Teve início na última segunda-feira (20) e segue até sábado (25), o evento “Com Ciências Negras, Ancestralidade, Cultura e Potências Quilombolas”, promovido pela Escola Municipal Quilombola Luiz Pereira dos Santos, que fica localizada no distrito de Maria Quitéria, em Feira de Santana.
As atividades fazem parte da comemoração pelo dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro.
Em entrevista ao Acorda Cidade, diretora da unidade escolar, Maria Moreira explicou como surgiu a iniciativa.
“O governo do estado através da agência de fomentos, lançou no edital, que é o Pop Ciências, e a escola se mostrou muito interessada em se inscrever neste edital. O que é que a gente fez? A gente lançou o projeto pensando no Novembro Negro, porque nós somos uma escola quilombola e pensamos na ciência para além da sala de aula e para além também do nosso laboratório de ciências. Inscrevemos o nosso projeto, fomos contemplados com este financiamento, este apoio do governo do estado e também da Prefeitura Municipal de Feira de Santana, estamos nesta semana riquíssima com este evento”, explicou.
Segundo a diretora, não é possível pensar em uma escola quilombola, sem a participação da comunidade, por este motivo, o evento é aberto ao público.
“É difícil a gente pensar em uma escola quilombola, sem pensar na comunidade. Neste pouco tempo que tenho de gestão, junto com a professora Gerusa, são apenas cinco meses, dizemos que ainda estamos engatinhando, mas ainda é difícil pensar nessa educação escolar quilombola, distante da comunidade, pois quando a gente pensa em uma comunidade quilombola, a gente vai pensar na ancestralidade, na cultura dentro do nosso território, assim como temos grandes potências e estamos aqui para valorizar neste evento. Então pensando nisso, o nosso evento, assim como acontece durante todo o ano letivo, nós mantivemos os portões abertos, para que a comunidade ande em parceria com a gente, é um evento para os estudantes, mas também um evento que traz a comunidade. Hoje por exemplo, vamos ter atendimento com o advogado Carlos Fonseca, que é da advocacia negra da OAB, ele irá realizar atendimentos direcionados para aposentadoria especial, além do PSF de São José que está aqui também”, pontuou.
O professor Josué Rocha, apresentou junto com os estudantes, maquetes simbolizando o Coronavírus. Segundo ele, esta foi uma forma de chamar a atenção para os casos que vem aumentando no estado da Bahia e especialmente, Feira de Santana.
“O objetivo é chamar a atenção da sociedade que o vírus ainda continua entre nós. E nós devemos tomar os devidos cuidados para que não se transforme em uma pandemia e aconteça a perda de vidas. Fiz esse trabalho com alunos do quarto ano do colégio, e eles fizeram uma maquete para poder expressar através da arte deles, como é que a sociedade precisa entender que esse vírus ainda continua circulando. Existem alguns casos em Feira que estão aumentando, principalmente no nosso estado, e nós devemos ficar atentos no tocante a esse vírus”, afirmou.
José Cassiano, mais conhecido com ‘Nem Capenga’, é morador da comunidade. Ao Acorda Cidade, ele parabenizou pela realização do evento representando a cultura e a história do povo negro.
“Vovô era escravizado, meu avô, Luiz Pereira do Santos, me criou, me pegou com três meses na mão do meu pai e com sete anos, meu pai foi me buscar e vovô não devolveu. Foi bom que ele me ajudou, eu ser esse ser compreensivo no Brasil. Sou conhecido no Brasil, na Bahia, e em Feira de Santana mais ainda, principalmente aqui na nossa comunidade de quilombola. Eu dei 10 para a apresentação dos alunos da nossa escola”, afirmou.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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