Feira de Santana

Líderes religiosos falam sobre importância e significado da Páscoa para suas religiões

A festa tem origem na tradição judaica, segundo o antigo testamento da bíblia.

Laiane Cruz

Neste domingo (17), celebra-se a Páscoa, em diversas partes do mundo. A dada comemora a ressurreição de Jesus Cristo, ao terceiro dia da sua morte, na cruz do calvário. Para os cristãos, representa um momento de comunhão entre as famílias, para que se pratique o amor, a devoção e uma vida dedicada a servir ao próximo.

A páscoa judaica x cristã

A festa tem origem na tradição judaica, quando, segundo o antigo testamento da bíblia, os hebreus antes de fugirem da escravidão do Egito, marcam a porta de suas casas com o sangue de um cordeiro e festejam com suas famílias dentro delas, comendo a carne assada do animal que foi morto, pães asmos (sem fermento) e ervas amargas. Naquela mesma noite, conforme os relatos bíblicos, um anjo da morte passou por aquele território e toda casa que estivesse marcada pelo sangue não seria atingida. Já onde habitavam os egípcios, morreram todos os primogênitos. Após aquele trágico acontecimento, Faraó deixou os judeus partirem para a terra prometida por Deus.

A Páscoa Judaica continua a ser celebrada pelos judeus nos dias atuais, porém com significado diferente da festa dos cristãos. Enquanto na páscoa judaica é lembrada a passagem do anjo, os cristãos celebram nestes dias a ressurreição de Jesus Cristo, ao terceiro dia, após ser morto em uma cruz, simbolizando a passagem da morte para uma vida de salvação eterna.

Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com o pastor evangélico Jadson Magalhães, no hebraico a Páscoa é chamada de “Pessach”, que significa passar sobre, passar por cima ou poupar.

“Foi avisado a Moisés e a Arão que deveriam orientar os hebreus sobre o Anjo da Morte, que aquela última praga estaria passando no Egito, e toda a casa que estivesse marcada pelo sangue de um cordeiro sem defeito, seria poupada. O sangue, na verdade, simboliza a marca do livramento, daí essa celebração, então ela acontece até mesmo antes da saída do povo do Egito. Tudo isso no Antigo Testamento aponta para algo que iria acontecer de maior, um nível de grandiosidade extraordinária aponta para o sacrifício de Cristo Jesus. Já no Novo testamento, esse significado está contido em Cristo Jesus, só no evangelho de João nós vamos ter sobre a páscoa, quatro referências. E logo em João versículo 29, nós vamos encontrar João dizendo, eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, apontando para Jesus. E aí nós vamos entender que agora não é mais um animal, agora é Cristo, o cordeiro que desceu dos céus, para nos libertar do pecado, que é a morte eterna. E todo aquele que crê, todo aquele que o aceitar será purificado pelo sangue desse cordeiro. E o ápice de tudo está exatamente na ressureição de Cristo no terceiro dia. Ele ressuscitou, Jesus está vivo. E para nós, a páscoa simboliza a morte do cordeiro que no terceiro dia ressuscitou, vencendo a morte e nos dando a vitória e uma vida abundante. Este é o significado da páscoa para nós”, destacou Pastor Jadson Magalhães.

E hoje os cristãos celebram essa data, com um pão e com o suco de uva, representando o sangue de Jesus Cristo, que foi derramado no madeiro. “Nós temos o pão, que representa o corpo de Cristo, que foi rasgado na cruz, e esse suco de uva que simboliza o sangue de Jesus, que foi derramado por nós, como está em 1 Coríntios, capítulo 11. Quando Jesus toma o pão e diz “todas as vezes que vocês comerem, façam isto em memória de mim”, e ele toma o cálice e diz “este cálice é o cálice da nova aliança, todas as vezes que vocês tomarem, façam em memória de mim”. E é por isso que celebramos a ceia, por causa do Cordeiro vivo que desceu dos céus, que venceu a morte, e que nos deu a vida.”

A tradição católica

A tradição da Páscoa para os católicos se inicia com período da Quaresma. E segundo o arcebispo metropolitano de Feira de Santana, Dom Zanone Castro, a Páscoa representa, na verdade, a salvação dada por Deus, através da vida de Jesus.

Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

“Ao celebrar esses dias, temos presente a tradição judaica, a memória que se faz da saída dos judeus do Egito, da passagem do deserto para uma terra prometida. E Jesus realiza em sua vida, num momento próprio da sua caminhada, num encontro com os seus amigos, uma última ceia que celebra esse mistério: toda a vida de Jesus, cada gesto, o modo como viveu, a maneira como se relacionou, a compreensão de mundo, e a sua identidade de salvar e resgatar a todos, não só o povo de Israel, não apenas as pessoas da sua realidade.”

