Feira de Santana

'Eu me senti um lixo, ter a minha privacidade invadida, ter todo o meu dinheiro roubado', diz professora que foi vítima de golpe

Diomara Mattos também foi procurar a gerente do cinema para que pudesse olhar as câmeras da área e foi dito à professora que as câmeras estão sem funcionar.

complexo de delegacias do Sobradinho foto Aldo Matos Acorda Cidade
Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade

Diomara Cristina Mattos Veiga, uma professora aposentada de 53 anos, natural de Feira de Santana, passou por um incidente traumático no último sábado, dia 3 de junho, no Shopping Boulevard. O ocorrido serve como alerta:

Enquanto esperava na fila da pipoca do cinema com seu filho e sobrinho, um tumulto ocorreu nas proximidades e Diomara ofereceu ajuda. No entanto, ela não imaginava que esse momento de distração seria aproveitado por golpistas para roubar seus pertences.

Os golpistas conseguiram sacar todo o seu salário, além do limite do cheque especial. Ao Acorda Cidade, Diomara explicou todos os detalhes do ocorrido.

“Estávamos eu, meu filho e meu sobrinho, comprei os ingressos para o cinema, nos dirigimos até a fila da pipoca. Lá na fila da pipoca surgiu uma situação, um princípio de tumulto, eu fui tentar auxiliar na hora do tumulto quem estava precisando de suporte, e depois segui normalmente, retornei para casa, fui até a padaria, e ao chegar em casa, que eu fui desocupar a bolsinha pequena que eu estava, tipo capanga, pendurada em frente ao meu corpo, e quando fui desocupá-la para colocar as coisas de volta em uma bolsa maior, eu dei pela falta do porta documentos do meu filho, contendo documento de identidade, CPF, os cartões do plano de saúde dele, a carteira de vacinação e o meu cartão do banco, o cartão da conta corrente. A minha reação foi entrar no carro, deixei os meninos em casa com a minha mãe que é portadora de Alzheimer, deixei eles tomando conta de minha mãe, e retornei ao Shopping, me dirigi até a parte do cinema, e como já tinha começado uma nova sessão eu não pude ter acesso à sala de cinema para verificar se tinha caído lá, me encaminharam para a bilheteria para ver se alguém tinha encontrado e entregue; da bilheteria me encaminharam para o Achados e Perdidos, lá também não havia sido entregue e em nenhum momento a funcionária do Achados e Perdidos me orientou sobre a necessidade de registrar a Ocorrência lá no Shopping. A orientação que me deram no setor foi para que eu retornasse no domingo ao meio-dia para verificar se o pessoal que faz a limpeza no cinema tinha encontrado os meus pertences e teria entregue lá, eu agradeci e saí”, contou.

A preocupação de Diomara era que todo seu salário do mês estava em sua conta, mas como o seu cartão necessitava de senha, isso a tranquilizou. No entanto, ao abrir o aplicativo do banco, Diomara descobriu que os criminosos conseguiram sacar tudo.

“No momento eu me desesperei, eu fiquei nervosa, eu comecei a chorar. Eu estava sozinha quando eu retornei ao Shopping, eu tive mal-estar, enjoo, uma dor muito forte abdominal e aí liguei para meu irmão mais novo, que é policial militar, ele me disse para eu me manter calma e fosse até a casa dele para ele me acompanhar até a delegacia. Lá eu registrei a ocorrência, tentei o tempo todo bloquear o cartão pelo aplicativo, e não consegui, na delegacia me orientaram que no caixa eletrônico eu conseguiria fui até o caixa, fiz todo procedimento, e apareceu a mensagem que meu cartão estava cancelado. Ontem fui até o banco, o funcionário do banco muito arrogante, fiquei muito nervosa, porque ele deu a entender que eu tinha criado aquela situação para extorquir o banco”, disse.

Compras realizadas

No extrato do cartão apareceu uns três ou quatro nomes diferentes de pessoas físicas, comentou.

“Fui ao Shopping com meu irmão, na tentativa de buscarmos esses nomes fantasia, pela razão social o Shopping me informaria, para que eu pudesse me dirigir até as lojas e tentasse conseguir alguma coisa. O Shopping disse que só liberava essas informações com ordem judicial. No sábado, depois que minha ficha caiu, que eu tinha sido roubada, que tinham limpado a minha conta, eu procurei um dos prepostos do Shopping, um daqueles seguranças que ficam fardados, e não encontrei ninguém que pudesse me dá um encaminhamento, um suporte, absolutamente nada. Hoje ao procurar o Achados e Perdidos novamente um funcionário me perguntou se eu tinha registrado o Ocorrido lá no Shopping e eu disse que não tinha recebido nenhuma orientação nesse sentido”, destacou.

Câmeras sem funcionar

Diomara também foi procurar a gerente do cinema para que pudesse olhar as câmeras da área e foi dito à professora que as câmeras da área do cinema estão todas sem funcionar.

“E um outro funcionário me relatou que o Shopping se isenta da responsabilidade do que acontece com o cliente dentro do Shopping e aí é complicado, você se torna vulnerável em todos os sentidos, eu me senti um lixo, ter a minha privacidade invadida, ter todo o meu dinheiro roubado, fiquei indignada, porque eu sou correntista do banco há mais de 30 anos e o banco tinha noção da movimentação que eu tenho na minha conta, viu que não tinha sentido, em um sábado, no fim de semana, meio de tarde para início de noite, eu fazer uma movimentação daquela, ao mesmo tempo, e não ter bloqueado, não ter entrado em contato comigo em nenhum momento, para sinalizar nada, simplesmente foi liberando, liberou todas as compras e eu tive um prejuízo total de R$ 6.405,00 mais o limite do cheque especial e o que eu nesse momento gostaria de reivindicar é que o Shopping seja responsabilizado sim. Hoje ao retornar ao Shopping a gerente do cinema me informou que teve uma situação de tumulto também na praça de alimentação, me informou que teve gente ferida, roubada, mas o Shopping não divulgou nada disso para a imprensa. Você sai para se divertir, fazer uma higiene mental e volta com esse transtorno”, lamentou.

A vítima frisou que não sabe como essa situação irá se resolver e informou que o funcionário do banco disse que o banco não irá estornar o valor perdido.

“Porque não vai ficar comprovado de que foi problema no sistema do banco, e a gente fica vulnerável. Eu não sei como isso aconteceu, eu não sei se não hora que eu comprei os ingressos do cinema já estavam por trás de mim visualizando quando eu digitei a senha. Porque todas as compras feitas no meu cartão, após o roubo, foram feitas com débitos em conta. Uma compra no valor de R$4.000, uma de R$ 1.000, duas de R$ 150,00, uma de R$ 200,00 e um saque no Banco 24h de R$ 350,00. No momento da minha compra do ingresso, até a última operação efetivada pelo ladrão, demorou menos de 30 minutos”, explicou Diomara Mattos.

O Acorda Cidade entrou em contato com o Boulevard Shopping o qual informou que não recebeu “nenhum registro do ocorrido na área interna de uma de suas lojas, mas que está a disposição das autoridades para apoiar nas investigações”.

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