Empatia

Mães criam grupo em solidariedade aos pais do pequeno Brayan: "Não aos 39 graus" 

Os pais acusam o hospital de ter negado atendimento à criança, situação relatada por outras mães. 

Brayan e seus pais
Foto: Arquivo Pessoal

Hoje, 1ª de fevereiro de 2024, faz uma semana que o pequeno Brayan Bastos Barreto, de apenas um ano e três meses, faleceu no Hospital Estadual da Criança (HEC). O óbito ocorreu após seus pais, Natália dos Santos Bastos e Luciano Gois Barreto, darem entrada na unidade com o menino apresentando febre há mais de 24 horas. Segundo eles, a criança não foi atendida no hospital porque estava apresentando febre de 38, 4º, sendo que o requisito para o atendimento seria de 39º. (leia aqui o relato da mãe).

A família foi orientada a ir até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) estadual, mas Brayan acabou agravando sua condição e faleceu na UPA ainda nos braços de sua mãe. Os pais acusam o HEC de ter negado atendimento, mesma situação relatada por outras mães. 

Em solidariedade aos pais de Brayan, mães que já tiveram o atendimento negado no HEC, formaram um grupo no WhatsApp para prestar apoio às mães, pais e crianças, que já sofreram algum tipo de negligência médica. 

“Justiça por Brayan. Não aos 39º” é o nome do grupo que pretende cobrar justiça pela morte de Brayan. Mais de 100 pessoas já participam da corrente (link do grupo). 

Foto: Reprodução

Simone Silva Santos é uma das mães que faz parte do grupo e relatou ao Acorda Cidade que resolveu se manifestar em solidariedade aos pais do garotinho. Ela também revela negligência no atendimento que sofreu em setembro de 2023.  

Simone Silva Santos
Simone Silva Santos | Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“O meu filho apresentou dores no abdômen e febre em casa. E ao passar pela triagem, fui informada de que a criança não estava com febre, ele estava com 37.8º, mas elas desconsideraram os outros sintomas do meu filho. Então, isso tem que chegar a um fim. Nós passamos por lutas dentro de casa, quando a gente chega em um ambiente para ter socorro, como essa mãe com seu pequeno Bryan, e não foi atendido porque não estava na regra de 39º, isso tem que chegar a um fim”, declarou. 

Assim como Natália, Simone também foi encaminhada para UPA sem passar pelo atendimento. Ao chegar lá, ela foi informada que não havia leitos disponíveis para atender seu filho, que, inclusive, tem transtorno do espectro autista. 

“Pense aí uma mãe com filho doente há dias, medicando porque você tem orientação de pediatra de como conduzir seu filho, e eles dizem que não tinha leito, e não me deram um atendimento. Então, eu sou a voz de muitas mães que estão doendo, que estão sofrendo por essa criança, e assim, sinta-se Nati, não lhe conheço, mas sinta-se abraçada, porque é a sua história, é o sonho de você construir uma família, e hoje você está sofrendo por não ter seu filho por negligência, então a minha voz aqui é chega de padrões que levam vidas a óbito”, relatou Simone. 

Sem atendimento na UPA estadual, Simone e seu filho foram para a unidade do bairro Queimadinha, onde implorou pelo serviço. 

“Foi outro constrangimento, outra luta. É desesperador, é desumano uma mãe passar madrugada com filho, procurar socorro e ter que se deslocar, praticamente a gente tem que gritar por ajuda, foi quando chegou a última vez de atendimento, eu falei ‘por favor: atenda meu filho que ele tem autismo’, graças a Deus naquele momento, eles prestaram o atendimento ao meu filho, ele foi medicado, tomou soro, fez raio-x pelas fortes dores no seu abdômen”, relatou. 

caso bryan
Yndiayara Nobre | Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Outra mãe que se solidarizou com a história do garotinho foi Yndiayara Nobre. Após postar o caso de Brayan em suas redes sociais, ela recebeu diversos relatos semelhantes e resolveu criar o grupo para compartilhar as experiências, para que essas informações cheguem ao poder público. 

“O caso de Bryan não foi o primeiro, e a intenção do grupo é que ele seja o último”, declarou.

Segundo a influencer digital, algumas mães estão pensando em realizar algumas ações para chamar a atenção das autoridades. É inadmissível que crianças não sejam atendidas mesmo apresentando problemas de saúde. 

“Estamos dizendo não aos 39º, porque creio eu que, se o Bryan tivesse sido atendido no HEC com total suporte, não teria acontecido o que aconteceu. A expectativa é que haja melhoria, que essa política não seja mais adotada, que as crianças sejam recebidas independente do grau de febre e que esse caso chegue aos políticos, aos responsáveis, para que as medidas sejam tomadas e que as mudanças sejam feitas. Porque ninguém merece perder seu familiar, a gente não quer mais mãe chorando, nem pai chorando, nem a família também chorando”, finalizou.

A mãe do pequeno Brayan compartilhou com a produção do Acorda Cidade diversas mensagens que vem recebendo de outras mães. Confira abaixo:

relatos caso bryan
Foto: Arquivo Pessoal
relatos caso bryan
Foto: Arquivo Pessoal
relatos caso bryan
Foto: Arquivo Pessoal
relatos caso bryan
Foto: Arquivo Pessoal
relatos caso bryan
Foto: Arquivo Pessoal

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Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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