Ney Silva
A greve dos anestesistas de Feira de Santana que completou um mês ontem, (07), é muito mais grave do que se imagina. Além de prejudicar centenas de pessoas, o movimento dos médicos pode provocar o fechamento de um hospital, a Casa de Saúde Santana. Dezenas de pessoas estão sofrendo bastante e correndo sérios riscos de danos à saúde, como aleijamentos, braços com deformidades e até mortes.
Os anestesistas reivindicam um reajuste nos valores repassados pelo SUS – Sistema Único de Saúde, considerado irrisórios pelos procedimentos. O diretor da Casa de Saúde Santana Ângelo Mario Carvalho e Silva, em entrevista concedida ao Acorda Cidade, confirma o baixo valor e cita como exemplo, uma cirurgia de hérnia, na qual o anestesista recebe apenas R$ 17,90. Numa cirurgia de próstata o valor também seria, de acordo com o diretor, insignificante, R$ 74,70.
Segundo Ângelo Mario de Carvalho e Silva, a situação é tão grave que na semana passada, um paciente, que precisava ser operado com urgência, num procedimento eletivo, não teve como operar, "nem aqui (Casa de Sáude), nem no Dom Pedro e HTO" e acabou falecendo.
José Nilton de Oliveira
Na Casa de Saúde Santana, pelo menos 390 pessoas deixaram de fazer cirurgia neste período de greve. É o caso do lavrador José Nilton de Oliveira, 38 anos, que mora em Teofilândia. Depois de cair de um cavalo ele teve o braço direito fraturado e há um mês não consegue cirurgia.
Situação também complicada é a do pedreiro Francisco Messias de Oliveira, 44 anos, que mora em Itaberaba. Ele recebeu uma cacetada durante uma tentativa de assalto no Centro de abastecimento, e teve o cotovelo do braço direito fraturado. Está há dois dias sem avaliação medica, mais tudo indica também precisará fazer uma cirurgia.
Leone Silva da Paixão
O adolescente Leone Silva da Paixão, 16 anos, que mora em Feira de Santana, pode ficar com o braço esquerdo deformado, por não conseguir cirurgia. Há dois meses, ele participava de uma partida de futebol, quando fraturou o punho do braço. Segundo avaliação de um medico clinico, se o processo cirúrgico não for feito ficará com o braço torto.
Maria das Graças Machado Souza
Um outro caso que chamou atenção da nossa equipe de reportagem foi o da lavradora Maria das Graças Machado Souza, 36 anos. Ela está tentando fazer uma cirurgia de vesícula, há 04 meses. A paciente queixa-se de dores abdominais e não consegue dormir. Desesperada a mulher diz que não sabe o que fazer, por que não tem recursos para pagar o procedimento particular.
Essas situações relatadas por pessoas só na Casa de Saúde Santana, demonstram a gravidade da crise da saúde publica em Feira de Santana. Segundo o doutor Ângelo Mário, se em trinta dias a greve não acabar o hospital corre o risco de fechamento. Com vários leitos desocupados o faturamento do hospital, sofreu uma redução considerável, podendo comprometer seu funcionamento.
O diretor Ângelo Mário mostra os leitos vazios
APELO
Ângelo Mário (foto) apelou para sensibilidade do prefeito Tarcizio Pimenta. Segundo ele, o prefeito é médico, conhece a situação e pode resolver o problema atendendo a reivindicação dos anestesistas. “É preciso que haja uma coerência do prefeito que trabalhou aqui há vários anos, foi eleito deputado estadual e agora prefeito com a ajuda da Casa de Saúde Santana”, afirmou. Segundo avaliação do diretor, em Feira de Santana, por causa da greve dos anestesistas, pelo menos 1.500 pacientes deixaram de fazer cirurgias diversas, na Casa de Saúde, no HDPA e HTO.
HGCA
A grave dos anestesistas não prejudicou o atendimento no hospital Geral Cleriston Andrade. A diretora Edilma Reis informou agora a pouco, que as cirurgias tanto eletivas como de urgência tiveram um aumento de 30%.