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Marcos Mion se pronuncia novamente após ver vídeo com versão de ex-funcionária de loja sobre caso: "A demissão é a pior atitude possível"

Os vídeos que circularam nas redes sociais com as versões da mãe e da ex-funcionária da Riachuelo geraram discussões entre o público.

marcos mion
Marcos Mion | Foto: Victor Pollak/Globo

O apresentador da Rede Globo, Marcos Mion, se manifestou mais uma vez sobre o caso ocorrido em uma loja de Feira de Santana, envolvendo uma mãe e seu filho autista, que resultou na demissão de uma atendente, na sexta-feira (17).

Os vídeos que circularam nas redes sociais com as versões da mãe e da ex-funcionária da Riachuelo, geraram discussões sobre inclusão e sobre preparo de funcionários para lidar com pessoas com deficiência e sobre a maneira rápida que se deu a demissão da operadora de caixa.

Inicialmente, Mion assistiu ao vídeo da mãe e como todos, se indignou com a situação ao ver o desabafo dela ao acreditar que a atendente estava chamando seu filho de bomba. Ele então gravou um vídeo elogiando a atitude da mãe em não ficar calada diante de uma suposta discriminação contra seu filho, e falou sobre a luta de pais de autistas na conscientização da sociedade quanto ao respeito as todas pessoas com deficiência. Mencionou também o fato de ela mostrar a carteirinha de autista, uma lei que ele lutou para que existisse no Brasil e que foi nomeada como Lei Romeu Mion, mesmo nome do seu filho.

Após compartilhar o vídeo do seu pronunciamento nas redes sociais, Mion recebeu várias mensagens de seus seguidores informando que já havia a versão do outro lado da história. A da operadora de caixa, que foi demitida na mesma manhã que o primeiro vídeo viralizou (o da mãe acusando-a de discriminação), explicou que quando disse para a colega: “não manda estas bombas para mim não”, estava se ferindo ao fato de a cliente estar usando um cartão terceiro, isto é de outra loja, e que isso a prejudica a atingir suas metas.

Mion disse que acreditou na versão da ex-funcionária.

“Esse vídeo é um adendo ao vídeo que eu postei ontem, falando da situação vivida por uma mãe autista com seu filho numa loja em Feira de Santana. Depois que eu postei, eu recebi o vídeo da funcionária explicando o que tinha acontecido, pelo ponto de vista dela. E é muito triste, gente. É igualmente triste. Doeu assistir. Eu fiquei com o coração atravessado. Fiquei muito tocado com tudo, porque eu acreditei nela. O que torna a situação ainda mais triste, porque mostra o quanto esse debate é importante, porque ele esfrega na nossa cara o despreparo de todos os lados por uma situação como essa. A situação que a gente viu acontecer mostra o quanto as empresas não preparam seus funcionários para lidarem com PCDs e suas famílias. E isso é o que tem que mudar”, declarou.

Mion destacou que a situação evidencia a falta de preparo das empresas para lidar com Pessoas com Deficiência (PCDs) e suas famílias. O apresentador ressaltou a importância de entender e acolher, em vez de cancelar, enfatizando a necessidade de aprendizado e evolução.

Ele expressou preocupação com a demissão da atendente, argumentando que isso não permite a ela a oportunidade de aprender e evoluir. Mion enfatizou que, em situações como essa, a demissão é a pior atitude possível, pois retira a chance de aprendizado e transformação.

“Eu acredito fortemente em aprendizado e evolução. Eu não acredito em cancelamento. Eu não acredito em execrar uma pessoa por falta de conhecimento. Eu sempre defendo que a gente tem que entender e acolher. Porque ninguém tem a obrigação de nascer sabendo. Num caso como esse, a demissão é a pior atitude possível, porque tira do envolvido, da moça do caixa, a possibilidade de aprender, de evoluir. Essa é a nossa obrigação, aprender e evoluir. Numa situação como essa, a moça do caixa, que poderia virar uma grande aliada, não sei, ela pode passar a odiar a causa. Assim como muitas pessoas que acompanham nas redes, podem passar a respeitar a comunidade autista por medo e não por compreensão e amor. E respeitar por medo não é um caminho sólido para evolução. O que realmente muda aqui dentro é quando o amor está envolvido, quando o respeito, a empatia está envolvida”, afirmou Marcos Mion.

