Gabriel Gonçalves
Durante a sessão ordinária, na manhã desta quarta-feira (14), na Câmara Municipal de Feira de Santana, o presidente da Federação Nacional do Culto Afrobrasileiro (Fenacab), Vicente Santos, se mostrou preocupado com algumas atitudes e expressões que estão sendo utilizadas dentro da Casa da Cidadania.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o presidente destacou que essas ações não deveriam estar acontecendo, principalmente porque se tornam um processo doentio, podendo 'machucar' pessoas.
"Eu tenho uma grande preocupação, porque esta situação está acontecendo aqui dentro da Câmara Municipal de Feira de Santana, a Casa da Cidadania, e não deveria acontecer. Este é um processo que se torna doentio, é um processo que termina machucando pessoas, seres humanos, e hoje estamos vivendo em situação de pandemia, na qual deve ser direcionada toda e qualquer discussão para este processo", disse.
Ainda segundo Vicente Santos, a sua presença na Câmara de Vereadores foi para defender o público que sofre com todas as intolerâncias e afirmou que a Casa da Cidadania deveria ser um espaço laico.
"Feira de Santana é uma cidade preta e você traz uma discussão dessa natureza para dentro de uma Câmara Municipal e ainda com uma pessoa que também é preta, externa-se de maneira preconceituosa, racista, traz também o processo de intolerância religiosa. Vivemos em um país laico e o que tem ocorrido o tempo inteiro é uma problemática, que faz com que as pessoas que tenham alguma outra situação para resolver, tenham que sair daqui para defender a nossa categoria. Estou hoje para defender meu povo, meu povo do Candomblé, que sofre e que tem sofrido problemas com estes processos. Acho que já tem que dar um basta nisso, precisamos fazer uma reformulação nessa constituição, se não for assim e tiver pessoas que saibam discutir de forma plural, iremos a todo tempo ter essas novas discussões, falas racistas, homofóbicas e intolerantes", afirmou.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Segundo o presidente da Fenacab, atualmente a Câmara de Vereadores é composta por políticos que possuem a capacidade de discutir os assuntos. Segundo ele, são pessoas com 'pluralidade diferente'.
"Hoje, graças a Deus, estamos com uma parte de vereadores que dá para você discutir. São pessoas que têm uma pluralidade diferente. Hoje no Brasil inteiro, com a questão da pandemia, deveria ser mais voltado a isso, porque as periferias estão sofrendo, o povo periférico está sofrendo com a fome, era isso que deveria ser discutido aqui", concluiu.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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