Feira de Santana

Feira de Santana realiza V Conferência Territorial dos Direitos da Pessoa com Deficiência 

Uma das contribuições que a sociedade pode fazer é realizar o cumprimento das leis das pessoas com deficiência, explica professor.

Reinanldo Maia - V Conferência Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência Territorial do Portal do Sertão - ft Ed santos acorda cidade1
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Nesta sexta-feira (8), foi realizada no Polo Unifacs, em Feira de Santana, a V Conferência Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência Territorial do Portal do Sertão. Por toda a Bahia, foram 27 plenárias com o propósito de discutir o cenário atual e o futuro da implementação dos direitos das Pessoas com Deficiência (PCD) na construção de um país mais inclusivo. 

Políticas públicas estão sendo elaboradas em torno de cinco eixos. As estratégias para manter e aprimorar o controle social assegurando a participação das pessoas com deficiência; a garantia do acesso dessas pessoas às políticas públicas e avaliação biopsicossocial unificada; financiamento da promoção de direitos das PCDs; cidadania e acessibilidade, além dos desafios para a comunicação universal.

Ao Acorda Cidade, o presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Reinaldo Maia, explicou que através dos temas discutidos, três propostas para cada eixo serão criadas e encaminhadas para a Conferência Estadual que será em julho, em Salvador.

Reinanldo Maia - V Conferência Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência Territorial do Portal do Sertão - ft Ed santos acorda cidade1
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Reinaldo destacou sobre os impactos que serão gerados sobre os direitos das PCDs, e pontuou que essa V Conferência, tem como objetivo mostrar às autoridades o abandono das políticas públicas para as pessoas.

“Quando você fala do controle social, você vai ver as dificuldades que as PCDs têm de viver em seus municípios por conta das políticas públicas que não são efetivadas. Quando partimos para falar do biopsicossocial, estamos vivendo uma análise médica que não contempla a condição da pessoa. Atualmente não existe um fundo nacional para o PCD, como o fundo da criança e do adolescente, por isso muitos municípios estão abandonados, sem política, sem nada, porque não tem um financiamento para políticas públicas da pessoa com deficiência”, pontuou.

Reinanldo Maia - V Conferência Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência Territorial do Portal do Sertão - ft Ed santos acorda cidade1
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Participaram da Conferência, representantes do Conselho Municipal, gestores e pessoas com deficiência.

O presidente ainda salientou que a cidadania das PCDs é negada quando os direitos básicos de acessibilidade não são garantidos, nem respeitados, como o direito de ir e vir sem barreiras arquitetônicas que não permitem essa ação.

Segundo Reinaldo Maria, a comunicação também é negligenciada quando a categoria se depara com a falta de intérprete de libras para a pessoa surda, a ausência de recursos em braile para a pessoa com deficiência visual, para ele, não há uma comunicação que impacte os direitos de informação dessas pessoas.

“As perspectivas é que esse debate chegue às autoridades, ao governo do estado, eles precisam nos ouvir, ouvir a pessoa com deficiência. O governador Rui não nos ouviu, agora o governador Jerônimo disse que tem um olhar diferente, mas nós solicitamos uma audiência no início do ano e até hoje não nos atendeu. Precisamos que eles nos atenda para ouvir as PCDs, porque tudo para nós tem que ser conosco”, ressaltou.

De acordo com Reinaldo, que é professor formado em pedagogia, uma das melhores contribuições que a sociedade pode fazer é realizar o cumprimento das leis das pessoas com deficiência. 

“O Brasil tem ótimas leis de PCDs, tem a LBI, que é a Lei Brasileira de Inclusão que não se cumpre. Você vai ao banco pegar uma fila preferencial que tem que ter, tem que haver duas filas. Se cumprindo as leis, se cumpre a política da pessoa com deficiência”, explicou. 

As tecnologias assistivas já é uma realidade em todo mundo, são recursos que podem melhorar a acessibilidade das PCDs em dispositivos, como computadores. Teclados em braile, mouses adaptados, bola de comando, programas de ampliação das telas e a luta virtual são alguns exemplos que vão além dos dispositivos e devem chegar em todas as esferas da sociedade. Reinando explicou mais sobre o real significado do termo.

“A tecnologia assistiva é tudo para a pessoa com deficiência, ele tem a comunicação, as tecnologias de acessibilidade, tem tudo porque a tecnologia permite, mas cadê que eles têm acesso, porque são produtos caríssimos que não há como todos adquirirem, nem comprar”, avaliou.

Conforme o presidente, os financiamentos que os governos disponibilizados impediram os PCDs de adquirirem celulares, equipamento esse que é de grande importância para a comunicação das pessoas. 

“Eles acham que um celular é uma tecnologia que a gente não usa, mas sim, há acessibilidade dentro de um celular que garante uma comunicação muito ampla. Precisamos que ao invés das pessoas dizerem o que a gente deve comprar, quem tem que falar o que a gente precisa somos nós, porque sabemos o que serve para nos atender”, pontuou. 

Reinaldo, que é presidente do Conselho Municipal e vice-presidente do Conselho Estadual, tem deficiência visual. Ele contou que nasceu com glaucoma congênito, o que afetou sua visão desde a infância. Atualmente, ele segue lutando pela garantia dos direitos das Pessoas com Deficiência. 

“Sou funcionário público, professor do município de Feira de Santana, formado em pedagogia com pós em sala de recursos, também sou radialista profissional, tive a honra de trabalhar na Rádio Sociedade de Feira e também sou pessoa com deficiência que faço valer os meus direitos, brigo por eles e pelas pessoas do meu estado, porque eu tenho essa obrigação de servir os meus colegas”, ressaltou. 

Durante a Conferência, delegados serão escolhidos para representar durante a etapa estadual. Após a encontro estadual, em Salvador, o resultado será encaminhado para Brasília, para ser discutido e avaliado no âmbito federal.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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