Acorda Cidade
Familiares da idosa Francisca da Silva, 70 anos, que morreu no Hospital de Campanha em Feira de Santana, questionam o atendimento dado a paciente na unidade de saúde. A neta de Francisca, Raiana da Silva, contou ao Acorda Cidade que a avó estava com os sintomas da covid-19 e no domingo, 28 de junho, foi levada pra Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Tomba, onde fez o exame e em seguida foi encaminhada para o Hospital de Campanha, mesmo sem ter a confirmação da doença.
De acordo com ela, na segunda (29) os médicos ligaram em chamada de vídeo para os familiares e na terça o médico ligou dizendo que teve que entubar a paciente, pois ela já não estava tendo reações aos medicamentos e o pulmão e os rins já tinham parado. A neta de Francisca reclama da falta de informações sobre a paciente. Segundo ela, a família sempre procurava saber sobre o resultado do exame, porém a informação era de que ainda não tinha chegado.
Em uma dessas ligações, após vários contatos, conforme relatou Raiana, uma tia dela conversou com um médico e ele informou que a paciente tinha testado positivo. Francisca da Silva não resistiu e morreu por volta das 3h da manhã de segunda (6). Porém Raiana afirma que a família só foi informada da morte às 16h.
Raiana ainda relata outras informações desencontradas. Segundo ela, durante o sepultamento da avó a família recebeu uma ligação da secretaria municipal de Saúde informando que o resultado do exame para coronavírus tinha dado negativo. Além disso, um horário diferente da morte da paciente foi registrado no atestado de óbito. Apesar da família ter recebido a notícia na tarde de segunda, a documento consta que a morte foi as 23h59 do mesmo dia, horário posterior ao que a família foi informada.
O diretor médico do Hospital de Campanha, Francisco Mota, informou ao Acorda Cidade que a paciente tinha alguns fatores de risco. Segundo ele, a UPA diagnosticou clinicamente o coronavírus e pediu a transferência para o Hospital de Campanha, onde ela foi admitida e passou por uma tomografia, que mostrou que o pulmão estava bastante comprometido. Após o exame, o médico relata que a paciente piorou e teve que ser levada para a UTI, pois precisava da máquina pra respirar, mas ela não evoluiu bem e acabou morrendo.
Com relação a reclamação de falta de informações passadas pelo hospital para os familiares, o diretor informou que o médico da UTI passa os boletins para a família diariamente e que, além disso, são feitas chamadas de vídeo, quando é possível.
Já sobre o resultado do exame para coronavírus ter saído negativo, Francisco Mota explicou que isso não muda nada para os médicos, já que existem falsos negativos. Segundo ele, o resultado falso negativo pode chegar a 40% dos casos e acrescenta que os exames complementares feitos na paciente, a exemplo da tomografia, indicaram que ela estava com a doença.
E em relação ao aviso do óbito da paciente aos familiares, o médico disse que é procedimento do hospital não ligar para a família durante a madrugada e que a grande diferença de horário ao longo do dia, pode ter ocorrido devido ao número de procedimentos a serem feitos na UTI. Ele frisou que a prioridade é atender os pacientes que estão na UTI e só depois a equipe faz as ligações para informar óbitos para as famílias.
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