A quaresma é um período de 40 dias dedicados ao jejum e a oração pelos fiéis, até a chegada da festa que marca a passagem de Cristo, que é a Páscoa.

“Celebrar a Semana Santa é celebrar aquilo que é essencial para o cristianismo, que é a sua fé, sua doutrina, sua celebração em sua realidade mística. O calendário da Páscoa é uma festa judaica e cada ano, como observamos, é diferente, porque o calendário que se segue não é como o que nós temos, que é o calendário Gregoriano. Nesse tempo, somos chamados a aprofundar a nossa intimidade com Deus. A Quaresma e, sobretudo, o tempo da Semana Santa, é um tempo forte de oração para fortalecer a nossa intimidade com Deus através de práticas religiosas, da celebração da Palavra e dos Mistérios”, destacou.

Como seguem os espíritas

Para os seguidores da doutrina espírita, a Páscoa também é um momento de grande reflexão, tendo a figura de Jesus Cristo como o modelo e guia da humanidade.

Foto: Arquivo Pessoal

Segundo o Coordenador do Sistema de Integração Federativa da Federação Espírita do Estado da Bahia, Marcus Machado, Jesus foi um mestre divino, que esteve entre os humanos, no intuito de fazer um grande convite à evolução.

“Quando ele nos apresentou bem aventuranças, convites maravilhosos, a fim de que assim possamos entender que somos espíritos e que a felicidade verdadeira é a das conquistas morais, éticas e principalmente espirituais, ele nos deu o exemplo e praticou. Muitas coisas que ele fez também não precisou falar. Nós, seres humanos, estamos cada vez mais necessitados, não apenas da figura do mestre, mas de grandes homens e mulheres luminosos, que periodicamente vêm à terra. Estamos vivendo um momento de adversidade, pandemia, violências, guerras, desastres diversos e com isso tudo precisamos nos perguntar o porquê. E o que eu posso fazer para mudar esse momento atual em que me encontro, no momento enquanto espírito encarnado, e também o momento daquele cenário em que eu faço parte no meu ambiente familiar, no meu ambiente social, na sociedade de forma geral, já que Jesus é o modelo e guia da humanidade”, refletiu Marcus Machado.

Para o líder espírita, essa é uma das reflexões que os seres humanos devem fazer, nesse encontro divino com Jesus, como sendo o mestre a nos ensinar a todo instante através do amor, da paz interior, que podemos nos tornar uma nova pessoa.

“Ele nos disse que, se nós o amassemos, ele pediria ao pai que enviasse um outro consolador. A doutrina espírita é esse consolador, a terceira revelação que vem a terra, através das vozes dos espíritos para nos dizer princípios fundamentais de uma vida centrada na espiritualidade e acima de tudo da renovação interior, para a regeneração da humanidade. Por isso, desejamos a todos nesse momento que possam buscar o encontro com Cristo e que através desse encontro, possa surgir em cada um de nós uma nova pessoa, realizada, transformada, para que assim possam viver em plenitude, em paz ao lado de Jesus.”

O respeito do camdomblé

Conforme o filho de santo Herivelton Moreira, que faz parte do Umbanda Terreiro de Ogum Mãe Rosinha, situado na fazenda Pindobal, na localidade de Fulô, os adeptos do candomblé não comemoram a Páscoa do mesmo modo como é feito pelos cristãos. No entanto, para os seguidores das religiões de matriz africana, esse é um momento de respeito às diferenças e de reflexão sobre a necessidade de cada um se colocar no lugar do outro.

“Nós, do candomblé, não comemoramos a Páscoa, pois ela é uma festa de origem Judaica e para quem pratica o cristianismo. Mas por conta de nossos deuses, que são deuses africanos, nós respeitamos o sentido da Páscoa, até mesmo devido ao sincretismo religioso que veio do cristianismo. Temos no Brasil a base da nossa religião, que veio da África, mas devido a essa mistura religiosa, acabamos introduzindo em algumas casas a questão da Páscoa e a questão da quaresma. Mas é um momento em que nós devemos nos colocar no lugar do outro, de respeitar as diferenças do outro, independente de religião. Então esse é o sentido da Páscoa para os adeptos do candomblé: um momento de reflexão, de respeito e de se colocar no lugar do outro”, sintetizou.

 

Com informações da jornalista Maylla Nunes do Acorda Cidade. 

 

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