Para celebrar os 191 anos de emancipação política de Feira de Santana, foi realizada nesta quarta-feira (18), uma palestra com a presença dos três ex-reitores da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) no Casarão dos Olhos D’água, um espaço importante que marca o nascimento do município. O evento faz parte do calendário de atividades da Academia de Educação de Feira, que realiza, toda terceira quarta-feira do mês, um encontro no museu. Nesta edição, o convidado especial foi o Dr. João Batista de Cerqueira, fundador do curso de Medicina da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).
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Participaram do encontro os ex-reitores Yara Cunha, Josué Melo e Anaci Paim, que hoje é atual secretária municipal de Educação e que abordou atualizações importantes sobre o desenvolvimento da saúde no município, destacando os avanços do curso de Medicina da Uefs.
Em entrevista ao Acorda Cidade, Yara Cunha, que trabalhou na Uefs de 1987 a 1991, ressaltou a importância do curso para o desenvolvimento da oferta de saúde no município.
“Demonstrou o avanço científico e o avanço no cuidado com a saúde com a implantação do curso de Medicina e os frutos que esse curso trouxe. Hoje, Feira de Santana se considera um polo de saúde. É para cá que os municípios mais distantes vêm antes de chegar a Salvador, pela qualidade que ele alcançou. E tudo isso graças a essa iniciativa, essa conquista do curso de Medicina”.
Yara foi gestora da instituição no primeiro governo logo após a ditadura militar. Ela relembrou momentos difíceis que viveu durante esse período.
“Eu fui condenada por minha atividade política, passei oito meses numa prisão e fui vítima da ditadura. Eu tinha um filho com dois anos e oito meses quando fui para a prisão. Então, fiquei afastada dele por oito meses. Foi muito difícil. Hoje, o país está polarizado, e isso não é bom. É sempre bom a gente lembrar que ditadura nunca mais, seja ela de que lado for”.
A reunião ordinária da Academia de Educação de Feira contou ainda com a presença do presidente da entidade, o professor José Raimundo Pereira de Azevedo, que abordou os avanços e desafios da educação.
Em entrevista ao Acorda Cidade, ele falou sobre as expectativas da entidade para o futuro da formação docente em Feira de Santana, além de suas contribuições para a educação no município.
“A Academia tem um papel preponderante nessa área, sobretudo porque entendemos que a formação do docente é de fundamental importância para a melhoria da qualidade da educação. Então, a Academia, ciente disso, sempre promove eventos que realmente ajudam a trazer melhorias nessa área. Você sabe a importância de um curso como esse para Feira de Santana e a qualidade deste curso”.
José destacou o desenvolvimento da educação no município desde a criação da Escola Normal de Feira de Santana, passando pelo ginásio Santanópolis e a Uefs, que foi de extrema relevância para o crescimento da cidade.
“Para melhorar a qualidade da educação, não se trata apenas de infraestrutura. Embora a infraestrutura em Feira de Santana tenha melhorado, tanto no estado quanto no município, é preciso, sobretudo, preparar e qualificar o docente. Como eu dizia, acredito que passamos por três áreas importantes: infraestrutura, qualificação docente e melhoria também através de um plano de salários. Fizemos isso em 1994, com a Lei 01-94, mas ela precisa ser aprimorada”, avaliou o presidente.
O ex-reitor da Uefs, professor Josué Melo, também destacou ao Acorda Cidade os significativos avanços que Feira de Santana experimentou após a implementação de cursos como o de Medicina e Odontologia.
“Já são mais de 400 médicos atuando em Feira de Santana, formados por esse curso. Um curso de qualidade, gratuito e público, que atende a juventude, principalmente de Feira de Santana. Portanto, é uma forma muito positiva de comemorar os 191 anos de emancipação de Feira de Santana. A Uefs, com seu exemplo e contribuição, não apenas na área de saúde, mas também com seus demais cursos, vem contribuindo para a transformação de nossa sociedade. Sentimos que temos muitos desafios pela frente. Faltam nove anos para celebrarmos dois séculos de emancipação de Feira. E vale a pergunta: que Feira queremos no seu segundo centenário?”.
O professor também destacou a necessidade de avanços na área da educação, propondo a implementação de uma universidade federal na cidade. É importante lembrar que Feira já dispõe de um campus da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, o Cetens (Centro de Ciência e Tecnologia em Energia e Sustentabilidade), mas ainda é preciso fortalecer essas instituições e abrir novos espaços educacionais.
“Eu acho que Feira precisa hoje de uma universidade federal. Já temos a universidade estadual, mas as instituições particulares não conseguem atender aos desafios dessa nossa Feira de Santana, a maior cidade do interior do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul do país. É a maior cidade do interior em quatro regiões do país e maior que nove capitais. Uma cidade que tem sede de progresso, de avanço”.
Dr. João Batista, fundador do curso de Medicina da Uefs, também falou ao Acorda Cidade. Ele foi o convidado especial para abordar o desenvolvimento da saúde em Feira de Santana por meio da implementação do curso de Medicina.
“O curso de Medicina é um marco para Feira de Santana, um marco da educação médica. Tivemos a missão, que Deus nos reservou, de idealizá-lo, e o curso já conseguiu formar ao longo desses anos um total de 440 profissionais que estão atuando em Feira de Santana, seja na assistência, na docência ou na administração”.
João Batista destacou a parceria com unidades de saúde da cidade, como o Hospital Dom Pedro de Alcântara e o Hospital Geral Clériston Andrade, fundamentais para a especialização dos alunos.
O professor também apontou os desafios que a educação médica ainda enfrenta, especialmente no curso de Medicina da Uefs. Segundo ele, é preciso alcançar sonhos que ficaram no papel no início do projeto do curso.
“É um sonho termos o prédio próprio do curso de Medicina, o departamento de Medicina da Uefs e nosso hospital universitário. Isso fazia parte do projeto inicial, mas, infelizmente, foi deixado de lado para viabilizar o processo de aprovação. No entanto, ainda é um sonho ter o hospital universitário, o departamento de Medicina, um prédio próprio para o curso e, claro, aumentar o número de vagas para podermos formar mais médicos para atender à nossa comunidade”.
Citando exemplos de sucesso formados pela Uefs na área de Medicina, João Batista destacou os profissionais que hoje dão retorno à sociedade feirense.
“Daniel Fioravanti, cirurgião cardiovascular, fez sua residência médica no Hospital Dom Pedro de Alcântara, formado em nossa universidade. Ele e sua família têm uma forte ligação com Feira de Santana e dão uma grande contribuição na área assistencial e de educação médica. Destaco também a diretora médica do Hospital Clériston Andrade, doutora Helvia Fagundes, egressa da nossa universidade, que ocupa a direção médica com muita alegria para nós. No campo educacional, cito o retorno da aluna Aline Silva, que hoje é docente da nossa universidade. Temos alunos bem formados, graças a Deus, ocupando cargos de destaque, seja na docência, como Aline Silva ou em outras áreas”.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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