Feira de Santana

Macaco encontrado morto suspeito de estar doente vai ser levado para o laboratório em Salvador

A coordenadora do centro de zoonoses, a médica veterinária Mirza Cordeiro explica as providências adotadas com relação ao animal.

Daniela Cardoso e Ney Silva

Um macaco que surgiu numa chácara no corredor dos Araçás e depois morreu suspeito de estar doente foi recolhido por uma equipe do Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde e será levado para o Laboratório Central da Bahia (Lacen) em Salvador para exame e confirmar ou não se o animal estava doente. O animal é um saguim e apareceu na chácara da empresaria Giovana Freitas. Ela diz qual era o comportamento do animal antes de ser encontrado morto.

“Quando eu cheguei próximo ao pé de manga ele estava muito triste, quieta. Isso não é o hábito dele. Eu sempre morei em chácara e nunca vi um mico triste. Por conta disso fiquei preocupada e tentei entrar em contato para saber o que poderia ser feito e tirar a dúvida se ele estava doente ou não. Aqui tem muitos micos”, afirmou.

A coordenadora do centro de zoonoses, a médica veterinária Mirza Cordeiro explica as providências adotadas em relação ao animal. Segundo ela, o animal foi recolhido e encaminhado para o Lacem para a realização dos exames.

“Todo animal morto a gente vai até o local fazer a remoção. É importante a gente ter o controle, principalmente com relação a doença raiva. Esses animais são reservatórios dessa zoonoses de importância e a gente faz esse controle através das amostras de animais mortos enviados para o Lacen.

A veterinária destacou ainda que os saguins não transmitem febre amarela e que eles são muito importantes por servem como sentinelas. Ela destaca a importância da população sinalizar sempre que verificarem casos de animais mortes.

Se a gente perceber um grande numero de animais mortos em uma região a gente faz a vigilância e investigação das amostras dos animais. O saguim não transmite para o homem a febre amarela. É necessário o vetor, que é o mosquito para acontecer a transmissão para o ser humano.

Mirza Cordeiro acrescentou que uma zoonoses que as pessoas devem ter cuidado em relação aos saguins é a raiva. Segundo ela, muitas pessoas criam esses animais e Centro de Zoonoses não tem como controlar.

“É importante a gente saber quando acontece uma agressão a uma pessoa por um saguim. Ela deve ser encaminhada para referência antirrábica no CSE, em frente ao Feira Tênis Clube para tomar os devidos cuidados, pois a pessoa precisa tomar soro e vacina”, salientou.

Quem souber de algum animal silvestre morto no município de Feira de Santana pode acionar o centro de controle de zoonoses pelos telefones 3614-3613 ou 3223-5655 e uma equipe vai remover o animal.

Orientações no tratamento com os animais

A ambientalista Telma Lobão, que trabalha no combate ao tráfico de animais há mais de 25 anos, afirmou que os micos causam muitos transtornos, quando chegam nas cidades ou propriedades rurais. Ela explicou que quando termina a primavera, início do verão, acaba a comida nas matas e eles vêm para as cidades ou propriedades em busca de comida. Por conta disso, conforme explicou, a população não gosta de mico.

“O mico quando sobe numa mangueira, não come uma fruta, derruba todas, se conseguir. Se não conseguir, ele marca o território com xixi, etc. A partir disso a população começa a alegar (não estou dizendo que é o caso) que esses micos estão doentes, que o poder público precisa retirar e às vezes esses micos são envenenados. Na maioria das vezes, quando chegamos nas propriedades, os micos estão em perfeito estado, apenas estão incomodando ou estão envenenados, prestes a morrer e não conseguimos dar uma solução porque utilizam chumbinho”, afirmou.

A ambientalista ressalta que os animais silvestres são de responsabilidade do Ibama e que neste momento o órgão está sem superintendente, aguardando uma nomeação. De acordo com ela, o Inema de Feira não tem estrutura e condições para lidar com animais silvestres e defende que os animais silvestres não podem servir de experimentos e nem serem mortos e sim tratados.

“Pedimos compreensão às pessoas. Se os micos estão incomodando, tenta capturar esses animais e colocá-los numa mata, porque matar é crime. Muitas vezes, os animais são capturados nas propriedades sem terem absolutamente nada. São sacrificados e nós já presenciamos situações terríveis. Pedimos compreensão em relação à esses animais. É necessário deixar comida nas matas. As frutas que não são plantadas, por exemplo. Jaca, caju, são encontradas nas matas e a população recolhe as frutas para vender e os animais ficam sem comida. Muita coisa que é extraído das matas é o alimento de determinados animais. As pessoas vão nas matas e recolhem todas elas, não deixam para os animais. Não é porque morreu um animal em determinado lugar que o da sua propriedade também vai estar doente”, salientou.

De acordo com Telma Lobão é crime matar micos, podendo resultar em prisão, entre 6 meses e um ano, e a multa mínima é de 5.000 reais. Ela defende que todos os animais tem direito a vida. “São seres indefesos, que não fazem mal para ninguém. Se um mico adoecer, eu também posso passar a doença, do mesmo jeito que pode acontecer ao contrário. Vamos respeitar a vida”.

O mico é hospedeiro da febre amarela?

A ambientalista Telma Lobão informa que os micos são tão vítimas da febre amarela quanto os seres humanos. “Os casos são raríssimos. É como alguém aparecer de lepra. Não significa que se um cidadão aparecer em tal cidade, todos os outros vão estar. Não podemos generalizar a coisa. Pedimos a população para que verifiquem se esses animais estão doentes. A população costuma usar muitos de venenos”, afirmou.

Leia também: Feirenses encontram animais doentes e temem febre amarela
 

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