Rachel Pinto
A experiência de ser mãe de bebê prematuro uniu um grupo de mães de Feira de Santana. Cinco mulheres que tiveram seus bebês antes de nove meses se conheceram no Hospital da Mulher no ano passado, criaram um perfil no Instagram e sempre estão mantendo contato, se encontrando e trocando experiências sobre a maternidade. Nesse Dia das Mães elas têm muito a comemorar, especialmente a saúde, o bem-estar e o desenvolvimento dos seus bebês. A professora Marielly Barbosa Mota, de 30 anos e a autônoma Camila Capistrano Di Paula, de 31 anos, são integrantes desse grupo de mães e contaram a reportagem do Acorda Cidade sobre a rotina de ser mãe de bebês prematuros, alguns dilemas vividos que envolvem medo, ansiedade e também momentos de superação que trazem muitas alegrias e mais esperança.
Foto: Arquivo Pessoal
Marielly já tinha uma filha de nove anos, quando engravidou do pequeno Tito Vinícius que atualmente tem dez meses. A gravidez ia muito bem até que durante a realização de exames de rotina ela foi informada que o bebê parou de crescer. Marielly precisou ser internada no Hospital da Mulher para o acompanhamento da gestação e foi nessa época que conheceu Camila que estava grávida de 30 semanas de Cecília e já apresentava dilatação precoce do útero de três centímetros.
As duas ficaram na enfermaria A e durante o período de internamento compartilharam muitos momentos juntas. Marielly teve Tito de parto cesáreo e dias depois Camila que já era mãe de Nicole que também nasceu prematura , tornou-se mãe de Cecília. Tito nasceu aos sete meses e Cecília aos oito meses. Ambos necessitaram de alguns cuidados especiais, passaram por momentos que deixaram as mães apreensivas e hoje estão distribuindo saúde e disposição.
Marielly disse que enquanto esteve internada as conversas com Camila, as palavras de ânimo e de coragem reforçavam que tudo ia ficar bem. Tito nasceu saudável, apenas com uma pequena dificuldade pulmonar, resultante da própria prematuridade. Faz fisioterapia até hoje e apresenta avanços a cada semana.
Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade
“A gente se conheceu no hospital não como Marielly e como Camila. A gente se conheceu como mãe de Tito, mãe de Cecília. A maternidade sempre foi algo maior. E assim vencemos, é um dia de cada vez. Um aprendizado diário. Aprendemos muito com as nossas experiências e com os nossos filhos”, afirmou.
Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade
Desafios da prematuridade
Ser mãe de bebê prematuro é lidar com o medo, a insegurança e Camila ressaltou que a todo o momento ela e Marielly eram preparadas para serem mães de UTI. A equipe médica do hospital deixava claro que a prematuridade dos bebês poderia ocasionar alguma intercorrência e assim se caso houvessem complicações os bebês seriam encaminhados para a UTI. Por sorte e graça divina, os bebês Tito e Cecília não chegaram a passar por esse processo, mas Marielly e Camila chegaram a acompanhar dramas difíceis de outras mães que tiveram os quadros de saúde de seus bebês agravados e até evoluíram para óbito.
Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade
“Uma amiga nossa chegou a ter o bebê e depois ele morreu. Vivemos momentos difíceis de muita apreensão do que pudesse acontecer com os nossos filhos e vimos muitas histórias tristes de outras mães. Vimos também momentos de alegrias e vitórias de bebês que os médicos deram 25% de chance de vida e eles conseguiram reverter essa situação. Hoje estão gordinhos e saudáveis. Criamos uma rede de apoio entre nós e depois levamos para as redes sociais com o objetivo de ajudar outras mães que passaram e estão passando pela mesma experiência”, relatou Camila.
Rede de Apoio
Marielly e Camila criaram junto com outras três mães um perfil no instagram chamado Mães Prematuras (maes_prematuras) que conta um pouco da história de cada uma e também serve como apoio para outras mães de bebês prematuros. Participam também de um grupo no WhatsApp onde compartilham momentos, ideias e a todo momento estão em contato. Marielly comenta que nessa rede de apoio as mães se ajudam entre si e ajudam outras mamães que enfrentam dificuldades. Tanto o instagram, quanto o WhatsApp funcionam como um espaço de diálogo, desabafo e conversa, como também evidenciam a força e a solidariedade feminina e materna. O grupo sempre faz doações e campanhas para ajudar as mães que mais precisam com arrecadação de alimentos e itens de enxoval de bebê.
Destinos traçados na maternidade
O encontro de Marielly, Camila, Tito e Cecília não aconteceu por acaso. As mães que dividiram momentos de alegria e tristeza na maternidade atualmente são grandes amigas e fazem questão de passar o mesmo sentimento para os filhos. Desejam com muita força que eles possam estender os laços de amizade e irmandade e que ao longo de suas trajetórias vejam o quanto são fortes, vencedores e rodeados de muita proteção e muito amor.
Elas dizem que esperam que tudo que viveram juntas permita aos filhos significados de fé, perseverança e sentimentos bons. E que eles possam levar esses significados para o futuro e como aprendizado de toda uma vida.
Foto: Rachel Pinto/Acorda Cidade