Foi realizada na manhã desta quinta-feira (9), na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana, localizada no bairro Barroquinha, uma reunião com diversos representantes, para discutir um tema que assusta a zona rural do município, a estiagem.
Diante do cenário alarmante, no dia 15 de outubro de 2024, a prefeitura decretou situação de emergência por conta da seca. O decreto está em vigor por 180 dias, ou seja, segue até o mês de abril.
📲 😎SEJA VIP: Siga o canal do Acorda Cidade no WhatsApp e receba as principais notícias do dia.
Com esta determinação, o decreto autoriza a mobilização de todos os órgãos municipais para atuarem sob a coordenação da Defesa Civil nas ações de resposta à situação, reabilitação do cenário e reconstrução das áreas atingidas.
Em entrevista ao Acorda Cidade, a presidente do sindicato, Adriana Lima declarou que muitos agricultores estão vivendo em situação de calamidade, já que além da falta da chuva, não há plantio e muitos animais não estão sobrevivendo com a seca.
“O papel do sindicato é lutar e representar, conhecer a realidade de vida. Desde o ano passado que estamos vivendo momentos difíceis com estiagens em nosso município. Teve o período do inverno, mas não houve chuva suficiente para o plantio, sendo que teve comunidades que nem sequer plantação teve, por conta da ausência da chuva. A gente vem enfrentando os momentos difíceis, existe um decreto por parte do município, mas nada para amenizar a situação, ou seja, nós estamos cada dia que passa, convivendo com esta situação da estiagem. Isso aumenta o sofrimento das famílias, assim como dos animais e, por isso, que tivemos a iniciativa de chamar as entidades, o poder público municipal, estado, para estar evidenciando estas situações que são dolorosas. A partir deste encontro, nós iremos encaminhar um documento para a prefeitura, para que ela possa nos ajudar. Muitas comunidades não possuem água encanada, precisamos de carro pipa, ração para animais, hoje por exemplo, você não pode ir no campo com a roupa verde, porque o animal entende que é lavoura”, citou.
A presidente do Movimento de Organização Comunitária (MOC), Conceição Borges, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, também esteve presente na reunião. Ao Acorda Cidade, ela relembrou dos projetos que foram prometidos ainda na gestão passada, mas não foram cumpridos.
“Feira de Santana vem sofrendo com a perda da safra há mais de cinco anos. A gente teve queda na produção no ano de 2024, foi o ano mais difícil porque as chuvas que chegaram, não foram suficientes para garantir a produção de alimentos, de outubro para cá, não tivemos nenhuma chuva em nosso município e isso comprometeu todas as nossas safras, como caju, manga, acerola. Sobre o município, a única coisa que o ex-prefeito fez, foi retirar os recursos que eram destinados para a agricultura e investir em outras áreas. Fazemos desde já, um apelo para o prefeito José Ronaldo que tomou posse há pouco tempo, que possa se unir com o estado, estamos em um decreto emergencial, precisamos de coisas urgentes, estamos em pleno janeiro, em pleno verão com esperança de chuva”, comentou.
O secretário interino da Secretaria de Agricultura, Recursos Hídricos e Desenvolvimento Rural (Seagri), Osvaldo Torres também participou da reunião. Segundo ele, o objetivo neste momento, é colher todas as informações para estudar soluções e encaminhar para o poder executivo.
“O nosso papel aqui é tomar conhecimento. Hoje o governo tem seis dias úteis que iniciou com seus trabalhos, mas independentemente, nós temos a ciência que estamos passando por uma estiagem muito severa. Nossos distritos, nossa zona rural está sendo muito castigada, então o prefeito nos designou para ouvir todos os reclames com todos os representantes, entidades, produtores da agricultura familiar e assim, levar ao nosso prefeito, assim como a Secretaria de Meio Ambiente, porque hoje não se trata apenas de Secretaria de Agricultura. O problema da seca vai existir, inclusive com esta questão ambiental que estamos observando, vamos ter que conviver com a seca, mas precisamos de tecnologia e um bom manejo de forma emergencial”, disse.
Representando a Defesa Civil, o engenheiro Antônio José informou que muitos recursos estão sendo disponibilizados por conta do decreto de Situação de Emergência da Seca.
“Nós já temos vários mecanismos dentro do município de atendimento ao homem e a mulher do campo, a exemplo de um plano que foi criado pela Secretaria de Agricultura que está em andamento. Dentro da Defesa Civil, por exemplo, a gente já tem buscado recursos porque a gente está em vigência com o decreto de Situação de Emergência e, através desse decreto, que a gente buscar junto ao governo federal os recursos, ao exemplo dos carros-pipa do Exército Brasileiro”, explicou.
O vereador Jurandy Carvalho (PSDB) também reforçou algumas ações que devem ser feitas na zona rural, como forma de amenizar o sofrimento dos agricultores.
“Eu sou morador da zona rural há 50 anos e durante este período, a gente aprendeu a conviver com a seca, e não vamos acabar com ela. Precisamos criar mecanismos de convivência e quais são eles? A limpeza das aguadas, há muito tempo que na zona rural não se faz uma limpeza das aguadas, além disso, precisamos ter a construção de tanques, mas não são estes de 500 litros, mil litros, estou falando de 20 mil litros de água, para que aquele agricultor tenha uma reserva para cerca de quatro, cinco meses em casa e isso não é caro para o município nem para o estado. Precisamos de um preparamento do solo, a gente tem uma deficitária muito grande, perdemos mais de 70% do poder produtivo, precisamos de uma assistência maior em nossa zona rural, até mesmo, oferecendo recursos para o agricultor, para que ele possa cultivar o solo da forma correta”, sinalizou o vereador.
Morador do distrito de Maria Quitéria, o agricultor Eduardo Pereira comentou com a reportagem do Acorda Cidade que um dos problemas também causadores da seca na região, é o desmatamento.
“O desmatamento está causando tudo isso, mas não é só aqui no distrito de Maria Quitéria, é na Bahia toda, além disso, a falta de água. Todos os loteamentos que fazem parte do distrito, estão sem água há muito tempo e isso prejudica todo mundo, principalmente quem tem animal. Meu genro por exemplo, ele tem um carro aberto, bota os baldes no fundo para buscar água em outro local”, contou o agricultor.
Sônia Pereira de Jesus, também participou da reunião e é moradora da Comunidade Lagoa Grande, no distrito de Maria Quitéria. Segundo ela, alguns locais já existe água encanada, porém nada cai da torneira.
“A situação está caótica, principalmente a gente que cria animal, é uma calamidade pública terrível, não temos nem água. Até existe encanação da Embasa, mas a água não cai há três meses e o recibo chega, é muito sofrimento, os animais não estão resistindo. Minha plantação também está secando, tudo morrendo, sem água na cisterna”, lamentou.
Além da Defesa Civil, Câmara Municipal, Secretaria de Agricultura e MOC, estiveram presentes os representantes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Instituto Federal Baiano (IFBA), Secretaria Municipal de Meio Ambiente e da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab).
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
Leia também: Prefeitura de Feira de Santana decreta situação de emergência devido à estiagem
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram