mais, o pé dele vai ficando pior e hoje ele não consegue mais usar uma sandália nem tênis. O pé dele fica totalmente para baixo e não consegue de maneira nenhuma apoiar a sola do pé, apenas de lado", explicou.
De acordo com Marliane, todos os exames já foram feitos, mas ainda não conseguiu a consulta através do Sistema Único de Saúde (SUS).
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"Já fizemos de tudo, já estamos com todas as documentações em mãos, os exames, raio-x, mas infelizmente não encontramos médicos para que possam olhar a situação dele. Me disseram que esse médico que estamos em busca do atendimento, é difícil para conseguir uma consulta, já é difícil para quem mora em Salvador, para quem mora fora é pior ainda. Eu não tenho condições de pagar uma consulta particular, moro de aluguel, faço bicos, e infelizmente não tenho dinheiro e, pelo que falaram, esse tipo de atendimento é só em Salvador, porque aqui em Feira não tem", informou ao Acorda Cidade.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Segundo Marliane, o maior sonho de Murilo, é poder caminhar normalmente, assim como os colegas, e brincar sem dificuldades.
"Ele sempre conversa comigo, as vezes chora, diz que o maior sonho dele, é poder andar normalmente assim como os coleguinhas, me pergunta se ele vai viver assim com essa situação e infelizmente, hoje meu filho vive apenas dentro do quarto no cantinho dele, e quando precisamos sair, eu tenho que carregar ele nas costas, ele que já tem 11 anos, está com 32,5 kg, então é um peso para mim, é muito difícil para ele. Até 2019 ele estudava normalmente, fizemos a formatura, tudo certinho, veio a pandemia e de lá para cá, essa situação do pé, piorou 100%. Hoje ele não tem a capacidade de calçar nada, e por isso, não posso deixar meu filho ir para a escola descalço, até encontrar uma vaga para a cirurgia. Ele não tem mais contatos com os colegas, se sente muito recuado, porque ele vê as crianças correrem, mas ele não pode, não consegue. Às vezes tem até uma festinha e o pessoal chama ele, mas ele prefere ficar em casa, porque ele já carrega esse preconceito. Lembro que uma vez, ele descendo do carro, quase caía, teve um menino que olhou e deu risada e nisso ele ficou triste. Hoje, nós só precisamos de um médico para realizar a cirurgia dele, para que possa ter a vida de volta, uma vida normal, para que volte a brincar com as crianças, poder estudar, jogar bola que ele tanto ama, passava o dia inteiro no campo", salientou.
O Acorda Cidade entrou em contato com a direção do Hospital Martagão Gesteira e aguarda retorno.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade