Para alguns, como Dilma Melo, criar composições, combinar cores, estilos até ter o desejado ‘look’ ao próprio gosto, é uma forma de expressão. A liberdade e autonomia criativa fazem parte de como se mostrar ao mundo através de peças. Seja em pegar a ‘primeira roupa que encontra no cabide’ ou passar horas analisando estampas, vestir-se não deve ser um momento de constrangimento. Porém, com padronizações de moda e beleza, modelos e peças alvos de desejo vem sendo, historicamente, ofertados a determinados números de manequim.
Neste sentido, a moda conhecida como plus size une esforços para que corpos com medidas a partir do 46 tenham as mesmas oportunidades básicas de conforto e modelagem. Este é um dos objetivos de Dilma Melo, de 40 anos, feirense e empreendedora do ramo que, segundo a Associação Brasil Plus Size (ABPS), em pesquisa de 2022, movimenta cerca de R$9,6 bilhões por ano.
Desejo de empreender e necessidade
Dilma conta que, desde criança, foi envolvida com vendas. Ela passou a infância em contato com a mercearia que pertencia a seu pai. Mas o início do trajeto com a moda plus size surgiu devido à necessidade. A falta de opções de peças, estilo restrito, regras como listas de estampas ou cores a evitar se faziam empecilhos para o reforço da autoestima da feirense que, por isso, decidiu comprar roupas através da internet e vender o restante.
“Eu uso tamanho plus size e tinha muita dificuldade de encontrar, e comecei a comprar pela internet. O que dava em mim eu ficava, e o que não dava, eu acabava vendendo. Eu fazia Uefs [Universidade Estadual de Feira de Santana] e levava, eu levava para os locais em que eu trabalhava para vender e aí foi pegando”, explica.
‘Ser’ Plus Size?
Ela conta ainda que, além de uma classificação de roupas, muitas pessoas utilizam o termo como parte da identidade pessoal.
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“Ao pé da letra ‘tamanho grande’. Caiu no gosto da população de se reconhecer enquanto plus size, dizer ‘sou plus size’. Eu costumo dizer que eu uso moda plus size, tamanhos maiores, mas eu sou uma mulher que possui curvas. É gratificante se reconhecer como uma mulher que tem curvas, não precisa ser obesa para ter curvas, a mulher brasileira hoje tem perna, tem bumbum, tem barriga, muitas vezes ela precisa sim de uma forma maior. Ela precisa estar estilosa e confortável ao mesmo tempo”, comenta.
Além disso, Dilma reforça que a mulher deve vestir-se ao gosto e desejo de si mesma e discorda de conhecidas regras no mundo da moda.
“Ela tem que se vestir como ela quiser. Fugir dos padrões como ‘mulher gorda não pode vestir branco’, onde está escrito isso que o branco engorda? Quem foi que criou que o preto emagrece? Hoje a maioria do meu público está diminuindo consideravelmente o uso de roupa preta, eles têm que vestir o que elas quiserem, o que apresenta satisfação para elas”, argumenta.
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