Feira de Santana

Janeiro Branco: síndrome do pânico e ansiedade são os fatores que mais afetam a saúde mental, alerta psicóloga

De acordo com a psicóloga Margareth Carneiro, após o início da pandemia da Covid-19, houve um aumento significativo de pacientes com transtornos de ansiedade.

Gabriel Gonçalves

Criado no ano de 2014, o 'Janeiro Branco' tem como objetivo, chamar a atenção da sociedade sobre a saúde mental, principalmente neste período em que muitas pessoas traçam metas para serem alcançadas durante o ano.

Ao Acorda Cidade, a psicóloga Margareth Carneiro, que atua no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) III em Feira de Santana, destacou que as pessoas estão dispostas neste período em mudar alguns aspectos da vida para o ano que está iniciando, mas para isso, é necessário também estimular e compreender que a mente, faz parte do corpo físico e requer cuidados especiais.

Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade

De acordo com ela, os atendimentos no município são feitos de maneira espontânea ou através de encaminhamentos de instituições.

"Atualmente aqui no Caps III, temos cerca de nove mil pacientes, mas em toda a rede do município, são cerca de 38 mil pacientes. Este acompanhamento é feito através de demanda espontânea e também por encaminhamentos de algumas instituições. Esses pacientes que chegam aqui em nossa unidade, passam por um tipo de acolhimento, para que seja identificado o perfil deste paciente. Nós realizamos o agendamento para o psicólogo e para o psiquiatra, discutindo também junto com o paciente e familiares, sobre a existência de oficinas, os grupos terapêuticos, no qual esses pacientes podem ser inseridos, para que o tratamento seja realizado", explicou.

Por conta da pandemia, algumas atividades precisaram sofrer alterações e restrições no quantitativo de participantes.

"Nós estamos funcionando com um grupo menor para evitar aglomeração, mas sabemos que quando estas oficinas foram suspensas, muitos pacientes se desestabilizaram, justamente pela importância que este instrumento é na vida das pessoas. Essas oficinas terapêuticas trazem uma melhora para o paciente, então essas atividades foram retomadas no mês de outubro do ano passado", informou.

De acordo com a psicóloga Margareth Carneiro, após o início da pandemia da Covid-19, houve um aumento significativo de pacientes com transtornos de ansiedade.

"A saúde mental precisa ser cuidada antes mesmo dos transtornos serem instalados. As pessoas costumam ir ao dentista, costumam ir ao cardiologista e em outros especialistas para fazer um check-up da saúde física, mas precisam também cuidar da saúde mental. A gente não percebe que as pessoas dão a devida importância para isso, mas é necessário ter o cuidado, pois estamos trabalhando com a mente dia após dia. Depois da pandemia, registramos um aumento significativo no número de casos de transtornos de ansiedade, transtornos de humor, que devem ter uma melhor atenção", alertou.

Para a psicóloga, a sociedade costuma julgar as pessoas que buscam atendimento especializado, e criticam dizendo que é 'frescura' dos pacientes.

"Infelizmente ainda acontece a situação do preconceito, as pessoas se sentem inferiorizadas e a sociedade por não entender, por não ter a informação, acreditam que é frescura daquele paciente que está sendo acompanhado por um psicólogo, por um psiquiatra. Então por não sentir a dor, o sofrimento daquele paciente, começam a julgar, criticar e isso faz com que aquele paciente não busque um atendimento e decide resolver por conta própria, e quando decide buscar o acompanhamento, já está em um estado mais avançado da doença", disse a profissional ao Acorda Cidade.

Ainda segundo Margareth Carneiro, quando a ansiedade começa a 'tomar conta' do paciente, muitas atividades rotineiras, são impedidas de serem realizadas.

"A ansiedade é inerente ao ser humano, ela faz parte da emoção e se ela estiver em um nível adequado, pode até nos impulsionar em buscar os nossos objetivos, mas quando esta ansiedade aumenta, passa a ser excessiva, exacerbada, já é um alerta para procurar um profissional, porque esta ansiedade impede a pessoa à desenvolver atividades rotineiras, e a emoção já não é mais controlada", concluiu.

 

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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