As irmãs Maria Elizabete Ribeiro Dias, 30 anos, e Naiara Ribeiro Dias, 32, têm uma história de luta e superação marcada, além do vínculo familiar, pela esperança por uma vida melhor. Juntas, elas enfrentaram anos de tratamentos intensivos por conta da insuficiência renal. Uma espera que chegou ao fim com um gostinho mais que especial.
Na fila do transplante há anos, as mulheres acabam de se tornar também irmãs de rim, graças a uma situação no mínimo curiosa. No último dia 18 de janeiro, Elizabete e Naiara, nascidas em Cansanção, no interior do estado, receberam no mesmo dia, em hospitais diferentes da Bahia, o rim do mesmo doador.
Isto foi possível por que as duas irmãs ocupavam a primeira e segunda colocações na fila do transplante, sendo chamadas ao mesmo tempo quando surgiu o doador. Como sugere, o termo “irmãos de rim” cria um vínculo novo que vai fortalecer ainda mais a relação entre elas.
Maria Elizabete enfrentava doença renal desde os cinco anos de idade; há dez ela vinha sendo submetida à hemodiálise. É acompanhada pela equipe médica do Hospital Dom Pedro de Alcântara, mantido pela Santa Casa de Feira de Santana, onde foi transplantada; já Naiara, que lutava pela vida há 13 anos, recebeu o novo órgão no Hospital Ana Nery, em Salvador.
As irmãs têm glomerulopatia, uma doença que causa perda de função renal, com forte componente hereditário. O avô delas, por exemplo, faz diálise enquanto algumas tias e primas mantêm acompanhamento com nefrologistas. Uma das parentes já foi beneficiada pelo transplante, mas a mãe delas morreu lutando contra a doença.
“Para mim, a palavra que resume tudo é gratidão. Receber o transplante foi um verdadeiro milagre. É como voltar à vida, deixar de depender de uma máquina que, por tanto tempo, foi minha única forma de sobrevivência. Sem ela, não teria conseguido passar tantos anos, quase uma década”, conta, emocionada, Maria Elizabete que já recebeu alta médica. Naiara ainda está internada no Hospital Ana Nery – o tempo de recuperação pós-transplante varia muito entre os pacientes.
“Agora, elas ganham muito mais sobrevida e qualidade, com perspectiva de uma vida mais saudável e tranquila, já que não vão mais depender da hemodiálise”, destaca o nefrointensivista Gilberto Vaccarezza, gerente médico da Santa Casa de Feira de Santana.
446 transplantes
Mesmo transplantadas, as pacientes serão monitoradas periodicamente pela equipe médica. “Todos os pacientes transplantados são acompanhados pelo nosso ambulatório, com consultas e exames realizados com frequência”, observa o médico.
O serviço de transplante renal da Santa Casa de Feira de Santana já realizou 446 cirurgias transplantadoras desde a sua implementação, no ano de 2015. Ano passado, o Hospital Dom Pedro atingiu a marca de 46 transplantes, enquanto em 2023 foram 29.
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