Luize Arapiraca, 40 anos, é feirense, atuante na Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres e diretora de projetos sociais pelo Instituto Bahia. Neste sentido, recebe a nomeação de doutora Honoris Causa. É, ainda, uma das 30 milhões de mulheres donas do próprio empreendimento no Brasil, segundo dados do Instituto Rede Mulher Empreendedora. Começou a trabalhar como feirante ao lado do pai, aos 12 anos. Sempre se considerou empreendedora, apesar de relatar que, na época, este não era um conceito difundido da forma como é hoje. Anos mais tarde, formou-se em assistência social.
“Desenvolvi o empreendedorismo sem nem saber que era empreendedora. Esse termo é muito novo, tem muito pouco tempo que ele está em evidência. Comecei com 12 anos de idade e, aos 14, eu trabalhava na Sales Barbosa, nas famosas barracas de camelô, junto com meu pai. A partir dali, vendendo roupa no Sol, na chuva, a gente criava estratégias para poder se destacar – sempre tive atendimento personalizado para fidelizar. Na maioria dos camelôs, os produtos que a gente vendia sempre vinham do mesmo lugar, se a gente não tivesse o diferencial, não iria se destacar”, conta.
Formação
A segunda paixão de Luize foi o cuidado com mulheres e encontrou na assistência social a oportunidade de se dedicar à causa. Ela conta que já teve experiências hospitalares, em centros de referência de assistência social, além de atuar no Conselho das Comunidades Negras e Quilombolas.
“Me formei em Serviço Social, sou apaixonada pela minha profissão, mas hoje eu digo que me encontrei. Sempre tive essa paixão por lutar pelas mulheres, por um feminismo de uma maneira muito saudável, sem estar ligada a nenhum tipo de política partidária. E hoje estou na Secretaria de Políticas para Mulheres. É uma secretaria nova, só tem dois anos, estamos construindo a história em defesa, proteção e acolhimento das mulheres – e não só as vítimas de violência doméstica”, explica.
Mensagem
Em entrevista ao Acorda Cidade, Luize Arapiraca contou como sua experiência em trabalhos com mulheres e em grandes ambientes corporativos a desafiou a se valorizar.
“Geralmente as pessoas que mais nos subestimam são os homens, e se posicionar diante do machismo que vem de uma construção histórica não é fácil. Se a gente não tiver jogo de cintura, a gente vai brigar todos os dias”, expressa.
Ademais, a feirense compartilhou algumas opiniões para mulheres de diversas esferas.
“O conselho que eu dou é a sabedoria, você tem que ter conhecimento porque assim, você termina se defendendo sem precisar de nenhum tipo de agressão. E termina desmistificando essa ideia de que a mulher não é boa em determinados setores. Se você tem certeza daquilo que faz e se você se admira, e admira o que executa, você tem conhecimento suficiente. Seja criativa. Jamais permita ser desrespeitada, se você perceber que seus valores não estão sendo respeitados, recue. O respeito é a base de todo relacionamento”, conclui a assistente social.
Empreendimento
Ganhadora de prêmios, Luize sempre teve vontade de ter o empreendimento. ‘Gostava do ramo de moda, mas não queria ser mais uma na cidade’. Em lua de mel, em Veneza, aproveitou um jantar e teve a ideia ‘vou levar um lugar desse para Feira’ e assim inaugurou o bistrô em 2021. Após este período, em cerca de 1 ano de empreendimento, foi contemplada com o prêmio The Winner, do International Business Institute (IBI), além de um reconhecimento de galardão no Panamá. Nesta última, percebeu a presença ainda tímida de mulheres em destaque, mas relatou que todas eram respeitadas.
“São poucas mas são respeitadas. Eu falei 28 minutos e ninguém se cansou, achei que iriam pedir para cortar, mas não. Sobretudo quando eu trouxe que sozinho ninguém faz nada’, comentou a idealizadora do bistrô.
Desafios
A servidora pública e empresária relatou que passou por momentos delicados em meio à realização do sonho. Enquanto idealizava e construía o bistrô, pelo qual é reconhecida internacionalmente, perdeu a maior sua apoiadora, sua mãe.
“Tiveram momentos em que me faltou força, mas não fé. Queria muito que minha mãe estivesse na inauguração. Sempre fomos ela e eu. Ela me teve aos 42 anos, não tinha um pulmão, então a expectativa que eu sobrevivesse era muito pouca. Ela era meu exemplo de mulher guerreira”, encerrou Luize Arapiraca.
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