O apresentador destacou que a falta de preparo da empresa não justifica o julgamento da mãe e salientou que o estabelecimento deveria estar apto a receber todos, seguindo as leis nacionais que garantem o atendimento adequado a PCDs.

“Se o termo bomba não foi usado para rotular a criança, o que eu assistindo ao vídeo acredito que não foi. Acredito mesmo. Mesmo assim, existem outros fatores nessa situação que já justificariam a mãe querer ser ouvida. A carteirinha batizada com o nome do Romeu, do meu filho, pelo qual a gente lutou muito, foi ignorada. Não poderia ter sido. É uma lei nacional. Ela não poderia ter sido mandada para outra fila. Isso é a lei Berenice Piano, uma lei nacional. O estabelecimento tem que garantir isso. E aí a gente começa a chegar no ponto principal. A culpa não é dos funcionários. O maior responsável é o estabelecimento que tem que estar apto a receber todos”, continuou.

Ele destacou sua solidariedade à mãe e reiterando a importância de as empresas investirem na preparação de seus funcionários.

“No vídeo que eu gravei, eu não falei sobre a atendente. Porque o meu foco foi e vai continuar sendo sempre a solidariedade à mãe atípica. Porque eu sei o que uma pessoa está sentindo quando tem um rompente como aquele. Dói, gente. Dói demais. Não tem sofrimento maior do que ver um filho PCD não ser respeitado. É uma coisa que parece que arranca a nossa pele com uma unha. A comunidade autista vai sempre estar apoiando e vai estar do lado de quem vive o autismo e de quem sofre ou que a sociedade implica em cima do autismo”, disse.

O apresentador observou que no momento da crise a mãe tinha que ter sido amparada, o que não ocorreu.

“Quem julga uma mãe dessa forma não tem filho PCD, nunca passou por uma situação de opressão assim. Porque aquele silêncio em torno daquela mãe que estava caindo num precipício de desespero é gritante, corta como gilete. São vários fatores que poderiam ter sido evitados com preparo e instrução para os funcionários. Se ela tivesse sido amparada ali era capaz de nada disso ter acontecido”.

Mion lançou um apelo para que a empresa reveja a decisão de demissão e use o incidente como um símbolo de mudança, implementando treinamentos adequados para lidar com PCDs e suas famílias.

“Eu nunca culpei ninguém nessa situação porque eu já tenho vivência suficiente para saber que tem muitas camadas cinzentas entre o preto e o branco, cara. O ponto principal é esse, as empresas têm que investir na preparação dos seus funcionários. Eu sinto muito pela atendente, muito acho drástico ela ter sido demitida e lanço aqui a ideia. Desejo que a empresa reveja essa decisão e quem sabe transforme ela e essa situação toda num símbolo de mudança onde todos os funcionários dessa rede gigantesca de lojas passem a ter treinamento adequado para lidar com o PCDs de todos os tipos, não só autistas e suas famílias conheçam as leis como a lei Romeu Mion, como a Lei Berenice Piano e que a sociedade dê mais um passo para o respeito e igualdade”.

Nota da Riachuelo

Nós da Riachuelo lamentamos o ocorrido em nossa loja em Feira de Santana e pedimos desculpas. O comportamento da ex-colaboradora no atendimento não condiz com os valores defendidos e praticados por nós da Riachuelo. A empresa hoje conta com ciclos obrigatórios e periódicos de treinamento ao atendimento ao cliente, sempre em evolução e atualização, reforçando acima de tudo que o respeito a todos é inegociável. A partir desse caso, e em busca de que situações como essa não voltem a ocorrer, já está em implantação uma nova rodada extraordinária de treinamentos e capacitação da nossa força de vendas. Reforçamos nosso compromisso constante com o cuidado para que todos se sintam bem-vindos e acolhidos em nossos espaços.

Fonte: Acorda Cidade

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