Rachel Pinto
É comum ouvir a frase que Feira de Santana é a cidade do puxadinho ou que é uma cidade sem planejamento. Essas afirmações geralmente são baseadas em exemplos reais relacionados á história e ao próprio desenvolvimento da cidade ao longo dos anos. O podcast ‘Escuto Cá entre Nós’, entrevistou o professor universitário, engenheiro civil e mestre em arquitetura Allan Pimenta e ele opinou sobre o assunto.
Em um bate-papo esclarecedor e descontraído ele pontuou os principais problemas de planejamento da cidade e também de mobilidade urbana. O professor citou a importância da cidade ter um Plano Diretor participativo e informou que, em 2022, haverá a revisão do plano que foi feito em 2018. Para ele, a elaboração de tal documento tem que envolver toda a sociedade e ser munida o máximo possível de estudos técnicos e mapas.
“Todas as cidades com mais de 20 mil habitantes que fazem parte de regiões metropolitanas e regiões turísticas, que fazem parte de conurbações, todas essas cidades, por lei, têm que ter um plano diretor, que é o que dirige, que dita as regras do desenvolvimento urbano e que está ligado à lei de uso e ocupação do solo, que assim como o plano diretor, tem que dizer quais são os recursos, quais são as zonas de desenvolvimento preferenciais, para onde a cidade vai crescer, com as principais vias que a cidade vai criar, alargar, mais prédios, residências e tudo isso influencia o desenvolvimento da mobilidade urbana. Porque uma cidade bem planejada dentro dos princípios unbanísticos faz com que a gente tenha o desenvolvimento mais sustentável com a melhor mobilidade urbana. Esse é o papel do plano diretor. Feira fez em 2018 e vai revisar em 2022. Ele tem que ser participativo e ouvir a população. Feira de Santana tem potencial de nessa revisão ter essa participação popular”, explicou.
Durante a entrevista, Allan Pimenta pontuou também sobre as discussões de criação de um segundo Anel de Contorno na cidade e também a estrutura de locais, como a Avenida Artêmia Pires e a construção de viadutos e da estrada que liga o Aeroporto à Mantiba.
Para ele, o segundo Anel de Contorno que é mencionado no Plano Diretor de 2018 é uma obra que pode ser importante para a mobilidade urbana no sentido de evitar congestionamento do trânsito. Com a criação de um novo anel, o antigo, que é federal, passa a ser municipal e assim o município pode criar melhores alternativas para desenvolvê-lo como uma avenida arterial, com transporte público, recuo menor e construção de comércios.
Sobre a construção e duplicação dos viadutos, o professor analisa que nenhum deles está mencionado no planto diretor e são feitos a partir de decisões políticas.
“Nenhum deles está em um Plano Diretor. São feitos por decisões políticas e são obras eleitoreiras. Não têm um planejamento adequado nesse sentido. A gente vê que eles não são feitos com base em estudo de tráfego, fluxo, que eliminem o congestionamento. Nenhuma cidade no mundo resolveu mobilidade urbana construindo viaduto. Eles acabam piorando, os motoristas que usavam outras rotas passam a usar a rota que foi melhorada”, afirmou.
O professor considera que, assim como os viadutos, a construção de avenidas sem planejamento, como a Avenida Artêmia Pires, a estrada do Aeroporto à Mantiba, busca atender às especulações imobiliárias e interesses de empresários e construtoras. Ouça o podcast e confira na íntegra todo o assunto discutido.