Plantações de milho no distrito de Tiquaruçu, Feira de Santana, estão sendo devastadas por conta de um fungo chamado Ustilago maydis.
O doutor e professor em fitopatologia, ciência que estuda as doenças das plantas, da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Leandro Alvarenga Santos, informou ao Acorda Cidade, que os fungos podem aparecer em qualquer época do ano, porém possuem maior incidência em períodos com mais chuvas e aumento da umidade.
“Os fungos são microrganismos, que na maioria das vezes são invisíveis a olho nu. Eles estão em todos os ambientes e se alimentam de determinados nutrientes presentes no solo, presentes, às vezes, em substratos de formas gerais. É o que a gente chama de ciclagem dos nutrientes, toda vez que uma planta morre, a decomposição dessa planta, em grande parte, é de responsabilidade dos fungos,” explica o professor Leandro Alvarenga.
“Algumas épocas do ano são mais propícias a acontecer isso, nessa época específica como a gente tá com uma umidade muito alta, e o índice de chuva é elevado, mais do que nos outros anos acaba sendo mais propício ocorrer esses fungos. A preocupação nesse ano é justamente, porque estamos com muitas chuvas e obviamente eles [fungos] aumentam a quantidade dentro desse período.”
O fungo que está aparecendo no distrito de Tiquaruçu possui a característica de afetar a espiga do milho. “Temos vários fungos em diversas culturas, esse fungo é específico do milho. Ocorre na cultura do milho, mas a gente tem outros fungos que ocorrem na região também, esse fungo específico Ustilago maydis vai atacar principalmente a semente, no caso, a espiga do milho. Ele vai formar essas bolsas com colorações escuras que a gente vai chamar de soros, é uma característica desse fungo,” esclarece Alvarenga.
Além desse fungo, que ataca as sementes, o professor ressalta também fungos de outras culturas, que costumam atacar as folhas e as raízes de plantas.
“Esse fungo, em específico, é comestível, tanto é que lá no México o pessoal consome esse fungo. Tem um preparo especial, não é qualquer preparo, então não é recomendado que uma pessoa sem conhecimento faça o consumo desta espiga, especificamente, mas esse fungo é considerado uma iguaria culinária no México.”
Mesmo esse fungo sendo considerado uma iguaria, na culinária mexicana, o professor Leandro diz que não é aconselhável o consumo, sem conhecimento, de espigas que possuem esse patógeno.
“Não recomendamos consumir nenhum tipo de alimento que tenha ataque de microrganismos. Se você não conhece o que está acontecendo naquele alimento, seja ele um milho, seja ele um feijão, se apresenta algum tipo de microrganismo não é aconselhável o consumo,” destacou
O milho sofre uma deformidade quando é atacado por esse fungo. “Não só fungos como também bactérias, nematoides, até mesmo vírus. Com a reprodução desses patógenos, a produção de milho acaba se reduzindo, e o produtor acaba tendo prejuízos com o ataque desses organismos. Geralmente essas enfermidades indicam que a planta está com algum problema e que a produção vai ser reduzida, isso pode estar relacionado à presença desse microrganismo no ambiente em geral, a uma deficiência nutricional da planta, pode ser um excesso de umidade no ar, tudo isso faz a redução da produção da planta do milho ou de outras culturas,” disse.
O doutor em fitopatologia informou ao Acorda Cidade, que uma forma de evitar o alastramento desse fungo específico é escolhendo sementes de boa qualidade.
“Nesse caso em específico, a gente costuma trabalhar com bons materiais, ou seja, sementes que sejam de boa procedência. Hoje em dia nós temos vários tipos de sementes que possuem resistência a esse tipo de fungo especificamente,” aborda.
Conforme destaca o doutor Leandro Alvarenga, os produtores que possuem um plantação grande precisam buscar a ajuda de um engenheiro agrônomo para serem aconselhados de acordo com as necessidades apresentadas.
“A gente sempre aconselha que se procure um engenheiro agrônomo, ele vai saber melhor do que ninguém o tipo de milho que você está trabalhando, quando você plantou, quanto de adubo você deve colocar, então ele vai te dar todas essas informações. Então observando qualquer tipo de anomalia, qualquer tipo de coisa estranha, é importante que na sua lavoura você consulte um engenheiro agrônomo,” orientou.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.
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